Era a única decisão por fechar. Sp. Braga e FC Porto encontravam-se na Pedreira na última jornada do Campeonato com o Sporting já campeão nacional, Vizela e Desp. Chaves já despromovidos e Portimonense obrigado a passar pelo playoff — e sabiam que discutiam o importante terceiro lugar da Primeira Liga.

Com um ponto de vantagem em relação aos minhotos, os dragões procuravam evitar a pior classificação da era Sérgio Conceição e partir para a final da Taça de Portugal com boas sensações. Numa reta final de temporada em que Jorge Nuno Pinto da Costa deu o lugar a André Villas-Boas e a continuidade do treinador é ainda uma enorme incógnita, o FC Porto não podia arriscar o tombo para fora do pódio.

Ficha de jogo

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Sp. Braga-FC Porto, 0-1

34.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal de Braga, em Braga

Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve)

Sp. Braga: Matheus, Victor Gómez, Paulo Oliveira, Niakaté, Borja, João Moutinho, Pizzi (Vitor Carvalho, 20′), Rodrigo Zalazar (Álvaro Djaló, 67′), Bruma (Rony Lopes, 81′), Ricardo Horta, Abel Ruiz (Simon Banza, 81′)

Suplentes não utilizados: Lukáš Horníček, Serdar, José Fonte, Adrián Marín, Cher Ndour

Treinador: Rui Duarte

FC Porto: Diogo Costa, Martim Fernandes (João Mário, 45′), Zé Pedro, Otávio, Wendell, Alan Varela, Nico González (Stephen Eustáquio, 76′), Francisco Conceição (Taremi, 76′), Pepê (Grujic, 90′), Galeno, Evanilson (Gonçalo Borges, 90′)

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Fábio Cardoso, Romário Baró, Danny Namaso

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Galeno (84′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Víctor Gómez (8′ e 12′), a Paulo Oliveira (13′), a Francisco Conceição (31′), a Borja (79′); cartão vermelho por acumulação a Víctor Gómez (12′)

Com um ponto de desvantagem em relação aos dragões, os minhotos procuravam terminar no terceiro lugar pela segunda temporada consecutiva e novamente com direito a destronar um dos “três grandes”. Numa reta final de temporada em que Rui Duarte se despedia após render Artur Jorge, que saiu para o Botafogo já durante a segunda volta, o Sp. Braga tinha a oportunidade de se afirmar como uma das melhores equipas portuguesas e juntar o pódio à Taça da Liga já conquistada.

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“Todos os jogos são finais, no FC Porto. Os jogos são sempre para ganhar. Neste caso não é uma final, porque o empate serve ao FC Porto e as finais não podem ficar empatadas. É um jogo que decide o terceiro lugar e temos consciência disso. A motivação tem de ser própria de um jogo de futebol. O desempenho coletivo é sempre importante, depois as individualidades vêm cá para fora. É por aí. Os jogos são todos diferentes, têm a sua história”, disse Sérgio Conceição na antevisão da partida, sendo que o treinador dos dragões assistia à partida desde a bancada da Pedreira após ter sido expulso contra o Boavista.

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Assim, Rui Duarte apostava em Zalazar, Ricardo Horta e Bruma no apoio mais direto a Abel Ruiz, com Álvaro Djaló e Simon Banza a começarem ambos no banco e Pizzi e João Moutinho a surgirem no meio-campo. Do outro lado e ainda sem Pepe, mas já com João Mário como suplente, Conceição mantinha a aposta em Zé Pedro e Martim Fernandes e tinha os crónicos Galeno, Pepê e Francisco Conceição nas costas de Evanilson.

O jogo começou muito concentrado na zona do meio-campo, mas depressa se percebeu que ambas as equipas iriam procurar explorar a profundidade nas costas do adversário: o FC Porto apostava na ala esquerda, com a velocidade de Galeno, e o Sp. Braga fazia o mesmo, com Bruma a testar a inexperiência de Martim Fernandes. À passagem do quarto de hora inicial, porém, toda essa percepção foi interrompida.

Víctor Gómez viu o segundo cartão amarelo no espaço de poucos minutos, com Nuno Almeida a cunhar um critério muito apertado, e a expulsão do lateral espanhol deixou os minhotos em inferioridade numérica. Rui Duarte procurou ajustar a equipa e sacrificou Pizzi, lançando Vitor Carvalho para adaptar o brasileiro à direita da defesa, e o Sp. Braga cerrou fileiras e recuou no relvado, passando a apostar quase única e exclusivamente na transição rápida para ultrapassar o meio-campo.

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O FC Porto, ainda assim, não soube capitalizar a superioridade numérica. Os minhotos defendiam bem, com uma enorme qualidade posicional, e a equipa de Sérgio Conceição não demonstrava capacidade (ou vontade) de causar desequilíbrios. Galeno teve a situação mais parecida com uma ocasião de golo, num lance em que rematou contra um adversário já na área (28′), mas os dragões terminaram mesmo a primeira parte sem uma verdadeira oportunidade.

Ao intervalo, o alegado jogo-cartaz da última jornada da Primeira Liga estava pobre, desinteressante e pouco inspirado. O FC Porto parecia conformado e satisfeito com o empate, que permitia garantir o terceiro lugar, e o Sp. Braga viu as ambições algo limitadas com a expulsão precoce. No fim dos 45 minutos iniciais, pedia-se muito mais a dragões e minhotos.

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Sérgio Conceição mexeu logo ao intervalo, trocando Martim Fernandes por João Mário, e Otávio poderia ter inaugurado o marcador nos instantes iniciais da segunda parte com um cabeceamento ao poste na sequência de um canto (51′). O FC Porto voltou muito melhor do que o Sp. Braga, assentando arraiais no último terço contrário e acumulando todas as oportunidades que não conseguiu criar no primeiro tempo, com Matheus a tornar-se crucial num minuto específico em que evitou o golo de Pepê, Francisco Conceição e Galeno com três defesas consecutivas (53′).

Os minhotos responderam com uma grande jogada de contra-ataque em que Wendell teve uma interceção fulcral, impedindo a finalização de Ricardo Horta depois de um cruzamento de Borja (55′), mas nem esse instante serviu para oferecer um novo rumo ao jogo. Os dragões iam dominando com bola, ainda que já sem a facilidade de chegar perto da baliza de Matheus que demonstraram nos primeiros minutos da segunda parte, e a equipa de Rui Duarte não tinha capacidade para reagir.

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Rui Duarte voltou a mexer a cerca de 20 minutos do fim, trocando Zalazar por Álvaro Djaló, e Nico teve a melhor situação de perigo dessa fase com um remate rasteiro que Matheus encaixou (71′). Sérgio Conceição lançou Eustáquio e Taremi, Niakaté teve uma enorme oportunidade com um cabeceamento que passou ligeiramente ao lado da baliza na sequência de um livre (81′) e os minhotos fizeram all in nos últimos instantes com Rony Lopes e Simon Banza, arriscando tudo à procura da vitória.

O que aconteceu, porém, foi precisamente o contrário. Eustáquio ganhou a bola no meio-campo e deixou em Taremi, o iraniano temporizou e soltou Galeno, que apareceu na cara de Matheus e atirou cruzado para abrir o marcador e marcar à antiga equipa (84′). O FC Porto venceu o Sp. Braga na Pedreira e garantiu o terceiro lugar do Campeonato e a entrada direta na fase de grupos da Liga Europa — numa temporada em que mudou de presidente 40 anos depois, em que pode mudar de treinador e em que muito vai continuar a mudar na estrutura dos dragões. No meio de tudo isso, Galeno serviu como a balança do processo de revolução em curso.

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