Nuno Borges ainda desconhece o adversário na primeira ronda do Estoril Open, mas gostava de evitar o compatriota Jaime Faria, no Clube de Ténis do Estoril, onde João Sousa jogará o último torneio da carreira.

O último capítulo de João Sousa, o melhor de sempre que podia ter sido tudo e escolheu ser tenista

O número um nacional e 61 do mundo vai defrontar na abertura um dos quatro jogadores oriundos da fase de qualificação que termina este domingo e o jovem Jaime Faria, de 20 anos, pode ser um dos possíveis opositores, após a vitória sobre o eslovaco Lukas Klein, terceiro cabeça de série do ‘qualifying’, em três sets, por 6-4, 6-7 (3-7) e 6-1.

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“É uma pressão acrescida jogar contra ele. É um colega de treino, estando eu por cima no ‘ranking’ é normal que a pressão esteja do meu lado, mas, de qualquer maneira, estou tranquilo. Ele está a jogar muito bem, já teve duas boas vitórias aqui e já sei que tenho de ter cuidado com ele”, confessou o maiato.

Assumindo “expectativas mais altas em relação ao ano passado”, em que saiu derrotado na estreia, Nuno Borges antevê “uma primeira ronda complicada” na terra batida do Clube de Ténis do Estoril, onde diz ainda ter muito a provar.

“Existe um pouco de pressão, as pessoas estão sempre à espera que os portugueses vão mais longe e, sendo eu agora número um, é normal que atenção esteja virada mais para mim. Mas, estou a fazer o meu trabalho igual, o meu ano está a correr bem e gostava que o Estoril Open corresse bem, mas, se não correr, também não é o fim do mundo. Apesar de querer muito, às vezes, as coisas não são como se quer. Mas, as expectativas são boas e tenho-me sentido bem”, acrescenta.

Com a iminente retirada de João Sousa do ténis profissional, ao fim de 17 anos, o tenista do Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis confidencia já estar “conformado” com a decisão do vimaranense, antigo número 28 do mundo, e pronto para lhe suceder em representação de Portugal no ténis mundial.

“Foi um jogador que teve um impacto gigante no ténis português e, de certa maneira, é triste, mas, ao mesmo tempo, acho que é uma grande celebração vê-lo retirar-se no maior palco português. Para mim, teve um impacto gigante, principalmente nos últimos anos, em que pude partilhar a equipa da Taça Davis come ele. Certamente que vou levar coisas dele comigo e para o meu ténis”, frisou.

Quanto ao eventual peso acrescido que agora poderá herdar, o maiato, de 27 anos, defende que “Portugal merece ter alguém no topo”, embora confesse que gostava que fossem mais os tenistas portugueses nesse patamar.

“Acho que estamos em boas mãos, temos o Henrique [Rocha] e o Jaime [Faria] que estão no bom caminho e podem perfeitamente chegar onde estou e até mais longe. Sei que eles têm capacidades e, de certa maneira, também me tranquilizam. Mas, é uma pressão acrescida [suceder a João Sousa]. Até agora, tínhamos o João sempre no top-100, se eu descesse no ‘ranking’, ele estava sempre lá, assim como na Taça Davis, em que ele liderava. Agora tenho de ser eu a assumir essa responsabilidade, mas estou tranquilo com isso”, garante.

Em relação às metas para a temporada, após a conquista do challenger de Phoenix, Borges assume não ter mudado muito o plano delineado para 2024, mantendo como “principal objetivo a participação nos Jogos Olímpicos, apesar dos torneios do Grand Slam continuarem a ser uma prioridade”.

“No fundo, quero continuar a subir, mas é incrível como um único torneio muda muito a história. É difícil por números, mas gostava de voltar a entrar no top-50, de continuar a jogar estes torneios, os Masters 1.000 e ‘majors’, porque sinto que é aqui que posso crescer. É contra os melhores do mundo que quero continuar a jogar e, apesar de o ‘ranking’ não refletir isso agora, sinto que estou a jogar melhor e ainda tenho algo para evoluir”, rematou.