A unidade de Mangualde da Stellantis iniciou a produção de veículos elétricos após um investimento de cerca de 30 milhões de euros para adaptação da fábrica, disse esta terça-feira o presidente executivo do grupo automóvel, Carlos Tavares.
A fábrica portuguesa assegurará a produção de oito modelos 100% elétricos nas versões de passageiros e comerciais ligeiros dos modelos Citroën ë-Berlingo e ë-Berlingo Van, Peugeot E-Partner e E-Rifter, Fiat e-Doblò e Opel Combo-e para os mercados doméstico e de exportação.
No ano passado, Carlos Tavares tinha anunciado a produção de veículos elétricos a bateria para o início de 2025, mas este objetivo foi antecipado.
Em declarações aos jornalistas no final da cerimónia que esta terça-feira marcou o arranque da produção destes veículos, Carlos Tavares disse não ter previsões de quantos sairão da fábrica anualmente, porque “isso depende totalmente do caderno de encomendas, os clientes é que decidem”.
“Hoje festejámos uma delas”, afirmou o responsável, referindo-se à encomenda de 719 automóveis destinados ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Segundo Carlos Tavares, como se viu na Alemanha e na Itália, o caderno de encomendas “está totalmente dependente dos subsídios que os governos europeus quiserem dar à classe média para comprar veículos elétricos”.
“O caderno de encomendas de um negócio europeu como o nosso geralmente anda à roda dos três meses de encomendas. Eu tenho uma ideia muito clara dos carros que vou produzir nos próximos três meses e posso dizer que, a nível europeu, o nosso mix de vendas de veículos elétricos está na ordem dos 12 a 14% das vendas totais. A nível desta fábrica depende das encomendas que vamos receber”, frisou.
O presidente executivo da Stellantis explicou que “a única coisa a fazer é criar um processo industrial que seja flexível e permita absorver as variações”, que foi o que aconteceu em Mangualde.
“Quando temos uma encomenda de 719 veículos para o SNS, vamos tentar fazer os 719 veículos de uma só vez, uns atrás dos outros. Durante um certo tempo vamos fazer só veículos elétricos”, referiu.
Segundo Carlos Tavares, Mangualde tem “uma fábrica que está muito flexível para ser capaz de absorver as variações de encomendas que são o resultado das políticas europeias em matéria de subsídios à compra de veículos elétricos”.
“Na Europa, atualmente, logo que há corte nos subsídios aos veículos elétricos, os consumidores europeus param de encomendar veículos elétricos”, contou.
Em Mangualde, a Stellantis está equipada “para fazer de zero a 100% de veículos elétricos”, afirmou Carlos Tavares, avançando que, este ano, a fábrica deverá “bater mais um novo recorde de produção, na ordem dos 87 mil veículos”, acima dos 82 mil do ano passado.
Carlos Tavares explicou aos jornalistas que a fábrica de Mangualde “tem demonstrado uma performance excelente em termos de qualidade e de custo” e tem “uma linha de montagem muito flexível”.
“Ou montamos um chassi térmico por baixo do carro ou um chassi elétrico. A nível de linha de montagem a flexibilidade é quase total”, explicou.
A Stellantis de Mangualde liderou uma das agendas mobilizadoras para a inovação empresarial com o projeto “GreenAuto”, que reúne um consórcio de 37 entidades parceiras e que representa um investimento conjunto de 119 milhões de euros.
A unidade de Mangualde teve transformações significativas na sua área industrial, destacando-se aquelas realizadas na criação de uma nova linha de montagem de baterias, que promoveu a total modernização de uma área com mais de 800 metros quadrados. Esta nova zona, implementada no setor da montagem, permitiu a criação de 63 novos empregos.
“Fizemos esta escolha porque achamos que a fábrica de Mangualde tem um grande potencial em qualidade, uma boa competitividade de custos, que neste momento até é melhor do que a de Vigo. Portanto, não há razão para não dar à fábrica de Mangualde o fabrico dos veículos que representam o futuro“, frisou.