A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, considerou este sábado que uma dos aspetos da “cavalgada da direita” e da “mutação política” destas eleições são os “rios de dinheiro que correm de cofres milionários” para partidos como Chega e IL.

Num discurso durante um almoço comício em Boliqueime, distrito de Faro, a líder do BE deixou avisos sobre as legislativas de 10 de março por considerar que esta é a “eleição mais disputada dos últimos anos e é também a eleição mais contaminada pela mentira e pelo ódio”.

“Mas há uma outra faceta desta cavalgada da direita, que é muito mais discreta, não sendo menos insidiosa por isso. São os rios de dinheiro, rios de dinheiro como nunca tínhamos visto que correm de cofres milionários para partidos da direita, incluindo do Chega e da Iniciativa Liberal”, criticou.

Mortágua recuperou o debate com André Ventura para afirmar que o líder do Chega não explicou “porque é que estava a falar da TAP na Assembleia da República, sem nunca dizer que recebia dinheiro dos acionistas privados” companhia aérea ou porque é que falou dos CTT “sem nunca dizer que recebia dinheiro dos acionistas privados” desta empresa.

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“E acrescentem o imobiliário, acrescentem a finança, acrescentem antigos agentes do Grupo Espírito Santo e do negócio de Vale de Lobo – que vocês bem conhecem – e têm o polvo de financiadores do Chega e da extrema-direita”, acusou.

Este polvo, de acordo com a líder bloquista, é o mesmo “que paga à IL”, um partido que teve na apresentação do seu programa eleitoral “a responsável e presidente dos maiores grupos de saúde privada para dizer que a saúde era o melhor negócio do século XXI”.

“A IL que recebeu dinheiro diretamente do presidente da EDP e que em dois anos dois empresários entregaram ao seu instituto de estudos uma quantia de 600 mil euros”, acrescentou ainda.

Segundo Mortágua, “o dinheiro jorra para os partidos clientelares” e os “milionários abriram a comporta para financiar os partidos da direita”.

“E este é um dos traços mais marcantes desta campanha e desta mutação política que estamos a viver”, enfatizou.

Sobre a “mentira e ódio” que vê nesta campanha, a líder do BE considerou que “Trump e Bolsonaro deram o exemplo e são imitados pela extrema-direita nacional”.

“Há outros que procuram os seus modelos em políticas de austeridade, em políticas de liberalização económica, mas todos – os liberais até dizer Chega, o Chega e toda a direita – querem exatamente a mesma coisa”, enfatizou.

Mortágua acusou estes partidos de quererem “captar o Estado para empresas de saúde, para entregar as cidades ao turismo, para fazer das cidades Disneylândias que servem para a especulação, que servem para quem não vive, mas são impossíveis para quem vive, para quem trabalha neste país e nesta região”.

BE quer recuperar mandato por Faro

Mariana Mortágua traçou ainda o objetivo de recuperar o mandato por Faro, que foi perdido nas últimas legislativas, considerando que se notou o efeito de o Algarve ter deixado “de ter deputados à esquerda”.

Mariana Mortágua discursava num almoço comício em Boliqueime, distrito de Faro, e deixou claro no final da sua intervenção que o BE quer eleger o eurodeputado José Gusmão e assim recuperar o deputado que perdeu nas eleições de 2022.

“O Algarve deixou de ter deputados à esquerda nas últimas eleições e esse efeito notou-se. A representação parlamentar ficou mal entregue aos partidos do bloco central e ao Chega”, criticou.

Considerando que os problemas da região se agravaram nestes anos e assegurando que o BE se manteve, mesmo sem deputado eleito, em todas as lutas pelo distrito, a coordenadora bloquista deixou evidente o objetivo de “voltar a ter um deputado do Bloco de Esquerda na Assembleia da República” eleito por Faro.

“Essa é a esquerda que vai constituir uma maioria social no país, que vai constituir uma maioria no parlamento para fazer a diferença, para ter as políticas que contam e o José Gusmão vai fazer parte dessa maioria que vai transformar este país no dia 10 de março”, disse.

Recorrendo ao mote de campanha, Mortágua defendeu que esta maioria “vai fazer o que nunca foi feito”.