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"Grande esperança". Vacinas mRNA contra o cancro da pele entram na terceira fase de ensaios

Este artigo tem mais de 6 meses

Pode ser algo que "altera as regras do jogo". As vacinas "personalizadas" que usam a mesma tecnologia das principais vacinas contra a Covid-19 entram na terceira fase dos ensaios clínicos.

epa10790667 Paraguayan researcher Alejandra Wu-Chuang uses a pipette for antibody detection in a laboratory at the campus facilities of the ANSES (French Agency for Food, Environmental and Occupational Health and Safety) in Maisons Alfort, on the outskirts of Paris, France, 07 August 2023 (08 August 2023). Tick-borne pathogens can be passed to animals and humans by the bite of infected ticks with bacteria, viruses, or parasites. One major example of tick-borne disease is borreliosis (Lyme disease). A team of researchers from INRAE (National Research Institute for Agriculture, Food and Environment)​​, in collaboration with ANSES and ENVA (National Veterinary School of Alfort), are proposing an innovative vaccine targeting the microbiota of ticks in order to reduce the prevalence of bacterium that causes the Lyme disease. There is still no human vaccine for the infection, however scientists are producing new medicines to fend off the illness.  EPA/TERESA SUAREZ
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TERESA SUAREZ/EPA

TERESA SUAREZ/EPA

As vacinas de mRNA contra o melanoma – o cancro de pele mais mortífero – entraram na terceira fase dos ensaios clínicos e os investigadores envolvidos nesta pesquisa dizem que pode ser algo que “altera as regras do jogo” no combate a esta doença e, eventualmente, a outros tipos de cancro.

Estas são vacinas “personalizadas” que usam a mesma tecnologia das principais vacinas contra a Covid-19, o “RNA mensageiro”. Um ensaio (de fase 2) revelou que as vacinas que estão a ser desenvolvidas reduziram drasticamente o risco de recidiva do cancro em pacientes com melanoma. Após esse resultado animador, a University College London Hospitals NHS Foundation Trust (UCLH) está a coordenar um ensaio de fase 3.

O melanoma é um tipo de cancro que afeta cerca de 132 mil pessoas por ano (em todo o mundo), sendo que atualmente os doentes são tratados com cirurgia radioterapia, medicamentos e quimioterapia. A tecnologia mRNA permite que cada vacina seja feita à medida de cada paciente, dando “instruções” ao corpo sobre como atacar as células cancerígenas, contribuindo para evitar que a doença volte.

Citada pelo The Guardian, Heather Shaw, investigadora que está a coordenar o ensaio clínico de fase 3, disse que estas vacinas podem curar pessoas com melanoma e também estão a testadas em outros tipos de cancro, incluindo pulmão, bexiga e rins. “Esta é uma das coisas mais emocionantes que vimos em muito tempo”, afirmou a investigadora.

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Vacinas de mRNA contra o cancro: “Estou convencido de que no final de 2024 teremos os primeiros resultados dos ensaios clínicos”

Esta tecnologia, ou melhor, a plataforma que tem por base o uso de mRNA (ARN mensageiro) permite desenvolver vacinas rapidamente porque não obriga a começar tudo de novo para cada novo alvo identificado, bastando introduzir uma nova porção de código genético (neste caso, sob a forma de mRNA). A preparação desta plataforma, nomeadamente para o tratamento do cancro, era o ponto em que a investigação estava antes da pandemia de Covid-19, “só que, se calhar, ia demorar muito mais tempo”, disse o investigador Nuno Vale em entrevista ao Observador em 2022.

“A Covid-19 veio dar um impulso a esta tecnologia, mesmo sem querer”, disse o investigador. O princípio geral é o mesmo: o código inscrito numa molécula simples de material genético do alvo (do vírus ou da célula tumoral) é capaz de criar uma mensagem (um antigénio) capaz de ser lida pelo sistema imunitário (em particular, os glóbulos brancos), levando à produção dos anticorpos, que se colam ao alvo a abater.

As moléculas de mRNA — com o código para o fabrico da proteína spike, outras proteínas virais e até moléculas do tumor — são colocadas dentro de pequenas bolhas de gordura (as chamadas nanopartículas lipiídicas), que servem de transporte, mas também protegem o mRNA do ataque precoce pelo sistema imunitário — como um carteiro que entrega uma encomenda importante em sua casa, sem permitir que a chuva ou um cão a desfaça.

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