As primeiras projeções em França dão a vitória à União Nacional, o partido de extrema-direita liderado por Marine Le Pen, que terá alcançado um resultado histórico de 32,4% e conseguindo 31 eurodeputados.

Esta é a primeira vez que um partido francês ultrapassa os 30% de votação em eleições europeias desde 1984, relembra a Euronews. É também o dobro da percentagem obtida pelo segundo classificado, o Renascença de Emmanuel Macron.

Segundo as projeções, a União Nacional (ID, extrema-direita) conseguirá 32,4% dos votos, o que equivale a 31 eurodeputados, seguindo-se o Renascença de Macron (Renew, liberais) que fica pelos 15,2% e 14 eurodeputados.

Já o PS (S&D, centro-esquerda) terá 14,3% e 13 eurodeputados , o LFI (Esquerda Unitária, esquerda radical) ficará com 8,3% e oito eurodeputados e o LR (PPE, centro-direita) terá 7% e seis deputados.

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Cabeça-de-lista Bardella exige eleições — e Presidente Macron acede

As projeções levaram de imediato Jordan Bardella, o jovem cabeça-de-lista da União Nacional (e atual presidente do partido), a apelar ao Presidente francês, Emmanuel Macron, para que convoque eleições legislativas, após o bom resultado do partido de extrema-direita.

“Ao permitir a RN exceder os 30% dos votos, os franceses escolherem um caminho”, declarou Jordan Bardella, acrescentando que existe uma “vontade de mudança” em França. Para o cabeça de lista, foi enviada uma mensagem “para os líderes europeus”: “Um vento de mudança sopra em França e é apenas o início”.

Numa mensagem a Emmanuel Macron, o cabeça de lista indicou que o Presidente não pode ficar sem reagir perante estes resultados. “Ele deve desistir da sua agenda. Emmanuel Macron é um Presidente enfraquecido”, proclamou Jordan Bardella, pedindo a realização de novas eleições.

Nem meia-hora depois da declaração de Bardella, Macron dirigia-se oficialmente à nação. “Decidi voltar a dar-vos uma escolha sobre o futuro parlamentar”, disse o líder francês. “Esta decisão é séria, ponderada e acima de tudo um ato de confiança”, declarou Emmanuel Macron.

França irá assim a eleições legislativas a 30 de junho (1ª volta) e 7 de julho (2ª volta).  “Ouvi a vossa mensagem”, disse o líder francês numa mensagem ao país, garantindo que “não vai” ficar “sem resposta”.

“Num momento de verdade democrática e, apesar de não ser um líder político com prazo eleitoral, eu sei que posso contar com vocês”, apelou Emmanuel Macron. “França precisa de uma maioria clara em serenidade e harmonia. Ser francês basicamente significa escolher escrever história”, indicou o líder de França.

Renascença, o movimento de Macron, lambe as feridas e olha para “novas alianças” na Europa

A eurodeputada do Renascença, o movimento fundado por Emmanuel Macron (que já teve outros nomes como En Marche!), Valérie Hayer, lamentou-se pelos resultados eleitorais em França. “Esta noite, um líder político que ame França e a Europa não pode festejar”, decretou. Hayer — que é também a presidente da família europeia do Renew (liberais) — reconheceu que o partido “não conseguiu convencer” os eleitores de que é necessário combater “o perigo do populismo em ascensão por toda a Europa”.

Já o cabeça-de-lista Christophe Grudler considerou que os resultados destas europeias em França representam “uma tragédia nacional”.

“Vamos ter de trabalhar três vezes mais”, disse Grudler, que admitiu que os liberais podem contribuir para uma aliança no Parlamento com o PPE de Von der Leyen, mas através de “novas alianças” — ou seja, com os Verdes e não com os Conservadores e Reformistas (direita radical).

Contudo, o eurodeputado admitiu: “Vai ser muito difícil.”