“Ainda Temos o Amanhã”
Estreia na realização da atriz Paola Cortellesi, que também tem o papel principal, e um colossal êxito de bilheteira e crítica em Itália no ano passado, Ainda Temos o Amanhã passa-se em Roma logo após o fim da II Guerra Mundial. Delia, uma mãe de três filhos e dona de casa vive com a família num bairro popular da cidade, tem um marido que a maltrata quase todos os dias, farta-se de trabalhar, trata do sogro entrevado e ingrato e teme que a filha, que vai casar com um rapaz de uma família com mais posses, acabe por fazer o mesmo erro que ela. Ainda Temos o Amanhã é um meticuloso pastiche dos filmes neo-realistas da altura em que a história decorre, apesar do recurso pontual e deslocado a números musicais. O pior é o caricatural e primário comício feminista retroativo embutido por Cortellesi na história, que contempla todos os lugares-comuns da “opressão patriarcal” e desemboca num final “edificante” tão ingénuo como risível.
“Um Casal”
Frederick Wiseman fez uma pausa nos documentários em 2022 para rodar esta fita sob a forma de um monólogo com uma hora de duração, protagonizado por Sophia Tolstói (Nathalie Boutefeu), mulher de Leo Tolstói, que lê textos do seu diário e das cartas que trocou com o marido durante os 36 anos do seu matrimónio, apesar de viverem na mesma casa. Wiseman filma Boutefeau quase sempre passeando pela natureza e pontua as leituras com planos do mar, de árvores e dos campos, e através destes textos são reveladas as dificuldades deste casamento e as grandes e constantes frustrações e aflições, bem como as alegrias ocasionais sentidas pela dedicada mas sofredora Sophia na sua relação conjugal com o autor de Anna Karenina e Guerra e Paz. Que não sai nada bem na fotografia enquanto marido e pai, dando razão àquela afirmação segundo a qual os grandes escritores não são também necessariamente boas pessoas.
“O Reino do Planeta dos Macacos”
Quarto título da segunda série destes filmes e já não assinado por Matt Reeves, que realizou o segundo e o terceiro, O Reino do Planeta dos Macacos tem uma história que se passa muitos anos após o reinado e a morte de César. Os macacos tornaram-se a espécie dominante e vivem em harmonia, e os humanos resignaram-se a viver na sombra e a esconderem-se. Enquanto um novo líder tirânico, Proximus César, constrói o seu império com armas feitas a partir de tecnologias humanas perdidas, e perverte os ensinamentos do seu pacífico e bondoso antecessor, um jovem macaco embarca numa viagem, acompanhado por uma rapariga humana, que o levará a questionar os ensinamentos que recebeu sobre o passado e a tomar decisões que vão definir o futuro de símios e homens naquela Terra devastada há muitos séculos. Interpretações de Owen Teague, Freya Alan, Kevin Durand e William H. Macy.
“Abigail”
Um grupo de malfeitores, cada qual com a sua especialidade (informática, condução de automóveis, armas etc.) e que não se conhecem uns aos outros, introduz-se numa casa e rapta uma menina de 12 anos que acabou de voltar do ballet, neutralizando-a com um soporífero e levando-a para uma mansão remota, onde se encontra à espera deles o “cérebro” da operação. A menina, chamada Abigail, é filha de uma figura rica e poderosa da sociedade, ao qual foi pedido um resgate de 50 milhões de dólares. O que os malfeitores não sabem é que a criança que raptaram não é inocente nem está assustada como aparenta. Ela é um vampiro feroz e com centenas de anos, e vai transformar os seus raptores em presas. Realizado por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillet, Abigail foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.