Foi uma reação espontânea, que se fez realmente ouvir e que acabou por ser algo quase tão “anormal” como o resultado que ia sendo construído em campo. Com o FC Porto a ganhar por 4-0 e com menos um jogador no seguimento da expulsão de Nico Otamendi por acumulação de amarelos, os adeptos do Benfica acenderam dezenas de tochas vermelhas no setor destinado aos visitantes e foram cantando pelo clube, recordando o título de campeão que a equipa leva na camisola após o triunfo em 2022/23. Um dia não são dias e, apesar da exibição desastrosa que a equipa fazia no Dragão, ficava quase um sinal de solidariedade com a equipa que se fez ouvir e bem no Dragão, a ponto de Sérgio Conceição apontar para o símbolo enquanto olhava para as bancadas como que a pedir uma reação ao que acontecia. No entanto, nada apagava essa goleada. 

Galeno, o jogador de mão cheia que enche as medidas de Sérgio (a crónica do FC Porto-Benfica)

Depois da derrota para a Taça de Portugal em Alvalade frente ao Sporting, o Benfica somou pela primeira vez esta temporada um segundo desaire seguido e desta vez com números mais largos. Em 180 minutos contra os dois principais rivais no plano nacional, os encarnados sofreram sete golos, tantos como tinham consentido nos nove encontros anteriores. A par disso, e apenas em 90 minutos, viram Trubin encaixar um quarto dos golos sofridos que tem em 24 jornadas do Campeonato (20). Perante esses dados, e depois de uma das piores exibições da época, Rui Costa, presidente das águias, foi à zona mista lamentar o sucedido.

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“Este resultado não corresponde aos pergaminhos do nosso clube, aos objetivos do clube. É uma noite desastrosa para todos. Agradeço o apoio dos benfiquistas, do primeiro ao último minuto. Nem eles mereciam a derrota. Como presidente, assumo esta responsabilidade. Há que tirar muitas ilações, perceber o que aconteceu hoje. Não é para esquecer, é para perceber o que aconteceu. Estamos em todas as frentes. O Campeonato não se perdeu hoje. Temos de reagir na quinta-feira e é isso que vamos fazer”, começou por referir Rui Costa aos jornalistas, olhando já para a primeira mão dos oitavos da Liga Europa com o Rangers.

“Tenho de mostrar o orgulho dos benfiquistas que foi visto na bancada no jogo todo e, sobretudo, nos últimos dez minutos. O orgulho tem de ser sentido por toda a gente que veste esta camisola, por toda a gente que trabalha neste clube, a começar por mim, e a reagir na quinta-feira. É uma noite frustrante para os benfiquistas, para mim, jogadores e equipa técnica. É uma noite muito frustrante para todos os benfiquistas. As minhas desculpas por este dia”, acrescentou o presidente do clube, mais uma vez apontando para o autêntico festival que veio da zona dos adeptos visitantes mesmo com o encontro decidido.

Por fim, Rui Costa abordou também as declarações de Roger Schmidt na conferência de imprensa, quando referiu que não considerava necessário fazer um pedido de desculpas pelo “desastre” no Dragão, tendo em conta também aquilo que a equipa já mostrou noutros jogos. “Percebo a parte do treinador, o que ele diz tem lógica. Eu também fui jogador… Os jogadores, quando têm uma noite desastrada, não fazem de propósito para isso. Quem tem de pedir desculpas sou eu”, assumiu mais uma vez o líder dos encarnados.