Aquele que é um dos mais antigos certames de música erudita no país voltará assim a levar diferentes estilos artísticos a várias salas e espaços públicos dessa cidade do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto, apresentando-os em concertos com entrada livre ou a preços entre os cinco e os 15 euros.

Alexandre Santos é um dos programadores do festival organizado pela Academia de Música de Espinho e admite que o evento enfrentou várias dificuldades ao longo do seu meio século de história, mas defende que o que sobressai desse percurso é um esforço constante de inovação.

“Ao longo destas cinco décadas, muitas das edições do FIME [Festival Internacional de Música de Espinho] foram pautadas por incerteza e insuficiência em termos de financiamento, por dificuldades relativas a espaços para a realização dos concertos e por inúmeras contrariedades de produção que só com enorme empenho e esforço se puderam ultrapassar, mas o festival afirmou-se pelo pioneirismo que foi marcando o seu historial”, declara o programador à agência Lusa.

Para essa consolidação contribuiu “a aposta em programações criteriosas, asseguradas por intérpretes de grande craveira nacional e internacional”, e esse espírito mantém-se em 2024, com “propostas de elevado recorte artístico, interpretadas por artistas de primeira linha”, reunidas num programa “diversificado e abrangente, em que a música erudita e o jazz são âncoras programáticas fundamentais”, mas também há “produções próprias e projetos desenvolvidos especificamente para Espinho”.

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O primeiro espetáculo do FIME 2024 é a 14 de junho e leva à praça da Câmara Municipal o pianista cubano Omar Sosa e a Orquestra de Jazz de Espinho, para o que Alexandre Santos anuncia como “um concerto eletrizante”.

Seguem-se, um dia depois e no mesmo local, os teclados de Mário Laginha e Pedro Burmester, “com a química única que resulta de décadas de cumplicidade”, e a 21, no Auditório da Academia, o violinista britânico Daniel Rowland, com um repertório focado em obras de Osvaldo Golijov e nas “Quatro Estações” de Vivaldi, sob arranjos de Max Richter “adaptados a novas formas de expressão”.

A 22 de junho o mesmo palco pertence ao cravo do francês Pierre Hantaï, que estreia em Portugal novas “interpretações frescas, originais e historicamente informadas” de composições barrocas como as de Bach, e a 28 o foco recai sobre o pianista americano Uri Caine, que, com o FIME Ensemble, traz a Espinho “um projeto muito especial” em torno do compositor Gustav Mahler, com espaço para a “improvisação e a transgressão de limites”.

As propostas do dia seguinte são vocacionadas para o instrumental, levando à Capela da Senhora da Ajuda a harpista Angelina Salvi e o acordeonista João Frade, e no dia 30 o FIME Ensemble regressa ao Auditório com um programa lúdico para famílias, explorando “O Carnaval dos animais”, de Camille Saint-Saëns, e ainda as obras de Ravel “Bolero” e “A minha mãe ganso”.

Quanto ao mês de julho, o primeiro concerto é no dia 05 com o coletivo Sissoko Segal Parisien Peirani, que, juntando os instrumentistas com esses quatro sobrenomes na kora, no violoncelo, no saxofone e no acordeão, dará a conhecer “música de diversas tradições eruditas e populares numa fusão com improviso”.

Os protagonistas seguintes da 50.ª edição do FIME são estes: no dia 06, o saxofonista e clarinetista cubano Paquito D’Rivera, que Alexandre Santos destaca pelo seu “grande virtuosismo e arrojo nas improvisações”; no dia 07, os israelitas Avi Avital e Omer Klein, respetivamente no bandolim e piano, com “releituras inovadoras e livres de Bach”; no dia 08, a violinista e compositora japonesa Hiromi, que irá explorar a sonoridade jazz-rock do seu disco “Sonicwonder”; e, no dia 12, o Coro Gulbenkian, que, sob a direção de Inês Tavares Lopes, interpretará na Igreja Matriz de Espinho temas de Bach, Mendelssohn-Bartholdy, Josef Gabriel Rheinberger, Max Reger e Knut Nystedt.

Depois da atuação a 19 de julho do pianista Pierre-Laurent Aimard, com a soprano Anna Prohaska, em torno de obras de Charles Ives, Stravinsky e Debussy, o festival apresenta, no dia seguinte, um espetáculo em que a maestrina Joana Carneiro dirige a Orquestra Clássica de Espinho, o Coro Sinfónico Inês de Castro e o Coro Viana Vocale. Na praça da Câmara Municipal, esses quatro coletivos vão protagonizar um interpretação conjunta da Nona Sinfonia de Beethoven, obra que em 2024 celebra os 200 anos da sua estreia pública.

A 22 de julho, o encerramento do certame faz-se no Auditório de Espinho com Dee Dee Bridgewater, que, com o seu “timbre quente, dicção impecável e swing irrepreensível”, é apontada por Alexandre Santos como “uma das vozes mais destacadas do grande cancioneiro americano”.