Portugal deverá passar a ter uma “política orçamental menos restritiva“, acredita a OCDE, um dos fatores que levam a organização a melhorar a perspetiva de crescimento da economia nacional. O produto interno bruto (PIB) deve aumentar 1,6% neste ano de 2024, mais do que os 1,2% estimados pela mesma OCDE em novembro, acelerando no próximo ano para 2%.

As novas previsões constam do relatório de perspetivas económicas divulgado esta quinta-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Em poucas palavras, o organismo antecipa que o aumento do investimento público, a redução dos impostos e o aumento das prestações sociais serão fatores que irão sustentar o crescimento da economia portuguesa.

Em novembro, a OCDE tinha previsto um crescimento de 1,2% em 2024 e, para 2025, um aumento de 2% do produto económico português. A nova projeção, de um crescimento de 1,6%, é ligeiramente superior aos 1,5% previstos pelo Governo no programa de estabilidade divulgado no mês passado (num cenário de políticas invariantes) e está em linha com os 1,6% projetados pelo Conselho das Finanças Públicas. A previsão mais otimista para o crescimento da economia este ano é do Banco de Portugal – 2% em 2024 e 2,3% em 2025.

Economia vai crescer muito mais que o previsto, prevê Banco de Portugal. PIB deve aumentar 2% neste ano

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A expectativa da OCDE é que os salários (reais, ou seja, excluindo a inflação) e irão impulsionar o consumo privado, num contexto marcado por uma diminuição da inflação e um mercado de trabalho onde existe muita procura e, por isso, níveis baixos de desemprego. Por outro lado, a execução dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) irá impulsionar o investimento, outra componente do cálculo do PIB, acredita a OCDE.

Nesta fase, as exportações e o investimento estão a ser penalizados pelas baixas taxas de crescimento global, incluindo em alguns importantes parceiros comerciais de Portugal, “mas este vento contrário irá melhorar à medida que a procura externa se fortalecer”, diz a OCDE, salientando que antecipa que a “política fiscal se tornará menos restritiva” – em concreto, antecipa-se uma tendência de “reduções do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares e o aumento dos benefícios sociais”.

Já a dívida pública, de acordo com a OCDE, deverá “diminuir ainda mais”, para um nível inferior a 93% do PIB em 2025. O organismo salienta que “uma despesa mais eficiente e um quadro orçamental reforçado ajudariam a fazer face às crescentes pressões sobre as despesas relacionadas com uma população envelhecida e fortes necessidades de investimento a longo prazo”.