Era difícil existirem contextos tão distintos como aqueles com que Real Madrid e Barcelona entravam este domingo no El Clásico: de um lado, os merengues acabaram de eliminar o Manchester City nos quartos de final da Liga dos Campeões e estão na liderança do Campeonato com oito pontos de vantagem; do outro, os catalães acabaram de ser eliminados pelo PSG nos quartos de final da Liga dos Campeões e estão no segundo lugar do Campeonato com oito pontos de desvantagem.

Em resumo, e mesmo que não fosse absolutamente decisivo, o jogo deste domingo poderia significar o relançar da corrida pelo título, em caso de vitória do Barcelona, ou o quase xeque-mate na La Liga, em caso de empate ou vitória do Real Madrid. Seis meses depois do triunfo merengue em Camp Nou com dois golos de Jude Bellingham, um dos melhores jogos de futebol do mundo poderia decidir a conquista de um troféu — e ambos os treinadores tinham noção disso.

“O Real Madrid está muito perto do título, mas o Barcelona é um rival muito competitivo. Será o Clássico de sempre, com a mesma intensidade. As críticas sobre o jogo com o Manchester City não me surpreendem, porque cada um é livre de dar a sua opinião. É preciso administrar bem, ter a bola e não a ter durante muito tempo. Fizemos isso muito bem. Não encontrei nenhum adepto do Real Madrid triste com o apuramento. Fala-me do mar, marinheiro…”, disse Carlo Ancelotti na antevisão da partida, terminando com uma frase muito enigmática.

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“Temos a oportunidade de nos ligar à Liga e torna-se o jogo mais importante da temporada. Encontraremos um Real Madrid forte e ainda mais forte depois de eliminar a melhor equipa do mundo. A euforia deles está no máximo e são um rival muito forte. Hoje treinámos bem, ontem estávamos na ressaca da eliminação da Liga dos Campeões. A equipa está com todo o entusiasmo do mundo para lutar por este Campeonato. Se não vencermos será muito difícil. E se perdermos… Estamos a jogar a Liga. Temos de vencer para pressionar o líder”, explicou Xavi, que cumpria o último Clássico antes de deixar de ser treinador dos catalães.

Assim, de forma natural, Ancelotti lançava Bellingham no apoio a Rodrygo e Vinícius, com Valverde, Modric e Kroos no meio-campo e Lucas Vázquez a surgir na direita da defesa, sendo que Carvajal começava no banco depois de um jogo de enorme esforço contra o Manchester City. Do outro lado, Xavi tinha Raphinha, Lamine Yamal e Lewandowski no tridente ofensivo, com João Cancelo a ser titular na esquerda da defesa e João Félix a iniciar a partida como suplente.

O Barcelona abriu o marcador no Santiago Bernabéu logo nos instantes iniciais, com Christensen a aparecer a cabecear ao segundo poste depois de um canto cobrado na direita (6′). O Real Madrid respondeu ainda dentro dos primeiros 20 minutos, com Vinícius a empatar de grande penalidade depois de Pau Cubarsí fazer falta sobre Vázquez na área catalã (18′), e o jogo foi empatado para o intervalo.

Xavi mexeu logo no início da segunda parte e lançou Fermín López no lugar de Christensen, apostando em João Félix e Ferran Torres já depois da hora de jogo e quando o resultado ainda estava bloqueado na igualdade. O Barcelona recuperou a vantagem pouco depois, com Fermín López a aproveitar uma defesa incompleta de Lunin para finalizar na recarga (69′), mas o Real Madrid nem sequer precisou de cinco minutos para empatar novamente e por intermédio de Vázquez, que apareceu sozinho na área depois de um cruzamento de Vinícius na esquerda (73′).

Já nos descontos, quando ambas as equipas pareciam já conformadas com a divisão de pontos, apareceu o herói do costume: Vázquez desequilibrou na direita e cruzou rasteiro, Joselu abriu as pernas para deixar passar a bola na área e Jude Bellingham apareceu ao segundo poste a marcar de primeira e mais de dois meses depois do último golo pelos merengues (90+1′). No fim, o Real Madrid venceu o Barcelona e ficou com 11 pontos de vantagem na liderança do Campeonato, num Clássico de autêntico xeque-mate para aquele que será o 36.º título do clube.