O diretor nacional da PSP determinou esta terça-feira a realização de um inquérito interno sobre as circunstâncias do protesto de agentes daquela polícia junto ao cineteatro Capitólio, em Lisboa, durante o debate eleitoral entre os lideres da AD e do PS.
“Tendo em conta o eventual envolvimento de polícias da PSP nesta ação não comunicada, o diretor nacional determinou a abertura de processo de inquérito à Inspeção da PSP, com o objetivo de apurar as circunstâncias em que decorreu o desfile e concentração junto ao Capitólio, confirmar a eventual participação de polícias da PSP no referido desfile e concentração, de forma a apurar eventual responsabilidade disciplinar, bem como a elaboração de auto de notícia a narrar estes factos, para ulterior remessa ao Ministério Público”, refere uma nota divulgada pela direção nacional da PSP. O Observador tinha noticiado que a PSP daria nota ao MP desta concentração.
PSP vai comunicar ao MP a concentração não autorizada de polícias junto ao Capitólio
Centenas de polícias concentraram-se na segunda-feira à noite junto ao Capitólio, num protesto espontâneo que não estava autorizado para aquele local, mas sim para a Praça do Comércio, tendo a Direção Nacional anunciado de seguida que enviou uma participação ao Ministério Público para averiguação sobre aquela ação, durante o debate entre os dois candidatos a primeiro-ministro nas legislativas de 10 de março.
Desfile “fora do quatro legal”
No mesmo documento, a Direção Nacional da PSP explica que para segunda-feira foi marcada e comunicada à Câmara Municipal de Lisboa uma manifestação na Praça do Comércio, em Lisboa, pela plataforma que representa os vários sindicatos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e associações socioprofissionais da Guarda Nacional Republicana (GNR), adiantando que a manifestação “decorreu sem qualquer incidente e dentro dos limites legais e com civismo”.
“Todavia, a determinada altura, fora do quadro legal que regula o direito à reunião e manifestação, uma parte dos manifestantes decidiu iniciar um desfile por várias artérias da cidade de Lisboa até à zona do Capitólio, onde se concentraram, desfile esse para o qual não existiu qualquer comunicação à Câmara Municipal de Lisboa (CML), obrigando ao corte inopinado de várias artérias da cidade”, refere a PSP.
A Polícia de Segurança Pública salienta que “o local final de concentração (junto ao cineteatro Capitólio), também não foi comunicado à CML, conforme obriga o atual quadro legal”.
O porta-voz da plataforma que junta os sindicatos da PSP e associações do GNR já disse esta terça-feira que a concentração espontânea junto ao Capitólio não põe em causa a legitimidade dos protestos e elogiou o comportamento dos polícias.
Também esta terça-feira, Luís Montenegro veio dizer que não se sentiu “intimidado” nem “cercado” pela manifestação, depois de no debate não ter criticado a ação dos polícias. “Sinceramente, eu pessoalmente não me senti nada intimidado, não me senti nada coagido, não me senti nada cercado, independentemente de, eventualmente, o percurso da manifestação não ter sido aquele que estava previamente acordado”, disse numa ação de campanha em Lisboa, assegurando também que à hora do debate não sabia se o local da manifestação era o que estava combinado.
Já Pedro Nuno Santos foi mais duro logo a abrir o debate: disse ter “toda a disponibilidade” para negociar com os polícias, mas recusou negociar “sob coação”.