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O Presidente da República alertou esta quinta-feira, numa conferência sobre o futuro da União Europeia (UE), em Florença, Itália, para a importância das eleições nos Estados Unidos, apontando que “não é o mesmo ganhar um candidato ou o outro”.

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Intervindo na conferência sobre o “Estado da União” promovida pelo Instituto Universitário Europeu de Florença, numa “conversa de alto nível” com a Presidente da Grécia, Katerina Sakellaropolou, consagrada ao tema “Uma nova era: moldar o futuro através dos valores europeus”, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que a UE enfrenta “diversos desafios”, mas alertou que a resposta a alguns deles depende de fatores externos, como as eleições presidenciais norte-americanas, em novembro.

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Apontando entre os grandes desafios que o bloco comunitário enfrenta “manter a UE unida, apoiar a vitória da Ucrânia contra a Rússia, recuperar economias, preparar o alargamento e o novo quadro orçamental”, tendo, a par do apoio à Ucrânia, “uma política externa, de segurança e de defesa forte”, além de matérias como as “migrações e relações com outras regiões”, Marcelo disse que, “para enfrentar esses desafios, há dois fatores”, e um deles “não depende” da Europa.

O primeiro fator chama-se eleições americanas. Vai tudo depender das eleições nos Estados Unidos. Não é o mesmo ganhar um candidato ou outro. Conhecemos ambos, o que significa [a sua eleição] em estilo, em política, nas relações com a Europa, nas relações com a Rússia, nas relações económicas e estratégicas com a Europa, na visão dos nossos sistemas políticos”, disse então, acrescentando que é “completamente diferente” o que o Presidente em exercício, Joe Biden, e o seu rival, o ex-Presidente Donald Trump, “pensam sobre questões-chave no mundo“.

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“Portanto, o primeiro fator que vai ser crucial é esse. Por exemplo, uma vitória do anterior presidente [Donald Trump] constituiriam boas notícias objetivas para a Rússia e más notícias para a segurança na Europa, para as relações económicas com a Europa, e para uma visão comum de mente aberta, e não unilateral e protecionista, sobre alterações climáticas, migrações, e tantas questões económicas e sociais. E isso faz uma diferença”, declarou, num debate sempre em língua inglesa.

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Quanto ao fator que depende da própria UE, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que o importante é manter a resiliência, a mesma que o bloco dos 27 conseguiu mostrar durante a pandemia, a crise que se seguiu e a guerra na Ucrânia.

O chefe de Estado apontou que todas as crises que se têm sucedido “exigem resiliência dos sistemas políticos” da Europa, mas alguns estão a mostrar sinais de fragilidade, e considerou que “as eleições serão um primeiro barómetro de quão fracas estão aos sistemas políticos clássicos e tradicionais da Europa”.

Questionado pelo moderador sobre se há o perigo de uma eventual reeleição de Trump provocar o fim da unidade europeia, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que o risco de haver uma mudança brusca nas relações transatlânticas “é um problema hoje [atual]”.

“Temos estado unidos em tudo o que importa, como a pandemia, a guerra da Ucrânia e várias crises. Mas qualquer mudança radical na América iria criar a tendência de diferentes reações, e não só relativamente à guerra na Ucrânia”, disse, acrescentando que, quanto à crise no Médio Oriente, essas diferenças já existem, “e isso é um problema”.

Enquanto decorria o debate numa das salas do Instituto Universitário Europeu de Florença, dezenas de estudantes fizeram ouvir os seus protestos em defesa da Palestina, tal como tem ocorrido em muitas instituições universitárias italianas, levando mesmo o Instituto a divulgar um curto comunicado.

“Hoje, os membros da comunidade do Instituto Universitário Europeu (IUE) manifestam as suas preocupações relativamente à conferência sobre o Estado da União 2024 e o IUE está a ouvir. No vibrante campus universitário do IUE, há sempre espaço para o desacordo e a discordância, desde que expressos de forma pacífica”, lê-se no comunicado.

A 14º conferência sobre o Estado da União, que decorre até sexta-feira em Florença, realiza-se este ano a pouco mais de duas semanas das eleições europeias, que têm lugar nos 27 Estados-membros entre 6 e 9 de junho.

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