É impossível falar do último Campeonato do Mundo sem falar de Gonçalo Ramos. No Qatar, na primeira fase final com a Seleção Nacional, o avançado português marcou um hat-trick contra a Suíça e foi desde logo apresentado como o herdeiro de Cristiano Ronaldo. A montra internacional, associada à temporada positiva no Benfica, levou-o para o PSG — e tornou a exibição contra os suíços obviamente especial.
“Foi o momento mais alto da minha carreira. Considero que já era conhecido e falado, mas depois desse jogo passei para um patamar diferente. É um Campeonato do Mundo, os olhos estão todos lá e tem uma importância diferente. O que aconteceu naquele dia foi único e especial. Estava a estrear-me a titular na Seleção, a estrear-me num Campeonato do Mundo, numa fase a eliminar, o que por si só já é algo grande e que deixa os nervos à flor da pele”, explicou o jogador em entrevista ao jornal Record a partir da concentração da Seleção Nacional antes dos particulares contra a Suécia e a Eslovénia.
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Na mesma conversa, Gonçalo Ramos falou sobre a difícil época de estreia num PSG recheado de estrelas — leva nove golos em 30 jogos e ainda não conseguiu conquistar a titularidade, sendo que no final do ano esteve afastado dos relvados devido a um problema de saúde. “Tive um mês de dezembro complicado. Comecei por ter um vírus, que depois passou para uma infeção no cólon. Estive 20 dias a sangrar e a vomitar, sem conseguir comer e com febres altíssimas. Acabei por ir ao hospital quatro ou cinco vezes e estive a soro. Perdi oito quilos e depois tive de recuperar o peso a meio da época, fazendo uma pré-época em janeiro, o que não é fácil. Comecei no dia 10 de dezembro e só fui treinar no dia 21. Tive uma recaída no Natal, fui ao hospital e só quando voltei, no dia 30, é que comecei a treinar a 100%”, confessou o internacional português.
Gonçalo Ramos foi convocado pela primeira vez pouco antes do Mundial do Qatar, em setembro de 2022, e lembra que foi apoiado por Vitinha, Rafael Leão e Nuno Mendes, com quem se tinha cruzado nas camadas jovens, e também por João Mário, de quem era colega no Benfica. Ainda assim, o jogador de 22 anos não esconde que tem Cristiano Ronaldo como “ídolo” e que o primeiro impacto de partilhar balneário com o capitão da Seleção é “estranho”.
“Qualquer miúdo da minha geração olhava e ainda olha para ele como ídolo. Sem o ter visto jogar, apreciava o Ronaldo Fenómeno e também admiro o Zlatan Ibrahimovic. O primeiro impacto de jogar com ele é estranho, porque para os jovens — não só o Cristiano, mas também outros — parece que eles são inalcançáveis, até certo ponto. Nem parece real. Mas é só o primeiro impacto e depois torna-se normal. E o Cristiano facilita esse processo”, indica.
Na mesma entrevista, Gonçalo Ramos aborda ainda o facto de o Benfica ainda não o ter conseguido substituir de forma clara depois da saída no verão — mesmo com as chegadas de Arthur Cabral e Marcos Leonardo e uma afirmação de Tengstedt. “Quando estive no Benfica fiz o meu trabalho e tentei dar o meu melhor. Do que tenho visto, os avançados que estão no Benfica têm muita qualidade. Não são iguais a mim, mas não têm de o ser. Têm outro tipo de jogo e coisas que eu próprio também não consigo fazer e que também tento aprender com eles. Não há nenhum jogador que já saiba tudo. Gosto deles e acho que vão ser felizes no Benfica”, terminou, garantindo que ainda tem esperança de que os encarnados sejam novamente campeões nacionais.