O partido no poder na Sérvia reclamou vitória nas eleições deste domingo em Belgrado, seis meses após um primeiro ato eleitoral marcado por fraudes, manifestações e protestos internacionais.

“Tínhamos uma maioria mesmo depois de 17 de dezembro em Belgrado”, declarou o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, num discurso citado pela agência de notícias Agence France-Presse (AFP).

“Mas não achámos que fosse suficientemente legítima, porque outros não quiseram formar uma coligação connosco. Agora teremos 62 ou 63 assentos”, disse o presidente Vucic, num discurso que terminou com fogo de artifício nos céus da capital.

Em dezembro, o Partido Progressista Sérvio (SNS), do Presidente conservador Aleksandar Vucic, e a coligação da oposição Sérvia contra a violência (SPN) não garantiram em Belgrado a necessária maioria para governar o município da capital.

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De acordo com os primeiros resultados publicados pelo Centro para a Liberdade das Eleições e a Democracia (CeSID) e pela Ipsos, o SNS venceu com 53% dos votos em Belgrado. O Kreni Promeni (“Força para a Mudança”), recém-chegado à oposição, ficou em segundo lugar com 17% dos votos.

A afluência às urnas foi inferior à registada em dezembro: duas horas antes do encerramento das urnas, 37% dos eleitores da capital tinham votado, contra mais de 45% em dezembro, segundo os únicos números oficiais publicados até ao momento.

A missão de observadores internacionais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) considerou no seu relatório que as eleições de dezembro decorreram sob “condições desiguais” devido à presença preponderante de Vucic nos media.

Incapaz de assegurar uma maioria, o SNS teve de convocar novas eleições.

No entanto, “o que aconteceu em dezembro aconteceu em dezembro”, afirmou Lamberto Zannier, chefe da missão de observação da OSCE convidada para acompanhar as eleições.

Segundo esse responsável, houve “120 observadores espalhados por todo o país a observar as eleições durante todo o dia”, cujas conclusões serão conhecidas segunda-feira de manhã.

De acordo com o CeSID, registaram-se várias irregularidades durante o dia em Belgrado, bem como noutras cidades do país onde também se realizaram eleições locais.

Em Novi Sad, a segunda maior cidade da Sérvia, os ativistas da oposição acusaram o SNS de ter organizado um “centro eleitoral” na cidade.

O SNS, no poder desde 2012 e que obteve maioria absoluta nas legislativas, também celebradas em 17 de dezembro, controla atualmente a segunda e terceira cidades do país, Novi Sad e Nis.

A generalidade dos analistas admite que a oposição, com lista unificada nestas duas cidades, obtenha uma vitória que lhe permita assumir o poder municipal.

No entanto, em Belgrado, a oposição dividiu-se entre os que se apresentam de novo ao escrutínio deste domingo e um grupo de partidos que apelou ao boicote eleitoral.