912kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Karol G na MEO Arena: fazer bonito ontem, hoje e amanhã

A artista colombiana estreou-se em Portugal no domingo, com as canções de “Mañana Será Bonito” e a mixtape sucessora. Em palco explicou como se faz um sucesso pop global. Esta segunda repete a dose.

Karol G apresenta-se, indubitavelmente, sempre como dona de si própria, dos seus desejos e expressão corporal, abalando o patriarcado com a sua postura despudorada
i

Karol G apresenta-se, indubitavelmente, sempre como dona de si própria, dos seus desejos e expressão corporal, abalando o patriarcado com a sua postura despudorada

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Karol G apresenta-se, indubitavelmente, sempre como dona de si própria, dos seus desejos e expressão corporal, abalando o patriarcado com a sua postura despudorada

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

É a Bichota Season. Neste domingo, 7 de julho, a MEO Arena encheu-se para receber a primeira de duas noites que marcam a estreia de Karol G em Portugal. Mas, verdade seja dita, mais parecia que estávamos noutro país. Praticamente não se ouvia português entre as bancadas e a plateia; o castelhano dominava entre as muitas bandeiras de Espanha e da Venezuela, mas também de outros países sul-americanos, visíveis pela sala ao longo do serão.

Vestido a rigor, sobretudo em tons rosa, o público ostentava cartazes de apoio repletos de cor, chapéus diversos, brilhantes e purpurinas para receber Karol G em Lisboa. Sem esquecer as pulseiras distribuídas à entrada pela organização, com luzes que se foram acendendo de acordo com o momento do concerto.

Depois de se iniciar a contagem decrescente para o arranque da performance, uma onda de telemóveis levantou-se em direção ao palco. O mote era simples: apresentar o álbum Mañana Será Bonito e a mixtape sucessora, com o subtítulo Bichota Season, ambos editados no ano passado. E não é de menos: é o disco que a fez ganhar um Grammy e a tornou na primeira artista a cantar em espanhol a atingir o número um da Billboard. Mas o alinhamento acabou por percorrer de forma mais alargada a carreira de Karol G até aqui.

Carolina Giraldo Navarro vestiu a pele de Karol G para protagonizar um concerto construído em volta de uma narrativa com princípio, meio e fim

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Não demorou muito até começarmos a viagem. Carolina Giraldo Navarro é apresentada como uma sereia feliz que vive num mundo recheado de arco-íris mas que dá por si, repentinamente, invadida por uma profunda tristeza. O resultado? Um coração (e tudo à sua volta) gelado. A jornada, que nos iria guiar noite dentro pela história que Karol G quer contar, é narrada pela voz inconfundível de Morgan Freeman.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Logo de seguida, um insuflável gigante ergue-se no centro do palco, representando a tal sereia gelada. Eufórica, a multidão rejubila. E eis que Karol G emerge dos bastidores subterrâneos da MEO Arena. Cabelos longos, figurino radiante, logo para começar em força com TQG, o estrondoso sucesso que assinou com Shakira. Ao seu lado, uma banda inteiramente feminina vai tocando um instrumental particularmente eletrónico — o som que se ouve é como se fosse a versão de estúdio, um reggaeton processado, a diferença é que vemos a performance a acontecer diante dos nossos olhos.

Poucos segundos depois, uma comitiva de bailarinos junta-se em palco para não mais o deixar. Num espetáculo coreografado ao milímetro, tão ou mais visual quanto sonoro, Karol G e os seus companheiros de dança foram deslizando pela língua de palco em direção ao centro da MEO Arena, para grande alegria dos fãs mais próximos. Sob a batuta desta sereia-estrela, o ritmo foi quase sempre acelerado — ordem para agitar os corpos, em jeito de celebração mas também de empoderamento.

Karol G completava, de microfone em riste: “tudo o que se passa hoje é preparação para amanhã”

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Esta música e os respetivos movimentos de dança (com destaque para o perreo) representam liberdade, sobretudo para o muito presente público feminino. Karol G apresenta-se, indubitavelmente, sempre como dona de si própria, dos seus desejos e expressão corporal, abalando o patriarcado com a sua postura despudorada. Afinal, ela é a “bichota” — que é como quem diz a “chefona”, termo muito usado na América Latina para designar quem lidera um negócio ligado aos narcóticos. Tendo em conta o conhecido historial e contexto da Colômbia, é sobretudo sinónimo de estatuto, poder, auto-determinação e, lá está, liberdade para dizer e fazer o que bem lhe apetecer.

Com efeitos de pirotecnia e diversos artifícios estéticos, este é um espetáculo milionário que demonstra bem o orçamento de que dispõe. Ao longo de duas horas e meia, por mais que muitos dos instrumentais soem idênticos graças à velocidade característica desta pop latina movida a reggaeton, não há grande espaço para aborrecimento. Ora aparece uma estrutura em forma de tubarão que prossegue a narrativa contada pelo espetáculo — quando a sereia encontra dentro de si uma chama tão grande que derrete o gelo e a permite dominar o imponente e feroz tubarão que simboliza a vida; ora Karol G bebe um shot e brinda com todos em palco; canta Carolina sentada numa cadeira; ou tira selfies e cumprimenta o público olhos nos olhos, num momento que teve até espaço para um pedido de casamento que foi tão emocionante quanto o encontro que a artista teve com uma pequena fã às cavalitas do pai.

Num espetáculo coreografado ao milímetro, tão ou mais visual quanto sonoro, Karol G e os seus companheiros de dança foram deslizando pela língua de palco em direção ao centro da MEO Arena

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Tusa, Una Noche en Medellín, Gatúbela, Ojos Ferrari ou MAMIII foram alguns dos temas que mais encheram as medidas da audiência, que conhecia bem as letras e vibrava com entusiasmo a cada passo que Karol G dava. Além da coreografia irrepreensível feita pelos talentosos bailarinos, também os operadores de câmara seguiam à risca um cuidadoso e calculado plano de movimentos para que nos ecrãs gigantes muitas vezes as imagens soassem a videoclip, tal não era a expressividade em cada um dos rostos captados durante a performance.

Pelo meio houve também espaço para momentos menos explosivos, como a interpretação de Ocean ou de Contigo, o tema construído a partir da melodia do êxito Bleeding Love, de Leona Lewis. A mensagem final chegava na transição para o último segmento, quando Morgan Freeman exclamava “abraça o teu ser autêntico, encontra alegria em cada momento, tu só vives uma vez”. Karol G completava, de microfone em riste: “tudo o que se passa hoje é preparação para amanhã”. E, como diz esta mensagem esperançosa que se sobrepôs a tudo o resto, “Mañana Será Bonito”. E esta segunda-feira, mais uma vez na MEO Arena, poderá ser esse dia radiante para os milhares de fãs que não conseguiram marcar presença na primeira data.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.