Sem final da Taça de Portugal, não haveria tão cedo Pinto da Costa presidente. Sem final da Taça de Portugal, nunca teria existido um período sem Pinto da Costa no FC Porto desde os anos 60 quando entrou na secção de hóquei em patins. Sem final da Taça de Portugal, não teria acontecido o primeiro de muitos episódios de choque entre Pinto da Costa e a “capital do Império”, quando em 1983 ameaçou fazer falta de comparência se a decisão não fosse jogada nas Antas como estaria inicialmente apalavrado com a Federação. Esta tarde, no Jamor, foi a despedida de tudo. E uma despedida a ganhar e em lágrimas com o derradeiro troféu.
Foi o nervosismo de um miúdo que rebentou com eles (a crónica da final da Taça de Portugal)
Ainda hoje Pinto da Costa recorda com especial carinho a conquista da primeira Taça de Portugal pelo FC Porto, quando o FC Porto goleou o Rio Ave por claros 4-1. Quatro décadas depois, chegou o 16.º troféu na prova rainha diante do Sporting, num encontro em que foi impedido por castigo de estar no banco dos azuis e brancos mas que viu ao lado do sucessor, André Villas-Boas, na Tribuna. Uma Tribuna que fez com que, em 1980, saísse com José Maria Pedroto do clube em litígio com o então presidente Américo de Sá, acusado de estar preocupado com os interesses pessoais acima dos interesses do FC Porto. Saiu de chefe de departamento de futebol, voltou menos de dois anos depois como presidente. Até esta tarde, claro.
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“Querer ir para o banco não era porque se veja lá melhor, porque já não estou habituado, mas era uma homenagem que queria prestar aos jogadores que durante 42 anos proporcionaram 68 títulos no futebol nas minhas presidências. Hoje não foi possível porque estamos num país singular. Fala-se muito na liberdade de expressão, permite-se um presidente da Assembleia da República a dizer que se algum deputado chamasse burro a outro consentiria… É o país que temos, o que me interessa é que o FC Porto vença, esteja eu onde estiver, nem que seja em casa”, tinha destacado Pinto da Costa à SIC ainda antes do encontro.
Saio com sensação de dever cumprido, naturalmente que fiz erros e todos fazem erros. Só os burros não fazem, a sua missão é comer palha e relinchar, não podem errar. Saio de consciência tranquila e muito confiante no futuro do FC Porto”, apontou Pinto da Costa.
Jorge Nuno Pinto da Costa ???? 69 troféus no futebol ????
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“Como lido pessoalmente? Com tranquilidade. Tenho tratado de tudo como se fosse no primeiro dia, tenho dedicado todo o meu tempo e com naturalidade passarei o testemunho na terça-feira a André Villas-Boas, que já é presidente do clube e a partir de terça-feira será presidente da SAD. Retirar-me-ei com consciência tranquila, com satisfação por durante os meus mandatos o FC Porto ter ganhado mais de 2.500 títulos nas diversas modalidades, e passarei a ser um portista sem intervenção, porque não quero de maneira alguma perturbar o trabalho dos que entram. Serei apenas um adepto e nada mais. Quero é que o FC Porto ganhe, estarei como estava antes de ser dirigente nas bancadas. Não quero ser mais nada”, frisou.
Sérgio Conceição entregou a taça a Pinto da Costa e chamou André Villas-Boas para a levantarem juntos????????pic.twitter.com/IVmGHXfkcw
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Com prolongamento pelo meio, o FC Porto conseguiu mesmo vencer o campeão Sporting e Pinto da Costa não aguentou as emoções no final da partida, chorando de alegria com a conquista da Taça de Portugal. E a última imagem que ficou, além do abraço de Sérgio Conceição quando foi buscar a medalhas de vencedor, foi a de Pinto da Costa e Villas-Boas a erguerem o troféu na Tribuna para gáudio dos adeptos que foram cantando o nome do antigo presidente dos azuis e brancos entre insultos a… Frederico Varandas.
As finais da Taça de Portugal com Pinto da Costa na liderança do FC Porto
1982/83 (Antas): Benfica, 0-1 (D)
1983/84 (Jamor): Rio Ave, 4-1 (V)
1984/85 (Jamor): Benfica, 1-3 (D)
1987/88 (Jamor): V. Guimarães, 1-0 (V)
1990/91 (Jamor): Beira-Mar, 3-1 a.p. (V)
1991/92 (Jamor): Boavista, 1-2 (D)
1993/94 (Jamor): Sporting, 0-0 e 2-1 a.p. (V)
1997/98 (Jamor): Sp. Braga, 3-1 (V)
1999/00 (Jamor): Sporting, 1-1 e 2-0 (V)
2000/01 (Jamor): Marítimo, 2-0 (V)
2002/03 (Jamor): U. Leiria, 1-0 (V)
2003/04 (Jamor): Benfica, 1-2 a.p. (D)
2005/06 (Jamor): V. Setúbal, 1-0 (V)
2007/08 (Jamor): Sporting, 0-2 a.p. (D)
2008/09 (Jamor): P. Ferreira, 1-0 (V)
2009/10 (Jamor): Desp. Chaves, 2-1 (V)
2010/11 (Jamor): V. Guimarães, 6-2 (V)
2015/16 (Jamor): Sp. Braga, 2-2 e 2-4 g.p. (D)
2018/19 (Jamor): Sporting, 2-2 e 4-5 g.p. (D)
2019/20 (Coimbra): Benfica, 2-1 (V)
2021/22 (Jamor): Tondela, 3-1 (V)
2022/23 (Jamor): Sp. Braga, 2-0 (V)
2023/24 (Jamor): Sporting, 2-1 a.p. (V)
As finais de Pinto da Costa contra o Sporting
1994 (Jamor): Taça de Portugal, 0-0 e 2-1 a.p. (V)
1995 (Paris): Supertaça, 0-0, 2-2 e 0-3 (D)
2000 (Jamor): Taça de Portugal, 1-1 e 2-0 (V)
2000 (Coimbra): Supertaça, 1-1, 0-0 e 0-1 (D)
2007 (Leiria): Supertaça, 0-1 (D)
2008 (Jamor): Taça de Portugal, 0-2 a.p. (D)
2008 (Algarve): Supertaça, 0-2 (D)
2019 (Braga): Taça da Liga, 1-1 e 1-3 g.p. (D)
2019 (Jamor): Taça de Portugal, 2-2 e 4-5 g.p. (D)
2023 (Leiria): Taça da Liga, 2-0 (V)
2024 (Jamor): Taça de Portugal, 2-1 a.p. (V)