Não é uma daquelas notícias que seja obrigatória todos os meses, aconteceu tantas vezes nos últimos meses que quase deixou de ser “notícia”. À semelhança do que tinha acontecido em várias ocasiões, Pinto da Costa voltou a comprar ações da FC Porto SAD a 4 de janeiro (mais 2.740 por 1,25 euros) e no início da semana passada (1.350 a 1,23 euros), reforçando a posição que tem na sociedade. No entanto, sendo um movimento semelhante a outros que tem feito nos últimos anos, pode ter um contexto diferente agora investigado.
Segundo o Jornal Económico, a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) está a investigar essa última operação de 1 de fevereiro. Razão? Terá sido feita perto da apresentação de contas da SAD dos azuis e brancos, prometida para a próxima semana (neste caso, os resultados do primeiro semestre).
Como explica a publicação, os dirigentes desportivos das sociedades não podem comprar ações no período de 30 dias até à apresentação de resultados, o que configura um possível crime de Abuso de Mercado, que está enquadrado com uma coima de valor mínimo de 25 mil euros mas que pode ascender aos cinco milhões. O que pode “evitar” essa situação? Atirar as contas do primeiro semestre do exercício de 2023/24 só para o início de março, algo que acabaria por contradizer o recente anúncio feito pela SAD dos dragões.
Num comunicado que acabou por rever em baixa aquilo que tinha sido dito por Pinto da Costa no anúncio da recandidatura feito no Coliseu do Porto no passado domingo, mas que acaba por ir ao encontro do que antes tinha sido dito pelo líder dos portistas numa entrevista à SIC em novembro, o Conselho de Administração da SAD anunciou que “apesar das contas referentes ao primeiro semestre do exercício 2023/2024 estarem ainda em processo de revisão e auditoria, a sociedade prevê obter resultados consolidados do primeiro semestre de 2023/2024 francamente positivos”. “Na sequência destes resultados, aliados a outras operações, a Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD prevê melhorar substancialmente os capitais próprios a 31 de dezembro de 2023, antecipando que estes poderão ficar próximos de um montante positivo”, referiu a mesma missiva, que balizava o anúncio da informação ao mercado “para cerca do dia 15 de fevereiro”.
“Pela lei e pela CMVM não posso revelar mas dentro de uma ou duas semanas vamos apresentar um saldo de dezenas de milhões de euros e capitais próprios positivos. Explicámos que era uma estratégia para podermos resistir ao ataque que nos foi feito para levarem o Diogo Costa e o Pepê. Optámos por manter, sabendo que no final do ano estaria a situação invertida com capitais próprios positivos. Não me lembro nunca de ter tido um momento de desafogo financeiro”, referiu Pinto da Costa no domingo.
De referir ainda que, no Relatório e Contas consolidado da SAD do FC Porto relativo ao exercício 2022/23, Pinto da Costa surgia com um montante total de 343.993 ações, o que equivale a um total de 1,53% do capital social. Nas duas operações feitas em 2024, o líder portista investiu mais 5.085,50 euros para garantir mais 4.090 ações, sendo que em dezembro tinha feito mais transações que aumentam esse valor.