Começou por ser HBO Portugal e em março de 2022 transformou-se em HBO Max. Agora, a 21 de maio, deixa por completo as três principais letras da marca. Nesse dia, a plataforma de streaming passa a ser simplesmente Max, juntando no mesmo local conteúdos da HBO Max, Discovery+ e Eurosport.
Em Lisboa reuniram-se esta terça-feira, 7 de maio, intervenientes de várias áreas (do vice-presidente executivo, Alessandro Araimo, à vice-presidente de programação e aquisições, Joana Silva, passando pelo realizador Leonel Vieira, a atriz Rita Pereira e o surfista Garrett McNamara) para explicar exatamente tudo o que muda. Comecemos pelo princípio.
Uma nova app?
Na terça-feira, 21 de maio (ou a partir dessa data), quando abrir a aplicação da HBO Max no telemóvel, será pedido que faça o download de uma nova app, neste caso da Max. Para quem costuma aceder online, através do computador ou do tablet, o redirecionamento será automático.
Os dados dos perfis mantêm-se?
O início da sessão na plataforma será feita com os dados já existentes, assim como a faturação. Ao migrar as informações, a nova plataforma também vai guardar os perfis antigos, as preferências e as listas de visualização, por exemplo.
Quais os preços?
Há dois planos disponíveis. O Standard custa 7,99€ por mês e garante que os conteúdos, com resolução Full HD, possam ser vistos em dois dispositivos ao mesmo tempo. Para ver offline, podem ser feitos 30 downloads. A opção Premium custa 11,99€ por mês e os conteúdos podem ser transmitidos em quatro dispositivos em simultâneo. A imagem é em Full HD ou 4K e o som Dolby Atmos, quando disponível. O número de downloads sobe para 100. Em nenhum dos casos haverá publicidade.
Podendo ser acrescentado a qualquer um destes planos, surge agora o Sports Add-On. Custa 5€ por mês e dá acesso a eventos desportivos, como os Jogos Olímpicos, torneios de ténis Roland Garros e US Open, provas de ciclismo e 24h de Le Mans. Também os canais Eurosport 1 e 2 ficam disponíveis no streaming. Este complemento pode ser visto em simultâneo em dois aparelhos.
Quem tem uma subscrição com promoção, continuará com as mesmas condições.
Porque muda o nome?
A estratégia é global, nos EUA a transição já leva nove meses. A HBO há muito que deixou de ter apenas conteúdos da HBO e, por isso, precisava de se uniformizar. “É um novo produto, uma nova plataforma, mas baseado num legado”, explicou Alessandro Araimo, vice-presidente executivo e managing director em Portugal, Espanha e Itália.
No catálogo convivem produções com os selos HBO Originals, Max Originals, Warner Bros., DC Universe, Discovery, TLC, Cartoon Network e Eurosport, por exemplo.
O que vem aí?
Das séries ao cinema, da ficção ao documentário, dos programas de culinária aos conteúdos de leilões, passando por programação infantil e desportiva, há espaço para tudo. Além de vir a ter futuramente no catálogo filmes como Duna: Parte Dois ou Beetlejuice Beetlejuice, uma das grandes apostas passa por pegar nas marcas ou personagens favoritas dos espectadores e explorar ainda mais o respetivo universo. Dune, the Prophecy será uma prequela passada dez mil anos antes da ação dos filmes, Welcome to Derry: It vai aventurar-se pelos meandros da imaginação de Stephen King e os sete filmes de Harry Potter vão ser transformados em série, com produção executiva de J.K. Rowling.
É preciso não esquecer a data da segunda temporada de House of the Dragon, a prequela de A Guerra dos Tronos que regressa a 17 de junho. The Penguin, focada no vilão de Batman, estreia-se até ao final do ano e em produção estão The Last of Us e The White Lotus.
E conteúdos portugueses?
“Queremos que Max seja uma casa portuguesa”, garantiu Joana Silva, vice-presidente de programação e aquisições. “Nos últimos dois ou três meses adicionamos mais de 100 horas ao cartaz.” Quanto a produções 100% nacionais, ainda não há nada concreto. “Estamos há um ano ou dois a estudar a parte de pré-aquisições. Queremos fazer as coisas paulatinamente.”
Ainda sem data de estreia, mas a caminho, estão dois thrillers, ambos contando com a colaboração da RTP. Lume, com Albano Jerónimo, e Faváritx, de Leonel Vieira. Este último projeto, que é uma co-produção portuguesa e espanhola, está “há três semanas em filmagens na ilha de Menorca”, conta o realizador e produtor. A história foca-se “aparentemente num serial killer que atua fora do eixo das grandes cidades”.
Do lado de cá da fronteira, as filmagens acontecem no Porto e arredores. O elenco português conta com Pêpê Rapazote (“que vai ser um narcotraficante, para variar”, brinca Leonel Vieira), Benedita Pereira, Carolina Carvalho, Adriano Luz e João Baptista.
Com participação portuguesa vai estrear-se também uma série-novela, é assim que os responsáveis da Max a descrevem, chamada Dona Beja e baseada nos livros Dona Beja: A Feiticeira do Araxá, de Thomas Othon Leonardos, e A Vida Em Flor de Dona Beja, de Agripa Vasconcelos. “São 40 capítulos sobre feminismo, sexualidade e emancipação, filmados no estado do Rio de Janeiro”, resume a atriz Rita Pereira, que interpreta Siá Boa, filha de “pai português e mãe indígena”.
Em pós-produção está a terceira temporada de uma série documental que atingiu um sucesso significativo e que agarrou ao ecrã mesmo quem não gosta de surf. A Grande Onda da Nazaré começou por contar como é que Garrett McNamara foi parar àquela localidade portuguesa com ondas monstruosas. Segundo o próprio, “a terceira temporada tem novas personagens, novos locais e está mais profunda”. “Nunca se filma nada duas vezes”, assegurou o surfista na apresentação. Dos episódios fará parte um acontecimento triste e inédito para surfistas de ondas gigantes: a morte de Márcio Freire, na Praia do Norte, em janeiro de 2023.
Streaming em direto?
A prova de fogo será já nos Jogos Olímpicos, que começam a 26 de julho em Paris, França. Todos os eventos desportivos serão transmitidos em direto na mesma plataforma. A única tarefa do espectador é escolher qual deles ver.
“É um upgrade na forma como se vê desporto”, garantiu Luís Piçarra, diretor de produção da Eurosport. “Os streamings têm-se baseado em coisas gravadas, com tempo. Aqui, a transição para o direto faz toda a diferença. Os Jogos Olímpicos terão 38 locais de transmissão, o que seria impossível de encaixar em dois canais [Eurosport].”
Na prática, ao abrir a app ou o site da Max, será possível escolher entre todos os pontos que tenham provas a decorrer e saltar de uns para os outros, se houver mais do que um interesse. Além disso, para os atletas portugueses será criada uma etiqueta especial, o que significa que, todas as manhãs, a app terá o alerta para as provas e os horários desses mesmos atletas.
As transmissões em direto serão válidas também para torneios de ténis, como Roland Garros; provas de ciclismo, como La Vuelta; ou eventos de automobilismo, como 24h de Le Mans.
A oferta em direto parece ser a grande novidade e um caminho que as plataformas de streaming estão a testar. “A aposta crescente será feita consoante o interesse dos consumidores”, assegurou Alessandro Araimo. Se o futuro não for este, a Max terá a capacidade e, sobretudo, a rapidez de se reinventar.