Depois das sessões de esclarecimento, um jantar com jovens adeptos. Pinto da Costa continua a sublinhar em todas as oportunidades que não faz “campanha” (desta vez também por falta de tempo, pelos compromissos que tem como presidente do clube) mas, qualquer que seja o termo aplicável, vai procurando não só defender o legado que construiu ao longo de quatro décadas nos dragões mas, em paralelo, as ideias que tem para o presente e o futuro dos azuis e brancos – e desta vez partilhando essa visão com um grupo de 50 portistas com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos numa eleição em que, ao contrário do que se passa no Benfica ou no Sporting, qualquer sócio tem um voto independentemente do número de anos de filiação. E entre aquilo que defende para si, aproveitou para deixar muitas críticas ao principal adversário.
“Há quem, por despeito, por ter perdido os direitos televisivos por preço de saldo e o ter perdido depois de concorrer e apresentar uma oferta muito inferior, quer recuperar esses direitos com habilidades, com estratégias, pondo lá quem lhes faça a vontade. O senhor Joaquim Oliveira, dono da Olivedesportos e da SportTV, esteve na primeira fila da apresentação da candidatura do Luís André [Villas-Boas]. Na primeira fila. De onde o conhece, não sei. Para onde irá e onde querem ir, não sei. Mas não é à minha custa. Não se justifica que o FC Porto, que tem o coração na nossa cidade, que é o símbolo da nossa região, que é o orgulho do nosso país, vá para Lisboa apresentar um projeto na capital, precisamente com a presença… Não sei se estava lá mais alguém mas foi o único que apareceu nas fotografias. Quem foi? O senhor Joaquim Oliveira…”, referiu o líder dos azuis e brancos, fazendo referência à apresentação do projeto da Academia em Gaia.
“Para apresentar um projeto que não tem viabilidade, que não está autorizado, que não tem projeto aprovado, onde não cabe nada na totalidade do que disseram, porque metade desse terreno está em reserva biológica… Portanto, tiveram o bom senso de não vir enganar os portuenses, tiveram o bom senso de ir pregar para a capital. É uma opção”, acrescentou, com a dose habitual de ironia ao longo das respostas.
Ainda assim, as críticas chegaram a um nome já antes ventilado mas que nunca tinha estado como principal foco de conversa: Antero Henrique, antigo CEO do FC Porto e homem muito próximo de Pinto da Costa que saiu em rutura com o presidente do clube. “Estou com coração, com alma, com a cabeça e com todo o corpo em prol do FC Porto. Assumi este testemunho em 1982 e passá-lo-ei quando vocês quiserem. Candidato-me novamente depois de ter tido muitas opiniões da minha família que não o fizesse, que fosse descansar”, reforçou, antes de contar um episódio ainda antes de tomar a decisão de se recandidatar.
“Em outubro do ano passado, o senhor Antero Henrique, que é o patrono dessa candidatura [de André Villas-Boas] foi a casa da minha filha, a Vale do Pisão, para saber se me ia candidatar ou não, para me aconselhar a que não me candidatasse, porque tinha um grupo que ia ser muito difícil, depois de janeiro iam haver muitos ataques. A minha filha, e bem, respondeu-lhe que não respondia por mim, porque eu pensava pela minha cabeça. E, na realidade, depois de perceber que estava por trás da candidatura do Luís André, decidi candidatar-me. E porquê? Porque verifiquei o que estava por trás dessa candidatura. Não é ele [Villas-Boas] que tem más ideias, não. Ele transmite as ideias que lhe põe no papel e que ele vai ler, mas não são dele, porque ele era incapaz, de certeza absoluta, de querer mal ao FC Porto”, contou, citado pelo O Jogo.
“Como se referiram à minha idade, já estou um bocado o gasto, faltam-me 14 anos para os 100, mas há uma coisa que eu tenho: é exatamente a mesma vontade de defender o clube e de defender a nossa região como tinha há 82 anos. Exatamente a mesma. E por isso me rodeei de uma equipa nova, remodelada, com força, com paixão, porque, conforme viram no comentário, sempre digo àqueles que vêm para as minhas equipas quatro pilares: competência, rigor, paixão e ambição. E quem não tiver esses quatro pilares, não pode estar comigo. Não pode. Porque é uma determinação. Quando penso num objetivo, não há nada que me faça virar. Não há ameaças, nem promessas que me façam desviar do meu caminho”, frisou, depois da apresentação das ideias que a candidatura defende para a juventude por Pedro Nuno Amorim.
“Quando o outro candidato apresentou a sua candidatura, se se lembrarem, eu era o presidente dos presidentes. Tinha uma obra que ia ficar na história, tudo maravilhas. Ia ser o Rei da Pérsia. Candidatei-me, tudo isso acabou. A minha equipa passou só a ter defeitos, o FC Porto já não joga nada, até já o treinador, pelo facto de terem percebido que não quer nada com ele, passou a ser mau e tudo mudou. Porquê? Porque não vê para o FC Porto por paixão, nem por ambição. E essa paixão que me move em defesa do FC Porto é o legado que vos quero deixar. Vocês não têm nada a aprender comigo, têm uma vida pela frente, amam o FC Porto, têm uma vida para serem felizes e uma vida para servir o FC Porto”, apontou sobre o mesmo tema.
À margem do encontro, Pinto da Costa, neste caso na condição de presidente, abordou algumas notícias do dia em torno do clube, nomeadamente os processos disciplinares instaurados a Diogo Costa, Francisco Conceição e… a si próprio: “Nenhuma reação, nenhuma… Fico triste porque quando estamos próximo do 25 de Abril, que foi feito para termos muita liberdade, inclusive a liberdade de expressão, no futebol ainda não chegou o 25 de Abril. É triste mas não me preocupa, nem afeta nada o meu trabalho. Tenho pena, sobretudo porque o presidente do Conselho de Disciplina estará no dia 25, na Assembleia da República, a festejar o dia em que se teve liberdade de expressão e continuamos a não ter, mas é assim, não me preocupa nada isso. Processos a Diogo Costa e Francisco Conceição? Não faço ideia. Foram castigados? Já estavam… Por pontapés na porta? Ai na porta, julguei que era na bola, se não então é que estávamos tramados…”.