Era um jogo de “tripla” de quem já tinha acabado com todos os resultados possíveis, era também uma espécie de “desforra” depois do que se passou há duas semanas no Pavilhão Rosa Mota. Sendo certo que o triunfo no Dragão Arena e o empate no Pavilhão João Rocha ajudaram o FC Porto a ficar na primeira posição da fase regular do Campeonato, o triunfo dos leões nas meias-finais da Liga Europeia, antes de nova vitória diante da Oliveirense que valeu o terceiro triunfo europeu em cinco anos, acabou por ser um “balde de água fria” nas aspirações dos azuis e brancos não só a revalidarem a conquista internacional da última época mas também de fazerem o pleno depois da Taça de Portugal. Agora, “sobrava” o Campeonato. Um Campeonato que voltou a mostrar nos meses iniciais o aumento da imprevisibilidade em comparação com anos anteriores.

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A primeira ronda do playoff, não deixando de fora os quatro favoritos teóricos à passagem às meias-finais, mostrou isso mesmo. Depois de um primeiro triunfo mais apertado em casa por 4-3 frente ao Riba D’Ave, o FC Porto garantiu o apuramento na segunda partida apenas no desempate por grandes penalidades. Já o Sporting, que ganhou o segundo encontro por 5-1 em Tomar, teve de sofrer em casa na partida inicial, com o triunfo por 3-2 a surgir apenas nos últimos segundos. Agora, havia novo clássico. O primeiro de uma série que estava em aberto mas com ligeiro favoritismo para os azuis e brancos, até pela importância que o fator casa tem assumido nas últimas temporadas quando se chega à fase a eliminar do Campeonato.

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“No playoff não há empates, só vitórias, por isso vencer por 1-0, no prolongamento ou nos penáltis sabe ao mesmo. Mas claro que é importante controlar o jogo, até por uma questão de confiança. Meia-final da Liga Europeia? Aprendemos sempre com os erros e esse foi um jogo algo atípico da nossa parte em que tivemos uma entrada bastante fraca que ditou os golos sofridos. Olhámos para esse jogo e para os outros que fizemos esta época contra o Sporting”, apontara Telmo Pinto, jogador portista que esteve dois anos nos leões. “Toda a estrutura tática já está trabalhada há bastante tempo, a equipa tem o seu ADN bem definido, mas o que marca a diferença são os jogadores e o rendimento individual deles. As surpresas e as diferenças vão aparecer aí. Estamos numa grande dinâmica e vamos tentar dar-lhe continuidade”, frisara Alejandro Domínguez, técnico do conjunto verde e branco que está de saída no final da época (entrará Edo Bosch).

Era neste contexto que arrancava o quadro das meias-finais, que teria também esta quinta-feira a receção do Benfica, que na última jornada ainda conseguiu subir ao segundo lugar da fase regular, com a Oliveirense. E se os restantes clássicos até agora tinham sido marcados pelo equilíbrio, este acabou por ser aquele em que um dos conjuntos mais se destacou, com o FC Porto a ganhar vantagem com uma exibição segura (apesar dos últimos cinco minutos mais sofridos quando tudo parecia resolvido neste jogo 1) que acabou por “vingar” a derrota no Rosa Mota e a confirmar esse ligeiro favoritismo teórico que existia antes da partida.

Ao contrário do que aconteceu na meia-final europeia, os primeiros minutos não tiveram golos e as próprias equipas foram tentando estabilizar o seu jogo com mais vontade em manter o equilíbrio defensivo do que em arriscar muito em termos ofensivos. Assim, e entre duas grandes defesas de Ângelo Girão a travar um FC Porto que apesar do equilíbrio tinha ligeira supremacia, Alejandro Domínguez pediu a primeira paragem técnica ainda com o nulo no marcador. No entanto, nem o Sporting melhorou, nem os dragões tiveram outro tipo de dificuldades, inaugurando o marcador pouco depois num remate de meia distância sem hipóteses de Edu Lamas, que saíra do banco uns minutos antes na habitual rotação dos dois conjuntos (10′).

Estava dado o mote para o FC Porto soltar-se e dar continuidade a um ano civil de 2024 onde foi a melhor equipa nacional com esse desaire europeu no Rosa Mota, aumentando logo de seguida para 2-0 numa jogada que começou com queixas de uma falta por assinalar de Henrique Magalhães sobre Edu Lamas e acabou com Rafa a ter um trabalho individual na área antes de empurrar a bola para a baliza à terceira tentativa (12′). Ao contrário do que acontecera no Sporting, as trocas na equipa azul e branca fizeram bem e eram os dragões que continuavam mais próximos de chegar ao golo frente a uma formação leonina que nem em situações de 1×0 conseguia bater Xavi Malián, como aconteceu com Ferran Font (18′). Um cartão azul a Edu Lamas por falta sobre Toni Pérez ainda deu hipótese a João Souto para reduzir de livre direto mas o 2-0 manteve-se até ao intervalo (22′), com a situação de under play muito bem anulada pelos portistas.

O segundo tempo começou com uma versão melhor de Sporting, que levou Xavi Malián a brilhar na baliza em três lances em minutos consecutivos, mas foi o FC Porto que conseguiu aproveitar os espaços que foram aparecendo nas saídas em transição para aumentar a vantagem, com Hélder Nunes a surgir descaído pela direita para disparar mais uma “bomba” para o 3-0 (40′). Carlo Di Benedetto ainda teve oportunidade para aumentar o avanço dos azuis e brancos num livre direto após cartão azul a Alessandro Verona (41′) mas os leões ainda esboçaram uma reação com um golo numa jogada individual de Ferrant Font (45′) que foi de imediato seguido por uma recarga de Rafa Bessa para o 3-2 (45′). Voltava a ficar tudo em aberto, com Hélder Nunes a a falhar um livre direto por azul a João Souto (48′) e Ferran Font a fazer o mesmo por azul a Gonçalo Alves (49′), num final frenético sentenciado em definitivo por Hélder Nunes (50′).