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Karol G na MEO Arena: fazer bonito ontem, hoje e amanhã

A artista colombiana estreou-se em Portugal no domingo, com as canções de “Mañana Será Bonito” e a mixtape sucessora. Em palco explicou como se faz um sucesso pop global. Esta segunda repete a dose.

Karol G apresenta-se, indubitavelmente, sempre como dona de si própria, dos seus desejos e expressão corporal, abalando o patriarcado com a sua postura despudorada
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Karol G apresenta-se, indubitavelmente, sempre como dona de si própria, dos seus desejos e expressão corporal, abalando o patriarcado com a sua postura despudorada

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Karol G apresenta-se, indubitavelmente, sempre como dona de si própria, dos seus desejos e expressão corporal, abalando o patriarcado com a sua postura despudorada

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

É a Bichota Season. Neste domingo, 7 de julho, a MEO Arena encheu-se para receber a primeira de duas noites que marcam a estreia de Karol G em Portugal. Mas, verdade seja dita, mais parecia que estávamos noutro país. Praticamente não se ouvia português entre as bancadas e a plateia; o castelhano dominava entre as muitas bandeiras de Espanha e da Venezuela, mas também de outros países sul-americanos, visíveis pela sala ao longo do serão.

Vestido a rigor, sobretudo em tons rosa, o público ostentava cartazes de apoio repletos de cor, chapéus diversos, brilhantes e purpurinas para receber Karol G em Lisboa. Sem esquecer as pulseiras distribuídas à entrada pela organização, com luzes que se foram acendendo de acordo com o momento do concerto.

Depois de se iniciar a contagem decrescente para o arranque da performance, uma onda de telemóveis levantou-se em direção ao palco. O mote era simples: apresentar o álbum Mañana Será Bonito e a mixtape sucessora, com o subtítulo Bichota Season, ambos editados no ano passado. E não é de menos: é o disco que a fez ganhar um Grammy e a tornou na primeira artista a cantar em espanhol a atingir o número um da Billboard. Mas o alinhamento acabou por percorrer de forma mais alargada a carreira de Karol G até aqui.

Carolina Giraldo Navarro vestiu a pele de Karol G para protagonizar um concerto construído em volta de uma narrativa com princípio, meio e fim

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Não demorou muito até começarmos a viagem. Carolina Giraldo Navarro é apresentada como uma sereia feliz que vive num mundo recheado de arco-íris mas que dá por si, repentinamente, invadida por uma profunda tristeza. O resultado? Um coração (e tudo à sua volta) gelado. A jornada, que nos iria guiar noite dentro pela história que Karol G quer contar, é narrada pela voz inconfundível de Morgan Freeman.

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Logo de seguida, um insuflável gigante ergue-se no centro do palco, representando a tal sereia gelada. Eufórica, a multidão rejubila. E eis que Karol G emerge dos bastidores subterrâneos da MEO Arena. Cabelos longos, figurino radiante, logo para começar em força com TQG, o estrondoso sucesso que assinou com Shakira. Ao seu lado, uma banda inteiramente feminina vai tocando um instrumental particularmente eletrónico — o som que se ouve é como se fosse a versão de estúdio, um reggaeton processado, a diferença é que vemos a performance a acontecer diante dos nossos olhos.

Poucos segundos depois, uma comitiva de bailarinos junta-se em palco para não mais o deixar. Num espetáculo coreografado ao milímetro, tão ou mais visual quanto sonoro, Karol G e os seus companheiros de dança foram deslizando pela língua de palco em direção ao centro da MEO Arena, para grande alegria dos fãs mais próximos. Sob a batuta desta sereia-estrela, o ritmo foi quase sempre acelerado — ordem para agitar os corpos, em jeito de celebração mas também de empoderamento.

Karol G completava, de microfone em riste: “tudo o que se passa hoje é preparação para amanhã”

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Esta música e os respetivos movimentos de dança (com destaque para o perreo) representam liberdade, sobretudo para o muito presente público feminino. Karol G apresenta-se, indubitavelmente, sempre como dona de si própria, dos seus desejos e expressão corporal, abalando o patriarcado com a sua postura despudorada. Afinal, ela é a “bichota” — que é como quem diz a “chefona”, termo muito usado na América Latina para designar quem lidera um negócio ligado aos narcóticos. Tendo em conta o conhecido historial e contexto da Colômbia, é sobretudo sinónimo de estatuto, poder, auto-determinação e, lá está, liberdade para dizer e fazer o que bem lhe apetecer.

Com efeitos de pirotecnia e diversos artifícios estéticos, este é um espetáculo milionário que demonstra bem o orçamento de que dispõe. Ao longo de duas horas e meia, por mais que muitos dos instrumentais soem idênticos graças à velocidade característica desta pop latina movida a reggaeton, não há grande espaço para aborrecimento. Ora aparece uma estrutura em forma de tubarão que prossegue a narrativa contada pelo espetáculo — quando a sereia encontra dentro de si uma chama tão grande que derrete o gelo e a permite dominar o imponente e feroz tubarão que simboliza a vida; ora Karol G bebe um shot e brinda com todos em palco; canta Carolina sentada numa cadeira; ou tira selfies e cumprimenta o público olhos nos olhos, num momento que teve até espaço para um pedido de casamento que foi tão emocionante quanto o encontro que a artista teve com uma pequena fã às cavalitas do pai.

Num espetáculo coreografado ao milímetro, tão ou mais visual quanto sonoro, Karol G e os seus companheiros de dança foram deslizando pela língua de palco em direção ao centro da MEO Arena

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Tusa, Una Noche en Medellín, Gatúbela, Ojos Ferrari ou MAMIII foram alguns dos temas que mais encheram as medidas da audiência, que conhecia bem as letras e vibrava com entusiasmo a cada passo que Karol G dava. Além da coreografia irrepreensível feita pelos talentosos bailarinos, também os operadores de câmara seguiam à risca um cuidadoso e calculado plano de movimentos para que nos ecrãs gigantes muitas vezes as imagens soassem a videoclip, tal não era a expressividade em cada um dos rostos captados durante a performance.

Pelo meio houve também espaço para momentos menos explosivos, como a interpretação de Ocean ou de Contigo, o tema construído a partir da melodia do êxito Bleeding Love, de Leona Lewis. A mensagem final chegava na transição para o último segmento, quando Morgan Freeman exclamava “abraça o teu ser autêntico, encontra alegria em cada momento, tu só vives uma vez”. Karol G completava, de microfone em riste: “tudo o que se passa hoje é preparação para amanhã”. E, como diz esta mensagem esperançosa que se sobrepôs a tudo o resto, “Mañana Será Bonito”. E esta segunda-feira, mais uma vez na MEO Arena, poderá ser esse dia radiante para os milhares de fãs que não conseguiram marcar presença na primeira data.

 
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