André Villas-Boas tem o hábito de acordar sempre cedo, por volta das 6h30, mas desta vez saiu de casa ainda mais cedo do que é normal. Aliás, essa foi uma das notas de mais um momento importante desde que ganhou a liderança do clube com mais de 80% de votos entre mais de 27.000 sócios que bateram todos os recordes em sufrágios do clube: a apresentação “oficial” a todo o grupo de trabalho do futebol profissional. Assim, às 7h40, a hora a que costuma sair, estava a passar as portas do Olival para uma espécie de dia 1, acompanhado nesta fase por José Pedro Pereira da Costa, CFO dos dragões, e Andoni Zubizarreta, diretor desportivo. Para dar quase um sinal a tudo e todos, o trio foi o primeiro a chegar ao centro nevrálgico dos azuis e brancos.

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Equipa técnica e jogadores foram chegando depois. Sérgio Conceição surgiu antes das 8h30 no Olival para mais um treino que antes teria o encontro com os novos responsáveis, os jogadores entraram no balenário de forma faseada até às 9h15, a hora limite para mais uma sessão de trabalho tendo em vista o dérbi da Invicta frente ao Boavista (domingo, 20h30). Enquanto o grupo de equipava, Villas-Boas foi apresentando a Pereira da Costa e Zubizarreta os cantos à casa, com conversas de circunstância e apresentações aos funcionários que se iam cruzando com o trio. Só depois é que foram ao balneário da equipa de futebol.

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A primeira abordagem, como era esperado, foi quase uma “formalidade” perante um conjunto de jogadores que, de uma forma ou outra, conhecem Villas-Boas e o que fez no clube, bem como Zubizarreta e todo o seu percurso como guarda-redes e depois diretor desportivo. De forma sucinta, o novo presidente portista falou do projeto que tem para os próximos quatro anos, da ambição desportiva à recuperação financeira, mostrou total abertura para o diálogo com todos e deixou uma palavra de motivação extra para o que há ainda para garantir até ao final da temporada, do terceiro lugar no Campeonato à conquista da Taça de Portugal.

Com Villas-Boas a assumir a liderança de todas as conversas, houve ainda espaço para alguns minutos com Sérgio Conceição, como mostraram as imagens partilhadas pelo próprio clube. No entanto, e apesar de essa maior proximidade, nada em relação ao futuro foi ventilado – nunca seria, sendo que no caso do futebol é diferente das restantes modalidades tendo em conta que o Conselho de Administração continua a ser ainda o mesmo, liderado por Pinto da Costa e com Fernando Gomes, Adelino Caldeira, Luís Gonçalves e Vítor Baía. Quatro horas depois, o novo líder dos dragões deixou o Olival com Pereira da Costa e Zubizarreta.

Ao contrário do que tem acontecido em eventos recentes, André Villas-Boas não prestou declarações à saída aos jornalistas. Já Andoni Zubizarreta, que no Olival também não falou, tinha comentado de forma sucinta ao Mundo Deportivo o novo projeto desportivo no FC Porto num trabalho sobretudo centrado nos guarda-redes do Barcelona com enfoque em Ter Stegen. “Nova vida profissional? Muito bem, é um clube que está habituado a ganhar. Tem duas Champions e duas Ligas Europa, é um grande desafio”, salientou o antigo internacional espanhol, que já há algum tempo começou a tomar mais conhecimento da realidade portista.

Feitas as apresentações, não é esperado que Villas-Boas volte para já ao Olival pelo menos nos próximos dias, até para que tudo possa ficar focado no essencial: assegurar o terceiro lugar no Campeonato com vitórias nos dois encontros que falta com Boavista (casa) e Sp. Braga (fora) e conquistar a Taça de Portugal. Só depois, e com o novo Conselho de Administração em funções, irá começar a autêntica maratona de decisões a tomar em relação à próxima temporada no futebol profissional. Logo a começar, a continuidade ou não de Sérgio Conceição. E, sendo certo que renovou por quatro anos, não é líquido que se mantenha no cargo.