“Vermin — A Praga”
O francês Sébastian Vanicek aposta no medo e na repulsa ancestral que o homem sente pelas aranhas, para, nesta sua primeira longa-metragem, tecer uma história de terror insectívoro passada num enorme prédio social de uma “cité” nos arredores de Paris. Um dos moradores, o jovem Kaleb, apaixonado por animais exóticos, leva para casa, sem o saber, uma aranha muito venenosa que se escapa da caixa em que a meteu e começa a reproduzir-se a toda a velocidade. E as aranhas são cada vez maiores. Recorrendo ao som e aos espaços acanhados e escurecidos do edifício para administrar a tensão, os arrepios e os sustos, e dando um toque “político” ao enredo no final, Vanicek assina uma raríssima série B deste subgénero que não vem dos EUA (recordemos O Reino das Tarântulas, de John “Bud” Cardos, ou Aracnofobia, de Frank Marshall).
“Shoshana — A Terra Prometida”
Na Palestina sob Mandato Britânico dos anos 30, Thomas Wilkin, um agente da polícia inglesa ali colocado para chefiar o combate as organizações terroristas sionistas que cometem atentados, envolve-se com Shoshana Borochov, uma jornalista pertencente ao movimento paramilitar Haganah, que não hostiliza os britânicos e defende uma linha de ação mais moderada. Mas o seu irmão milita no Lehi, ou Grupo Stern, liderado pelo implacável poeta Avraham Stern, que não hesita em sacrificar mulheres e crianças, se isso for útil à sua causa. A história de amor da modalidade Romeu e Julieta que está no centro do enredo é convencional e muito vista, e o interesse desta fita do prolífico e versátil Michael Winterbottom está todo na sua dimensão de thriller e no violento confronto entre ingleses e militantes sionistas, poucas vezes filmado.
“A Terra Prometida”
O outro filme cujo título também é A Terra Prometida e que, por coincidência, se estreia esta semana, é uma realização do dinamarquês Nicolaj Arcel, baseado num best-seller de 2020 da autoria da sua compatriota Ida Jessen e feito em regime de co-produção entre a Dinamarca, a Suécia, a Noruega e a Alemanha. Mads Mikkelsen interpreta um veterano capitão do exército que, no século XVIII, adquire à coroa dinamarquesa um pedaço de terra na inóspita Jutlândia, para lá construir uma propriedade, cultivar o solo e atrair colonos. Além das dificuldades com a terra árida, de uma meteorologia ingrata, dos bandidos que rondam pela zona e da falta de ajuda, o militar tem também que se haver com um rico, poderoso e sádico proprietário local. A Terra Prometida foi escolhido com filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.