O Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou um empréstimo de quase 800 milhões de dólares (744,6 milhões de euros) à Argentina e disse que o programa de estabilização da economia do país está “no bom caminho”.

“Todos os critérios quantitativos de desempenho até ao final de março de 2024 estão a ser cumpridos com margem”, afirmou o conselho de administração do FMI, num comunicado divulgado na quinta-feira.

Esta decisão de aprovar a oitava revisão do atual programa do FMI de ajuda a Buenos Aires vai elevar o pagamento total já efetuado a mais de 41 mil milhões de dólares (38 mil milhões de euros).

O acordo entre a instituição multilateral e a Argentina abrange um total de 44 mil milhões de dólares (41 mil milhões de euros).

O FMI reiterou que “a consolidação do progresso sólido exige a melhoria da qualidade da consolidação orçamental, a tomada de medidas para estabelecer um roteiro para melhorar a situação monetária e cambial e a implementação de um programa estrutural”.

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“As boas notícias continuam”, disse o Presidente argentino ultraliberal, Javier Milei, na rede social X (antigo Twitter).

A decisão do FMI surgiu um dia depois da câmara alta do parlamento da Argentina ter aprovado uma proposta de Milei que prevê uma reforma do Estado, apesar de tumultos que deixaram cerca de dez feridos.

A legislação dá amplos poderes ao Presidente em áreas como a energia, pensões, segurança e inclui incentivos fiscais durante 30 anos a investidores estrangeiros, uma amnistia fiscal para argentinos com ativos não declarados no exterior e fim de tarifas de importação.

Os sindicatos argentinos também manifestaram oposição veemente à reforma das leis laborais que tornariam mais fácil para as empresas despedir funcionários, bem como aos planos de privatização de algumas empresas estatais.

Ao contrário dos anteriores líderes argentinos desde o regresso da democracia em 1983, o partido de Milei conta com uma minoria do parlamento e por isso não conseguiu aprovar uma única lei durante os primeiros seis meses no cargo.

Por isso, o novo Presidente tem preferido aplicar o poder executivo para reduzir os gastos do Estado e eliminar restrições e regulações económicas.

A Argentina continua a enfrentar uma inflação recorde, ainda que tenha continuado a desacelerar em maio, para 4,2% em termos mensais, o valor mais baixo em dois anos e meio.

No entanto, em termos anuais a inflação continua a ser muito elevada, 276,4%, numa tendência que se acelerou após a desvalorização da moeda argentina, o peso, imposta por Milei no final de 2023.

A economia da Argentina deverá contrair 2,8% em 2024, de acordo com uma previsão do FMI, após uma recessão de 1,6% registada em 2023.