Tudo foi diferente no Dragão. Foi diferente porque, depois da Operação Bilhete Dourado que levou vários inspetores a fazerem buscas na manhã deste domingo nas instalações do clube, os Super Dragões decidiram não marcar presença no estádio e apoiaram a equipa da parte de fora do recinto. Foi diferente porque, pela primeira vez, André Villas-Boas esteve na tribuna (sendo aplaudido de pé pelos adeptos) e Pinto da Costa só chegou depois ao mesmo local. Foi diferente porque havia um sentimento complicado de digerir no plantel dos azuis e brancos, depois de Eustáquio perder o pai este fim de semana com os jogadores em estágio a não conseguirem marcar presença no funeral desta manhã. Houve uma coisa que não mudou: toda a força mental para resistir à adversidade durante um jogo. E foi assim que chegou a vitória frente ao Boavista.

O adeus de Taremi foi o olá a uma nova era. Pode ser melhor ou pior, de certeza que será diferente (a crónica do FC Porto-Boavista)

Depois do golo de Bruno Lourenço a meia hora do final, e com os axadrezados reduzidos a dez pela expulsão de Pedro Malheiro por acumulação de amarelos, o FC Porto conseguiu empatar por Zé Pedro nos derradeiros dez minutos e conseguiu chegar ao triunfo no oitavo minuto de descontos por Taremi, avançado iraniano que fazia o último encontro do Dragão antes de rumar ao Inter a custo zero para a próxima temporada. Ao todo, foi o oitavo triunfo com reviravolta dos azuis e brancos esta época, algo que não acontecia desde 2018/19 quando os dragões orientados por Sérgio Conceição conseguiram dez vitórias nesse contexto.

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Com esse triunfo, o FC Porto manteve o terceiro lugar no Campeonato com mais dois pontos do que o Sp. Braga, que ganhara na véspera em Guimarães também nos descontos, e pode jogar com dois resultados na Pereira na última jornada, sendo que há 48 anos que os dragões não terminam a prova abaixo da terceira posição. Para já, existe uma certeza: depois de ver o quinto cartão amarelo da época, Sérgio Conceição vai ficar de fora do banco na última jornada da competição, algo que deixou o técnico desagradado.

“Nós temos dois resultados em Braga, é ganhar ou ganhar. Não queremos ir para pensar noutro resultado que não esse. Vamos encontrar uma equipa difícil, que vem de uma vitória moralizadora num dérbi. Infelizmente não vou estar no banco, não compreendo o amarelo. É o meu quinto. Não sei… Isto é futebol, é paixão. Estava a festejar com o Mehdi [Taremi], com a equipa. Passámos todos à frente do banco e fui eu quem levou amarelo. Sinceramente é cansativo e desgastante… É uma pena não acabar o Campeonato no banco. É uma pena porque não merecia este amarelo. Noutras situações se calhar merecia, mas hoje não havia motivo. Não podemos dizer mais do que isso porque se não levo um processo…”, começou por dizer o treinador dos azuis e brancos na zona de entrevistas rápidas da SportTV, continuando a falar sobre o cartão.

“Se sabia que estava “tapado”? Claro! Houve situações em que podia ter sido mais expansivo e não fui. Ao fazer um golo aos 90+7′, já neste estado emocional, soltámos a alegria… Levar um amarelo por isso, não entendo porquê, têm de explicar-me o porquê. Deixa-me de fora. Mas tenho total confiança na equipa técnica, no Vítor Bruno. Já aconteceu várias vezes infelizmente. Está tudo preparado, é só a figura que está no banco. Eles têm qualidade para assumir certas situações. Estou completamente tranquilo, mas acho que não merecia acabar assim porque não fiz nada para merecer este amarelo”, acrescentou a esse propósito.

“Na primeira parte jogámos contra uma equipa bem organizada no seu terço defensivo e não fomos muito inteligentes como tínhamos de encontrar espaço. Não com variações de forma direta e previsível, era mais encontrar mesmo com pouco espaço gente entre linhas porque os nossos médios mostravam-se mas eram pressionados e não encontrávamos linhas. Quando encontrávamos gente, eles rapidamente metiam uma ou duas coberturas. Já a segunda parte foi de um sentido só. Na primeira o Boavista tentou sair em contra-ataque para tentar fazer o golo, conseguiu e nós estivemos sempre a mudar, a tentar dentro e fora, com sete, oito ou nove ocasiões claras. Foi uma vitória justíssima, que peca por escassa pelo caudal ofensivo na segunda parte”, tinha referido no início Sérgio Conceição, fazendo um resumo do triunfo no dérbi.

“Foi o meu último jogo no Dragão, mas o mais importante foi o FC Porto ter conseguido vencer. Tento sempre fazer o melhor e foi uma boa noite mágica para mim porque marquei e conseguimos vencer. Sei que os adeptos estão um pouco tristes comigo mas dei sempre o meu melhor ao FC Porto e vou continuar a apoiar o FC Porto”, salientou também Taremi à SportTV. “Foi um momento emocional para mim, porque como todos sabem foi o meu último jogo no Dragão. Sempre fui um adepto do FC Porto dentro e fora de campo. Defendi sempre o clube e é uma honra poder fazê-lo. Serei um super dragão até ao final da minha carreira e da minha vida. Deu sempre o melhor pela equipa e vou sentir muitas saudades. Foram quatro anos incríveis. Obrigado a todos os que me apoiaram”, acrescentou ainda o avançado iraniano após o encontro.