Cabo Verde quer avançar em 2025 com a candidatura do campo de concentração do Tarrafal a património da humanidade da UNESCO, numa iniciativa conjunta com Portugal, Guiné-Bissau e Angola.

“Anunciaremos em breve o desenrolar deste processo, esperando o envolvimento de Portugal, Guiné e Angola”, os outros países de origem dos presos políticos, disse o ministro da Cultura cabo-verdiano, Abraão Vicente.

“Não nos cabe agora fazer o anúncio”, o projeto está “em amadurecimento”, mas há “uma janela de oportunidade” para que a candidatura seja entregue até 2025, referiu esta segunda-feira, na Praia, numa conferência de imprensa com os embaixadores de Portugal e Guiné-Bissau para anunciar as comemorações dos 50 anos de libertação dos presos políticos do Tarrafal.

A ambição da candidatura à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura já existe há vários anos, mas, até 2022, havia limitações às candidaturas a nível global.

Agora, “já há abertura” para se poder avançar “com o dossiê técnico”, referiu a presidente do Instituto do Património Cultural (IPC), Ana Samira Baessa.

“Queremos fazê-lo com muita pressa estratégica, porque, a partir de 2028, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) já estabeleceu novas diretivas, o que vai alongar muito mais os prazos para submissão de candidaturas”, disse.

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O antigo Campo de Concentração do Tarrafal, hoje um município da ilha de Santiago, tem sido beneficiado enquanto espaço museológico, de acordo com propostas da UNESCO.

O campo foi criado em 1936 e recebeu os primeiros 152 presos políticos em 29 de outubro do mesmo ano, tendo funcionado até 1956.

Reabriu em 1962, com o nome de “Campo de Trabalho de Chão Bom”, destinado a encarcerar os anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde.

Ao todo, foram presas no “campo da morte lenta” mais de 500 pessoas: 340 antifascistas e 230 anticolonialistas.

Numa lápide evocativa erguida no interior do campo, estão inscritos os nomes de 36 pessoas que morreram no campo: 32 portugueses, dois guineenses e dois angolanos.

Após a sua desativação, o complexo funcionou como centro de instrução militar, desde 2000 alberga o Museu da Resistência e em 2004 foi classificado Património Cultural Nacional e integra a lista indicativa de Cabo Verde a património da UNESCO.