O grupo de trabalho da Assembleia Municipal do Porto que acompanha os investimentos no transporte público mostrou, esta segunda-feira, preocupação com “o deslizar de prazos” de conclusão das obras do metro e a falta de informação partilhada com os munícipes.
Na conferência de imprensa estiveram representantes de todos os partidos com assento na Assembleia Municipal do Porto, à exceção do deputado único do Chega.
Desde o final de fevereiro, o grupo de trabalho elaborou três relatórios, dois sobre o metrobus, que ligará a Casa da Música à Praça do Império, e outro sobre a Linha Rosa, que ligará São Bento à Casa da Música.
Os dois relatórios sobre o metrobus foram enviados a 30 de abril ao Conselho de Administração da Metro do Porto, tendo esta segunda-feira a empresa respondido, avançou o presidente da Assembleia Municipal, Sebastião Feyo de Azevedo.
Dizendo não ter tido oportunidade de ler atentamente a resposta da Metro do Porto, Sebastião Feyo defendeu que o Porto “não é um condomínio privado” e que o consecutivo adiamento da conclusão das obras se reflete em prejuízos para as atividades económicas e munícipes.
No seu entender, a Metro do Porto “tinha obrigação” de explicar aos cidadãos os projetos em curso.
“A informação aos cidadãos é imprescindível em obras com impacto social e económico desta magnitude”, referiu.
Já quanto à Linha Rosa, que segundo o grupo de trabalho somava em 30 de abril “mais de dois anos de atraso”, Sebastião Feyo mostrou também preocupação com “o deslizar do prazo”, a “ocupação da via pública quiçá excessiva” e os impactos no comércio e ambiente.
Também o líder da bancada do movimento independente “Rui Moreira: Aqui Há Porto”, Raul Almeida, salientou que a vida dos cidadãos foi “terrivelmente afetada” pelas obras, criticando a Metro por não explicar “o porquê e o que vêm a seguir”.
“Nada disto foi feito e foi feito com um deslizar permanente de prazos, revistos em prejuízo das pessoas e da cidade”, referiu, dizendo não ser possível confiar nos prazos anunciados pela empresa e em “tão fracas explicações”.
“Ninguém está contra o futuro da política de transportes públicos do Porto, estamos é contra como está a acontecer e esta política de certa sobranceria em relação à vida de todos nós”, observou.
Pelo PSD, Miguel Corte Real comparou o trabalho desenvolvido pelo grupo a um “grito de indignação”, acusando a metro de “não ouvir os portuenses”.
“Não podemos mudar o passado, mas podemos julgá-lo e exigir que no futuro haja uma seriedade diferente para cumprir prazos”, acrescentou.
Também o socialista Agostinho Sousa Pinto demonstrou preocupação com os “atrasos injustificáveis” na conclusão das empreitadas, lembrando que os mesmos comportam “impactos na economia” da cidade.
“Encetamos a metro para que nas novas frentes tenha uma atitude diferente”, referiu, dizendo não acreditar “em milagres” relativamente às obras que ainda decorrem.
Pela CDU, Rui Sá considerou que foram tomadas “decisões estratégicas à revelia do município” que levantam dúvidas, dando como exemplo a linha rubi, a Marechal Gomes da Costa e o enquadramento do metrobus na Boavista.
“Esquecem-se que estão a intervir no miolo de uma cidade”, referiu, defendendo um maior dialogo com os órgãos autárquicos para minimizar os impactos e acusando a Metro do Porto de mentir relativamente aos prazos anunciados.
Pelo PAN, Paulo Vieira de Castro mostrou preocupação com os impactos ambientais da obra, dando exemplos como a ciclovia na Avenida da Boavista, o separador central na Marechal Gomes da Costa e as árvores abatidas na Rotunda da Boavista.
“São exemplos de alguns atropelos que acontecem à natureza para além dos cidadãos”, referiu.
Já Rui Nóvoa, do BE, assegurou que a criação do grupo de trabalho permitiu “ter consciência do que a cidade vive” e que ficará atento e não hesitará em tomar as medidas necessárias.
Contactada pela Lusa, a Metro do Porto não quis comentar.