Dois meses. Desde o início de janeiro, quando derrotou Sp. Braga, Moreirense e Farense, que o FC Porto não alcançava três vitórias consecutivas na Primeira Liga. Mais: com as vitórias contra Benfica, Portimonense e Vizela nas últimas três jornadas, o FC Porto carimbou três goleadas seguidas, registo que não acontecia desde dezembro de 2022.

Francisco e a seleção natural de quem já deixou de ser Chico (a crónica do FC Porto-Vizela)

A equipa de Sérgio Conceição até começou a perder este sábado, graças a um autogolo de Pepe, mas conseguiu dar a volta com quatro golos marcados na segunda parte e deu seguimento ao bom momento que vem vivendo desde a primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões contra o Arsenal. Com o triunfo contra o Vizela, o FC Porto garantiu desde já que vai pelo menos manter a distância para Sporting e Benfica, que só entram em campo este domingo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os dragões alcançaram os 50 golos na atual edição do Campeonato, sendo que 25% desses golos foram marcados nas últimas três jornadas e graças às goleadas contra o Benfica e o Vizela. A partida deste sábado ficou ainda marcada pelo protesto dos Super Dragões e do Coletivo Ultras 95, que não apoiaram a equipa durante a primeira parte, saíram ao intervalo e só se ouviram no segundo tempo — tudo em protesto com o roubo de tarjas do museu do clube que apareceram este fim de semana nas bancadas do estádio do Hadjuk Split, na Croácia. No final da partida, quando a equipa se dirigiu às claques para agradecer o apoio, os restantes adeptos assobiaram.

No fim do jogo, na zona de entrevistas rápidas e depois de ter sido eleito o melhor jogador em campo, Pepê confirmou que se tratou de uma noite “estranha”. “Tivemos a infelicidade de fazer um autogolo, mas estivemos sempre por cima durante os 90 minutos. Sabíamos que tínhamos de ter um pouco de tranquilidade, que a qualquer momento iríamos conseguir fazer os golos. Na segunda parte voltámos mais ligados, mais focados, e graças a Deus conseguimos fazer um belo resultado”, começou por dizer o brasileiro.

“Era preciso ter maturidade, ainda por cima depois do golo que sofremos. Sabíamos que eles iram recuar um pouco mais e que teríamos de ter um pouco mais de tranquilidade para rodar a bola, encontrar aberturas para fazer as nossas jogadas e consequentemente os golos. Jogar no FC Porto exige o máximo de cada um. Independentemente do jogo, temos de estar focados durante os 90 minutos. Entregámo-nos ao máximo”, acrescentou Pepê, sublinhando a importância da paragem para as seleções para “descansar e trabalhar um pouco mais”.

Já Sérgio Conceição, também na flash interview, foi questionado sobre o silêncio das claques na primeira parte. “Tenho respeito pelas claques do FC Porto, um grandíssimo respeito. Estou no clube desde os meus 15 ou 16 anos, sempre foram inexcedíveis no apoio de sempre. São exigentes, muito apaixonados. Hoje vi um estádio exatamente da mesma forma que vejo, a apoiarem, a tentarem entrar dentro daquilo que é o jogo. Volto a parafrasear o senhor Pedroto: o público não é o 12.º jogador, é o primeiro, porque sem o público o clube não existia. É desse sentimento que eu comungo. Não há mais a dizer. Temos de estar todos fortes para termos um FC Porto cada vez mais forte também”, começou por dizer.

“Andamos sempre à procura de maturidade, de solidez. Estamos em todas as provas e há um desgaste grande. Estamos num momento da vida do clube que também não é fácil. Não tem que interferir, a equipa tem de estar imune a todos os assuntos que gravitam à volta do clube. Temos de estar juntos. Só juntos é que podemos lutar pelos objetivos da Taça de Portugal e do Campeonato. Enquanto for matematicamente possível, ninguém desiste. As contas fazem-se no fim”, acrescentou o treinador dos dragões.

Por fim, Sérgio Conceição comentou o lado mais tático e estratégico do jogo. “Foi uma infelicidade daquele que é o maior e melhor profissional que eu já conheci no futebol [Pepe]. Fomos atrás do golo. Aqui e acolá, depois de uma eliminatória de 120 minutos contra o Arsenal, chegarmos na manhã seguinte com desgaste físico e emocional, é normal falhar o último passe e o remate sair mal. Conversámos um bocadinho ao intervalo, mas senti da parte dos jogadores que com maior ou menor dificuldade que íamos chegar aos golos. Não há história, foi um jogo na nossa Liga em que uma equipa vem tentar defender baixo e nós fomos criando as situações e fazendo os golos que tínhamos de fazer”, terminou.