Luís Marques Mendes juntou-se este domingo ao coro de críticas à Justiça, a propósito da demora no processo que envolve António Costa. No seu espaço habitual na SIC, o comentador lembrou que faz este domingo cinco meses que a PGR emitiu o célebre comunicado que culminou com a demissão de Costa e a queda do Governo. E que, desde então, mais nada aconteceu. O processo está no Supremo Tribunal de Justiça. “Ninguém sabe se é matéria grave ou uma irrelevância. Mas é inaceitável que, ao fim de cinco meses, Costa não tenha sido ouvido. São cinco meses de um primeiro-ministro sob suspeita. Não sei se o processo é grave ou não mas [a demora] não é aceitável e pode impedi-lo de ir para a Europa”.
Este fim de semana, também Augusto Santos Silva criticou a PGR por não ouvir Costa. Já o novo presidente da Associação Sindical de Juízes Portugueses, Nuno Matos, apelou a uma maior “celeridade” do processo.
Marques Mendes elogiou a “elegância” de Costa na transição de pastas e defendeu que seria “bom” para Portugal e para o Governo de Luís Montenegro se Costa fosse para Bruxelas. “Dá prestigio a Portugal”. O comentador disse ainda “desconfiar” que Costa também vai juntar-se a uma televisão para fazer comentário político em breve. “Não sei em qual nem se vai ou quando, mas tenho essa intuição”, adiantou.
Marques Mendes falou ainda das eleições europeias do próximo dia 9 de junho. Numa altura em que faltam 20 dias para terminar o prazo para a entrega das listas, haverá três nomes na ‘pole position’ para possível cabeça de lista do PS: Fernando Medina, Ana Catarina Mendes e António Vitorino, revelou Marques Mendes. Mas ainda não há decisão.
Já na AD há um nome que se destaca como “provável”: Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, revelou também o comentador.
Sobre o Governo que agora inicia funções, e cujo programa será apresentado na próxima quarta-feira, estando a discussão marcada para quinta e sexta, Marques Mendes considerou que este terá no próximo Orçamento do Estado o seu grande desafio (assim como o PS e o Presidente da República). Para o comentador, é “fundamental que o OE passe para que o país tenha estabilidade” e o “primeiro sinal de abertura tem de vir do Governo”. Nesse sentido, o Executivo deve abster-se de apresentar um OE “provocatório”, defende Marques Mendes.
E deu um exemplo. “Se no OE para 2025 estiver a redução do IRC… é difícil o PS viabilizar porque tem uma objeção de fundo. A bem da estabilidade, se o Governo quer baixar o IRC deve fazer uma lei própria e não incluir no OE. Isso seria um sinal de abertura e não de provocação”.
O Presidente da República terá, na visão do comentador, um “poder de mediação essencial” neste processo, para “aproximar as partes sem que nenhuma perca a face. É bom começar a pensar já porque em outubro/ novembro não precisamos de uma crise política, de um OE chumbado, de novas eleições. Não podemos passar a vida a governar em duodécimos”, concluiu.