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Quase 200 joias em homenagem ao 25 de Abril numa exposição e a reabertura do MUDE à vista

Joalharia criada por 90 artistas de 30 nacionalidades está em exposição num palacete em Belém a celebrar os 50 anos do 25 de Abril com o apoio do MUDE. Novidades sobre o museu só na próxima semana.

Um martelo tornado joia, na exposição "Madrugada – A Joalharia e a Política da Esperança"
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Um martelo tornado joia, na exposição "Madrugada – A Joalharia e a Política da Esperança"

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Um martelo tornado joia, na exposição "Madrugada – A Joalharia e a Política da Esperança"

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Em ano de celebrações dos 50 anos do 25 de Abril a festa também passa pela arte de fazer joias. A exposição “Madrugada – Joalharia e a Política da Esperança” deve o nome precisamente à madrugada do dia da revolução e reúne quase 200 peças criadas por 90 artistas no Palacete dos Condes da Calheta, em Lisboa. O Observador fez uma visita guiada a esta mostra organizada pela PIN (Associação Portuguesa de Joalharia Contemporânea) e pelo MUDE (Museu do Design e da Moda) no âmbito do programa MUDE Fora de Portas. O museu está fechado para obras há quase oito anos e a sua reabertura já foi anunciada para este ano, mas ainda não foi fixada uma data. A diretora, Bárbara Coutinho, garante que novidades sobre o MUDE só mesmo na próxima semana.

Ao Observador, Bárbara Coutinho diz que inicialmente esta exposição foi pensada para o edifício principal do museu, mas depois “houve uma necessidade de a fazer fora de portas”. Conta que o Palacete dos Condes da Calheta já tinha sido parceiro do museu em 2017. Quando Lisboa foi Capital Ibero-Americana da Cultura o MUDE tinha três exposições pensadas e a diretora pôs-se à procura de possíveis locais para elas. Surgiu então este espaço que, sendo um projeto do fim do século XVI, estava relacionado com o tema. Agora, este palacete voltou a ser a solução. Enquanto o museu tem estado fechado o programa MUDE Fora de Portas tem levado exposições a outras moradas em Lisboa e mesmo fora da capital. A diretora afirma que quando o MUDE reabrir o programa vai continuar.

A apresentação desta terça-feira coube à diretora do Museu do Design e da Moda, que lembrou que a parceria do museu com a PIN já vem de trás e é para continuar. Diz que esta é uma exposição “que trabalha a reflexão sobre a joalharia contemporânea” e que é feita “pela lente da arte e da cultura”. Bárbara Coutinho acrescenta que “as artes são o fator de transformação do homem e do coletivo”. Há um núcleo de joalharia contemporânea no museu que emprestou a esta exposição três peças.

Na véspera da abertura ao público da exposição, que poderá ser visitada a partir desta quinta-feira e até 22 de setembro, ainda se faziam acabamentos e alguns artistas estavam mesmo a montar as suas peças, como por exemplo, duas dinamarquesas de Copenhaga cuja obra encerra a mostra de joias. A visita foi guiada pelas três curadoras, três mulheres com experiências diferentes desta marcante data nacional: Marta Costa Reis é presidente da PIN, que celebra 20 anos. Mònica Gaspar é espanhola, de Barcelona, e tem a visão de quem viu o 25 de abril de fora e viveu a queda de Francisco Franco. Patrícia Domingues é a mais nova das três e já nasceu em democracia. Destaca o poder do “imediato” na joalharia, ou seja, como uma peça pode ser feita e logo usada na rua. Assim como o facto de “a joalharia ser tão pequena e ter a capacidade de falar sobre realidades tão grandes”.

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Esta mostra acontece no âmbito da II Bienal de Joalharia Contemporânea de Lisboa, que decorre entre abril e setembro e conta com uma programação de eventos que pode ser consultada online. Há mais duas exposições a acontecer neste momento, uma delas está patente no Museu do Tesouro Real apenas mais alguns dias.

As peças estão expostas em estruturas, a maioria delas em vitrines, montadas em diferentes salas do palacete e definindo o percurso da visita. Nuno Pimenta, responsável pelo design expositivo, explica que o edifício está protegido, por isso nada toca nas paredes e os materiais serão devolvidos aos seus donos no final da exposição. Em quase duas centenas de peças expostas, tanto há pequenos alfinetes como instalações e os artistas de 30 nacionalidades garantem que todos os continentes estão representados. A exposição está dividida em núcleos e a explicação pode ser lida nas vitrines das joias em português e em inglês: Mais que flores, Cuidar, Reparar, Tornar-se, Reconhecer, Empoderar, Protestar, Transitar e Revolução. Recontamos seis histórias de peças e seus autores que foram partilhadas na visita guiada.

Na terceira sala desta exposição, as obras da joalheira sul-africana Geraldine Fenn fazem uma abordagem ao tema do colonialismo. Mostram medalhões com retratos em estilo europeu com trabalho em missangas locais.

Os medalhões de Geraldine Fenn

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Na mesma sala uma joia/instalação exposta no meio da sala mostra um fio com uma sequência de pequenas caveiras brancas. O artista sul-americano Kisendo esculpe uma destas caveiras cada vez que há uma morte violenta num cartel. É, por isso, uma peça inacabada e em constante construção.

As mini caveiras de Kisendo

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Na xiloteca do palacete, ou seja, a sala onde está uma coleção de madeiras da época colonial, os materiais das peças são os protagonistas e têm as suas próprias histórias ainda antes de serem tornados em joias. Por exemplo, uma peça em forma de nariz foi feita com madeira de um confessionário de igreja, pelo artista suíço David Bielander.

David Bielander © Diogo Ventura

Numa vitrine onde o tema é o empoderamento, destaca-se uma peça composta por vários objetos metálicos que tanto se assemelham a tampões como balas e, na verdade, a sua história faz referência a ambos. Segundo uma das curadoras, a inspiração partiu de uma discussão no equivalente ao parlamento do estado norte-americano do Texas onde o tema eram os direitos reprodutivos e as mulheres terão sido impedidas de entrar com tampões para não os atirarem aos políticos. Há no entanto a ironia de, provavelmente, permitirem as armas. A obra é de Sophie Hanagarth.

As balas/tampões de Sophie Hanagarth © Diogo Ventura

A artista de origem ucraniana a viver na Alemanha, Anna Avits, tem nesta exposição duas peças. Umas sapatilhas de ballet em chumbo com fitas nas cores de um santo padroeiro russo e uma gargantilha com uma matrioska, que passa a ideia de não deixar que quem a usa consiga expressar-se.

As duas peças da artista de origem ucraniana a viver na Alemanha, Anna Avits

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

O atual conflito no Médio Oriente também tem espaço nesta exposição. A artista israelita Deganit Stern Schocken colecionou latas esmagadas por tanques na fronteira de Israel com território palestiniano e decidiu acrescentar-lhe pormenores como elementos em prata ou um diamante, e fazer delas acessórios. Contam as curadoras da exposição que duas outras artistas pediram muito para participar na mostra e trouxeram peças também cheias de significado. São duas chaves porque, aparentemente, muitos palestinianos refugiados levam consigo uma chave ao peito que simboliza a casa que deixaram para trás. Uma artista de origem palestiniana criou um pendente que é uma chave em ouro puro, o que a torna muito frágil, e impossível de usar. Outra artista, mas de origem israelita, criou uma chave esculpida numa pedra recolhida na Terra Santa.

O medalhão de lata de Deganit Stern Schocken e as chaves palestinianas

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

“Madrugada – A Joalharia e a Política da Esperança”. De 27 de junho a 22 de setembro, no Palacete dos Condes da Calheta, na Rua General João de Almeida (Belém), em Lisboa.

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