Primeiro, a notícia de que vai perder o lugar na Ferrari para Lewis Hamilton na temporada de 2025 (sem ter ainda uma nova equipa para a próxima época). Resposta? Terceiro lugar no Bahrain, juntando-se ao dois Red Bull no pódio na primeira prova do ano. Depois, a necessidade de ser operado ao apêndice, que o retirou do Grande Prémio da Arábia Saudita e abriu a porta à estreia de Oliver Bearman pela formação da Ferrari. Mais um problema, mais uma solução: Carlos Sainz Jr. regressou da melhor forma a ganhou a terceira corrida na Austrália, com a Ferrari a conseguir fazer uma dobradinha como não acontecia há dois anos.
Sainz gastou 1.20.26,843 horas para cumprir as 58 voltas, batendo o companheiro de equipa, o monegasco Charles Leclerc (Ferrari), por 2,366 segundos, e o britânico Lando Norris (McLaren), por 5,904 numa prova em que o tricampeão Max Verstappen (Red Bull) desistiu à segunda volta devido a um problema no disco de travão traseiro direito do carro.
O piloto neerlandês até partiu bem e segurou a liderança mas, na segunda volta, começou a queixar-se de problemas “estranhos” de equilíbrio no monolugar, que permitiram a Carlos Sainz assumir o comando.
As dificuldades de Verstappen ficaram evidentes à quarta volta, com fumo a sair da traseira do seu monolugar. Quando já se encaminhava para as boxes, o disco de travão acabou mesmo por explodir.
Era o fim de uma série de nove vitórias consecutivas de Max Verstappen, que não conseguiu igualar o recorde da modalidade (dez), que lhe pertence desde o ano passado.
De aí em diante, Carlos Sainz controlou a corrida, não mais cedendo o comando, mesmo com os problemas físicos sentidos devido à operação à apêndice a que teve de se submeter há duas semanas.
Charles Leclerc teve de parar mais cedo do que o companheiro de equipa para trocar de pneus para se defender do ataque dos dois McLaren que seguiam logo atrás e o máximo a que conseguiu almejar foi mesmo o segundo lugar, dando à Ferrari uma dobradinha que já não conseguia desde o Grande Prémio do Bahrain de 2022, na abertura da temporada.
Já Max Verstappen não desistia também há dois anos (há 43 corridas), desde o Grande Prémio da Austrália de 2022.
Pelo caminho ficaram, ainda, os dois Mercedes. Primeiro o de Lewis Hamilton, que partiu o motor à 17.ª volta, e, já na última volta, o de George Russell, que se despistou, embateu no muro e obrigou a que a corrida acabasse sob safety car virtual.
Esta foi a terceira vitória de Carlos Sainz na Fórmula 1, que já não vencia desde o GP de Singapura do ano passado (já tinha ganho no GP da Grã-Bretanha em 2022).
“Foi uma boa corrida. Fisicamente não foi fácil mas consegui gerir o meu ritmo e os meus pneus. É a prova de que o trabalho árduo compensa”, disse o espanhol, no final.
Sainz admitiu que este início de temporada, em que ficou a saber que a Ferrari não lhe vai renovar o contrato no final do ano e em que teve de ser operado, “tem sido uma montanha russa [de emoções]” mas, ainda assim, diz estar “muito feliz” com o triunfo. “Recomendo aos pilotos que tirem o apêndice”, brincou.
Sobre o início de corrida, diz que não se apercebeu da causa dos problemas de Verstappen mas lamentou o desfecho. “Foi uma pena porque acho que teríamos uma boa luta”, sublinhou.
Tendo que parar mais cedo, as possibilidades de triunfo para Charles Leclerc ficaram desde logo comprometidas, mas a verdade é que o monegasco nunca mostrou ritmo para desafiar o companheiro de equipa.
“Devia ter feito melhor. O Carlos fez um melhor trabalho todo o fim de semana e mereceu a vitória”, concedeu Leclerc, no final.
Com estes resultados, Max Verstappen mantém o comando do campeonato, com 51 pontos, agora com apenas mais quatro do que Charles Leclerc, que conseguiu o ponto extra pela volta mais rápida.
É precisamente esse ponto adicional que lhe vale o segundo lugar, com mais um ponto do que o mexicano Sérgio Pérez, que hoje foi apenas quinto classificado. Sainz, com 40 pontos, é o quarto.
No Mundial de Construtores, a Red Bull lidera, com 97 pontos, mais quatro do que a Ferrari, que é segunda.