“O Clube dos Milagres”

Três amigas que vivem numa cidadezinha irlandesa, em 1967, ganham um concurso de talentos que lhes vai permitir sair do país pela primeira vez e ir com o padre local a Lourdes. À última hora, junta-se à excursão a filha de uma amiga que morreu recentemente, vinda dos EUA para o funeral da mãe, para onde foi ainda nova, nunca mais tendo dado notícias a ninguém. A sua presença vai causar mau-estar entre elas e tornar ainda mais vivos acontecimentos trágicos do passado que nunca foram esquecidos. Realizado por Thaddeus O’Sullivan, O Clube dos Milagres é um filme singelo, sincero e emotivo (mas nunca sentimentalão) sobre o ressentimento, a culpa, o perdão, as várias maneiras de entender a fé e a possibilidade dos milagres, que tem nas interpretações de Maggie Smith, Kathy Bates, Laura Linney e da jovem Agnes O’Casey mais quatro boas razões para ser visto.

“Onde Está o Pessoa?”

Leonor Areal descobriu, num filme anónimo de 1913 que regista a saída de um concerto de domingo no Teatro da República (o São Carlos rebatizado pela dita após o 5 de Outubro), aquelas que serão as únicas imagens cinematográficas, em movimento, de Fernando Pessoa, alguns breves segundos em que surge acompanhado pela sua tia Anica. Onde Está o Pessoa? daria uma boa curta-metragem, só que Leonor Areal “estica” este “filme-ensaio” até à hora de duração, ao pôr-se à caça, nas mesmas imagens, de contemporâneos do poeta ligados às artes e às letras que teriam ido àquele concerto e surgiriam nas mesmas imagens. Alguns estão lá, outros — bastantes — ficam no campo da conjetura e da suposição (há pelo menos uma identificação claramente errónea, a segunda, do grande António Silva), e o resultado é repetitivo e forçado.

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“A Doce Costa Leste”

Primeiro filme como realizador do diretor de fotografia Sean Price Williams, conhecido pelo seu trabalho no cinema indie com nomes como Abel Ferrara, Sean Baker ou os irmãos Safdie. Lilian (Talia Ryder), uma rapariga da Carolina do Sul, vem a Washington numa viagem de finalistas do liceu, e depois de um incidente num bar, envolve-se em estranhas peripécias com um grupo de jovens “antifas” ridículos e trapalhões, um professor universitário supremacista branco e apaixonado por Edgar Allan Poe ou um casal de extravagantes realizadores negros que estão a fazer um filme histórico de baixo orçamento. A Doce Costa Leste é de tal forma anárquico e vago na forma, na narrativa e nos propósitos – que não na pose “alternativa” e visualmente exibicionista  -, que se diria que Williams filmou não um argumento acabado, mas sim um primeiro e grosseiro esboço.

“Gru — O Maldisposto 4”

Quando Gru, a sua família (que inclui agora um bebé, Gru Júnior) e o trio de fiéis Minimos formado por Stuart, Kevin e Bob têm que se ir esconder numa casa-refúgio da Liga Anti-Vilões, por estarem a ser perseguidos pelo malvado Maxime Le Mal (voz de Will Ferrell), vulgo Homem-Barata, o mutante e irascível vilão de piquete a esta quarta fita desta série de animação, os restantes Mínimos são despachados para a sede daquela organização. Onde surge a ideia de submeter cinco deles a uma experiência científica que os dotará de superpoderes, a saber: elasticidade, voo, visão laser, força e comer paredes e mastigar bombas. E assim surgem os Mega Mínimos, novos rivais dos super-heróis tradicionais, só que imensa e comicamente trapalhões. Gru — O Maldisposto 4 foi escolhido pelo Observador como filme da semana e pode ler a crítica aqui.