Teve um ligeiro atraso na chegada à tribuna do Dragão onde decorreu a tomada de posse dos novos órgãos sociais liderados por André Villas-Boas, ouviu vários elogios com aplausos de pé dos 450 convidados no local para o momento solene, assinou o livro enquanto novo membro do Conselho Superior portista por inerência, deixou depois o estádio. Pinto da Costa não se furtou a nada na manhã desta terça-feira mas recusou fazer declarações antes e depois da passagem de testemunho ao antigo treinador. Não falou aí, falou pouco depois. E em declarações exclusivas à SIC, à porta do restaurante do Porto onde ia almoçar, Pinto da Costa abordou vários temas com uma revelação: vai estar no banco de suplentes na final da Taça de Portugal.

“Penso sinceramente que a minha presença no Estádio de Oeiras é um acréscimo positivo para voltarmos a ganhar. Posso dizer em primeira mão que vou estar simbolicamente no banco do Jamor porque sinto que isso é importante. Vou estar no banco num sinal de força e união para que possamos ganhar. Para mim era muito mais agradável estar lá em cima, com as entidades e muitos amigos que tenho. Só não me demito porque penso que é importante a minha presença. A partir da Taça, que espero ganhar, demito-me porque não estou agarrado ao lugar. Estou apenas a lutar para que possamos vencer este troféu”, destacou.

“Não peço a renúncia, não é nem por fuga nem para que digam que é um ato nobre. É apenas pelos interesses do FC Porto. Penso, estou convencido e muita gente compreenderá que a minha presença junto da equipa no final da Taça de Portugal poderá ser uma ajuda. Não estou a ver que uma mudança abrupta no futebol seja um fator positivo, quando ainda nem falaram com o treinador nem com os jogadores. Se fosse, já o teria feito. Penso que a minha saída neste momento era negativa. De resto, não percebo a citação que fez no discurso na medida em que ele já tem todos os dossiers possíveis, todas as questões que quiseram levantar, acesso a todos os serviços… Não vejo a diferença. Entrave? Nenhum. Tem tido tudo, tem visto tudo, têm-lhe sido dados todos os dossiers…”, advogou, em resposta ao discurso de Villas-Boas na tomada de posse.

“A partir da Taça de Portugal, que espero ganhar, demito-me porque não estou agarrado ao lugar. Estou apenas a lutar para que possamos vencer este troféu. Não há animosidade nenhuma. No domingo, no jogo com o Boavista, vamos estar todos no camarote, seria ridículo levar isso outros campos… Entendo que a minha saída neste momento era negativa para o rendimento da equipa. Podem criticar, já houve um jornal a falar de uma indemnização milionária… Não vou receber um euro de indemnização de nada, vou deixar lá algumas centenas de milhares que me cabiam e não levantei na altura nem vou levantar. Não estou agarrado a nada. Estou agarrado é para que o FC Porto possa vencer mais um troféu, para que os jogadores que bem merecem levantem a Taça, mais o treinador e a equipa técnica”, rematou sobre o tema.

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No início da conversa com a SIC, Pinto da Costa abordou o momento em que passou o testemunho a André Villas-Boas, com elogios ao antigo técnico mas algumas “farpas” a outras pessoas que o aplaudiram. “Encarei o dia com normalidade. Já estava marcado há dias, estava preparado para ele. Estive a tomar posse como membro do Conselho Superior e correu muito bem, foi um momento de transição muito calmo, sereno e com vontade de que o FC Porto continue a progredir. Palavra aos sócios? A palavra que deixo é o slogan que era da minha campanha, Todos pelo FC Porto. Assim, o FC Porto vai ser cada vez maior”, salientou.

“Mais do que um bom programa, Villas-Boas é um nome com prestígio no FC Porto. Além disso, teve um apoio total da comunicação social, o único que foi isento e igual para as duas partes foi a SIC, razão pela qual estou a falar para vocês. Houve canais onde não consegui sequer falar e ele teve abertura para entrevistas, era todos os dias apoiado e eu quase insultado. Houve jornais de referência que fizeram entrevistas com ele e eu nem uma linha tive para falar. As campanhas são como são, depois os resultados as pessoas vão atrás. Queriam uma mudança, têm uma mudança. Estou convencido que será para melhor. Mudar para pior não vale a pena, para ficar igual também não. Estou seguro que o André será capaz de levar o clube em frente”, referiu ainda sobre as eleições, naquele que foi o primeiro comentário ao sufrágio de 27 de abril.

“Desafios pela frente? São muitos desafios. A parte financeira é sempre um desafio para qualquer pessoa a qualquer altura, sempre foi desde que entrei. Ele pôs a bitola alta ao dizer que para o ano seríamos campeões. É o que todos desejamos e era por isso que eu lutava. Espero que o FC Porto seja campeão pelos sócios. Elogios no discurso? A parte dos elogios era previsível. Até aceito que da parte dele sejam sinceros, da parte de muitos que o aplaudiram é um pouco de hipocrisia porque conhece-os bem. Nós estamos a cumprir estatutos. Aliás, é o presidente da Assembleia Geral, que tomou posse até antes do período, que devia ser a 12 e passou para 7. Não fomos nós que fizemos os Estatutos, nós até os queríamos mudar e não nos deixaram na Assembleia Geral”, referiu ainda sobre a tomada de posse no Dragão.