Um joga-se com a mão, o outro com o pé. Um tem apenas cinco jogadores por equipa, outro tem 11. Um não conhece qualquer tipo de limitação nas substituições, outro tem essa possibilidade limitada. Um tem apenas seis faltas para dar por atleta (cinco na Europa), outro depende sempre da sua gravidade para poder ou não continuar em jogo. São várias as diferenças entre basquetebol e futebol, são cada vez mais os pontos em comum entre ambos. E a relação entre dois técnicos, que à primeira vista teriam pouco ou nada a ver, serve de exemplo para mostrar como se pode retirar cada vez mais dos pormenores para preparar a equipa.

Em fevereiro, Joe Mazzulla, treinador dos Boston Celtics, esteve na Academia do Manchester City e privou com Pep Guardiola. O antigo adjunto de Ime Udoka, que assumiu primeiro o cargo em termos interinos pelo processo que corria contra o técnico que tinha uma relação com uma funcionário da franquia e esta época foi nomeado treinador principal, adora futebol, segue futebol e considera que o espanhol é o melhor não só no futebol mas em todas as modalidades. Esta semana, foi a vez de Guardiola, de novo campeão inglês (sexta vez em sete anos), “devolver” a visita entre trocas de camisolas e de impressões num treino. Nos bloqueios, nas combinações 2×1 ou 3×2 ou nas reposições laterais, há um sem número de pontos comuns entre ambos.

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Com um estilo desportivo de chapéu virado ao contrário e equipado com a camisola dos Celtics, Guardiola, que antes de assumir o Manchester City teve um período sabático nos EUA, aproveitou a oportunidade para marcar presença na primeira fila do TD Garden e não passou despercebido. Nem aos fãs, que ali estavam e iam tirando fotografias, nem aos jogadores, com Kristaps Porziņgis a perceber quem andava por aquelas zonas e a parar a sua série de lançamentos para ir cumprimentar o técnico. O letão, que esteve ausente cerca de um mês da competição por lesão, transpirava confiança por tudo o que era sítio. E mostrou-o, claro.

Os Dallas Mavericks, sempre com Luka Doncic a levar a equipa às costas (30 pontos, dez ressaltos e apenas uma assistência) apesar de em alguns momentos parecer estar a jogar limitado fisicamente, ainda conseguiu uma interessante recuperação na partida no terceiro período mas tudo o que tinha acontecido antes definira de vez o destino do jogo 1 da final. Definira e, acrescente-se, mostrou o porquê de os Boston Celtics serem a melhor equipa da fase regular e a melhor equipa da NBA, com vários recordes de diferenças a ameaçarem ser batidos no final do primeiro período e ao intervalo. Guardiola, esse, estava louco na primeira fila.

Porzingis foi um bom exemplo disso, provavelmente o melhor. Começando no banco naquele que era o seu regresso à equipa, tendo Al Horford no cinco inicial, o letão entrou a ferver e precisou de sete minutos para marcar 11 pontos, ganhar três ressaltos e fazer mais três incríveis desarmes de lançamento. O início até tinha sido mais ou menos equilibrado mas durante o final do primeiro período (que chegou com 37-20) e o início do segundo houve uma autêntica enxurrada de basquetebol, de defesa, de triplos consecutivos, de jogadas espectaculares. O triunfo por 107-89 no final foi curto para mostrar o que se passou nesse período.

Neemias Queta, com os ténis azuis que se destacavam no banco de suplentes, acabou por não entrar em campo nem mesmo nos derradeiros minutos, altura em que foi chamado Luke Kornet, o terceiro poste da equipa de Boston. No entanto, fez a festa com o primeiro passo para aquele que pode ser o seu primeiro título na NBA, num encontro que teve sete jogadores da casa com oito ou mais pontos: Jaylen Brown (22), Porzingis (20), Jayson Tatum (16 com 11 ressaltos), Derrick White (15), Jrue Holiday (12, com oito ressaltos e cinco assistências), Al Horford (dez com sete ressaltos) e Sam Hauser (oito). E podia não ficar por aí…