O político moçambicano Venâncio Mondlane renunciou esta segunda-feira ao mandato como deputado na Assembleia da República e membro da Renamo, maior partido da oposição, divulgou o próprio, que pretende concorrer a Presidente da República nas eleições gerais de outubro.

Venâncio Mondlane renunciou ao mandato como deputado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) “em consequência de uma tomada de consciência profunda da necessidade de busca de meios mais eficientes e duma atmosfera política propícia para continuar o seu combate em defesa da democracia plena”, lê-se no documento de renúncia, publicado hoje pelo político na sua página da rede social Facebook.

Num outro documento, remetido ao secretariado-geral da Renamo, Venâncio Mondlane renunciou também à sua qualidade de membro do maior partido da oposição moçambicana, numa altura em que afirmou a sua intenção de concorrer a Presidente nas eleições gerais de 9 de outubro.

Membro da Renamo desde 2018, o político afirma ter tomado a decisão após uma reflexão profunda e pela necessidade de “buscar meios alternativos para continuar a promover a ética, princípios e valores de uma democracia plena”.

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Em 24 de maio, a Renamo afirmou que Venâncio Mondlane estava proibido de usar os símbolos do partido na promoção da sua imagem como candidato independente à Presidência da República.

“Se um sujeito vai avançar com uma candidatura independente [às eleições presidenciais] é óbvio e lógico que deve alimentar a sua iniciativa na qualidade de candidato que é, mas que deixa de usar nome, bandeira e camisetas da marca Renamo”, disse o deputado e porta-voz da bancada parlamentar da Renamo, Arnaldo Chalaua, em conferência de imprensa, em Maputo.

Venâncio Mondlane, 50 anos, que foi candidato pela Renamo nas últimas eleições municipais de 2023 à autarquia de Maputo, iniciou em maio a recolha das 10 mil assinaturas necessárias para concorrer à Presidência nas eleições de outubro, depois de não ter conseguido concorrer à liderança da Renamo no congresso realizado no mesmo mês.

O congresso ficou marcado pela exclusão da sua candidatura à liderança, por não cumprir os requisitos do perfil definido pelos órgãos do partido.

Venâncio Mondlane excluído dos candidatos à presidência da moçambicana Renamo

Mondlane ainda recorreu aos tribunais para forçar a inclusão da sua candidatura, mas, apesar de uma providência cautelar que foi aceite pelo tribunal, o congresso não alterou a lista de candidatos submetidos à votação nem permitiu a sua entrada na reunião magna.

O presidente da Renamo, Ossufo Momade, 63 anos, será o candidato do partido ao cargo de Presidente da República, conforme decisão tomada pelo congresso daquela formação política, que o reconduziu na liderança.

Ossufo Momade tem sido externa e internamente criticado devido a alegada inércia face a supostas irregularidades nas eleições autárquicas moçambicanas de outubro passado, sendo também acusado de negligência face à situação dos guerrilheiros do partido desmobilizados à luz do acordo de paz com o Governo.

Moçambique realiza em 9 de outubro eleições gerais, que incluem, além de legislativas e provinciais, presidenciais, às quais já não pode concorrer o atual Presidente, Filipe Nyusi, por ter atingido o limite constitucional de dois mandatos.