O maior problema de uma equipa que desce da Primeira Liga costuma ser a época seguinte. Porque existe um manancial enorme de receitas que deixam de existir, porque os custos têm de ser reajustados, porque toda a realidade competitiva, de bilhética e de abordagem à temporada acaba por ser diferente. Quem consegue esse equilíbrio, subindo ou não logo no ano seguinte, muito dificilmente passa muitos anos no segundo escalão; quem não consegue, arrisca-se não só a perder o comboio da ascensão mas também a entrar na vagão dos que lutam pela permanência. Mais do que todos os outros, o Santa Clara conseguiu – e com título.
Depois de ter garantido a subida ao principal escalão apenas um ano após fechar a Primeira Liga em 18.º e último lugar, o conjunto açoriano recebeu a União de Leiria em São Miguel na derradeira jornada e voltou a não facilitar, ganhando a corrida com o Nacional (que também subiu) pelo primeiro lugar do segundo escalão nacional. Tão ou mais importante, o triunfo por 2-0 permitiu que a formação orientada por Vasco Matos, que na última época era adjunto de Filipe Gonçalves no Casa Pia, terminasse a época de 2023/24 com apenas 19 golos sofridos ao longo das 34 jornadas da competição, num dos melhores registos na Europa.
Olhando para aquilo que são as principais ligas europeias, o Inter tinha o mesmo registo de 19 golos sofridos mas consentiu mais um este domingo no empate com a Lazio. Também o Real Madrid, que levava 22 golos sofridos, teve um final de Liga de loucos com o Villarreal e cedeu um empate a quatro. Nas Segundas Ligas, o Leganés, de Espanha, é a grande referências mas com 25 golos sofridos (em 40 jogos da competição.
“Vasco Matos? Esperemos que fique muitos anos nos Açores. A união do grupo fez a diferença. Todos os grupos campeões geralmente são assim. São grupos unidos, de pessoas dedicadas, e esse não foge ao exemplo”, comentou Bruno Vincintin, líder dos açorianos, depois do título citado pela agência Lusa.