A quinta Bienal Jorge Lima Barreto, marcada para os dias 12 e 13 deste mês em Vinhais, distrito de Bragança, é dedicada à poesia e volta a contar com artistas que prometem fazer jus ao estilo vanguardista do músico e musicólogo de origem transmontana.

Tó Trips, Raquel Castro e a banda Clementine são alguns dos nomes que compõem o cartaz.

Na última edição, em 2022, o tema foi o som. Este ano, revelou à Lusa Vítor Rua, músico, amigo e companheiro de palco de Jorge Lima Barreto e programador da bienal, centra-se na poesia, com interpretação de textos de Fernando Pessoa e Rui Belo.

“Mesmo musicalmente, pedi a todos os artistas para que, de alguma forma, incorporassem nas suas performances e atuações um sentido ligado com a poesia”, explicou Vítor Rua.

O primeiro mote pensado foi os 50 anos do 25 de Abril, algo que para o programador acaba por estar relacionado.

“A poesia existe em Portugal desde sempre, mas tornou-se livre e libertária a partir do 25 de Abril”, considerou o fundador da banda GNR.

O programa abre com Raquel Castro, investigadora e realizadora, na tarde de sexta-feira, com uma homenagem sónica ao 25 de Abril, intitulada “O silêncio de um povo”. Nessa noite, o Solar dos Condes de Vinhais recebe “Ode Marítima”, pela Companhia João Garcia Miguel.

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No sábado à noite, Alexandre Oliveira, Zé Barros e Esio Buklaha, os Cardeal Polatuo trio aliam a percussão aos sintetizadores. Luís Lima Barreto, irmão de Jorge Lima Barreto e ator, dá voz aos poemas de Rui Belo, acompanhado com a guitarra elétrica de Vítor Rua.

Tó Trips, repetente na bienal, apresenta o espetáculo intimista “Popular Jaguar”. A seguir, Ilda Teresa Castro, Hernâni Faustino e Vítor Rua mostram-se no improviso, com So happy together.

A fechar, as Clementine, trio feminino composto por Frankie Wolf, Lena Huracán e Chris Bernardes, inspiradas pelo movimento riot girl, com o mais recente álbum, Motorhome“.

“Esta bienal é levar a Vinhais nomes, artistas e tipologias que normalmente não são visíveis. Nem em Vinhais nem nos outros sítios. Qualquer uma destas cinco bienais podia ser apresentada em qualquer lado do mundo. Porque são (…) artistas fantásticos”, segundo Vítor Rua.

Isto porque, continuou Vítor Rua, a bienal foi criada com o objetivo de prestar tributo ao percurso de Jorge Lima Barreto, falecido em 2011 e com quem tocou mais de 20 anos no projeto Telectu.

“É pôr em prática uma lógica de produção artística típica do pensamento de Barreto. Ou seja, a experimentação, a criação, a originalidade e a vanguarda artística. Tentámos que pelas bienais passem nomes importantes ligados a várias áreas mas sempre com pessoas que agradariam a Jorge Lima Barreto”, partilhou Vítor Rua, salientando que o homenageado recolheu durante a sua vida o melhor que se fazia no meio artístico pelo mundo e que nunca perdeu tempo com má música.

“Ele tinha uma frase quando lhe falavam de música que ele duvidava da qualidade que era ‘não ouvi e não gostei’. Não era por pretensiosismo que dizia isso. Dizia porque não podia perder tempo a ouvir, a discutir ou a analisar má música porque sempre se dedicou a tudo em todas artes ao melhor que se fazia”, recordou Vítor Rua.

A bienal decorre no Centro Cultural dos Condes de Vinhais, onde está espólio de Jorge Lima Barreto nascido naquele concelho que, de acordo com os últimos censos, tem perto de 7.800 habitantes.