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A porta-voz do PAN defendeu nesta terça-feira a importância de convergência em matérias de direitos que “têm estado ameaçados”, mas disse que a decisão sobre possíveis alianças à esquerda para as autárquicas carece de uma avaliação interna do partido.
Em declarações aos jornalistas após o encontro com o PAN na sede do Livre para analisar a situação política e pensar as eleições autárquicas de 2025, Inês Sousa Real sublinhou a disponibilidade do seu partido para dialogar de modo a garantir que o país não enfrente “retrocessos em matérias de direitos humanos e direitos fundamentais” e na defesa da democracia.
Perante o próximo desafio eleitoral, Inês Sousa Real sublinhou que será feita uma reunião dos órgãos internos do partido para avaliar possíveis alianças, mas que o partido está disponível “para dialogar e garantir que há uma dinâmica comum do ponto de vista” da defesa de causas como as alterações climáticas, a defesa dos direitos das mulheres ou da comunidade LGBTI+.
Temos que saber acarinhar e respeitar aquilo que foram as conquistas do 25 de Abril e garantir que os partidos do centro progressista, mas também os partidos moderados e comprometidos com os direitos humanos, não deixam de facto cair aquilo que foram essas conquistas”, acrescentou.
Questionada sobre a possibilidade de o resultado das legislativas francesas virem a inspirar um possível acordo à esquerda em Portugal que conte com o PAN, Sousa Real considerou precipitado traçar esses paralelismos, uma vez que “Portugal não tem a mesma geometria parlamentar”, nem o PAN tem a possibilidade matemática de ser uma força decisiva na viabilização do próximo orçamento do Estado.
“A responsabilidade não recai nem sobre o PAN, nem sobre partidos que não têm neste momento, do ponto de vista matemático, a possibilidade de viabilizar ou inviabilizar o Orçamento de Estado. Aquilo que para nós é fundamental neste tempo é garantirmos que há um conjunto de direitos que não têm retrocessos e sabemos que esses direitos têm estado ameaçados”, acrescentou.
Sousa Real afirmou ainda em relação às palavras de Luís Montenegro — que disse que só uma moção de censura o afastará do Governo –, que o primeiro-ministro está a ser “precipitado” e que corre o risco de “não sobreviver” se essa moção de censura for mesmo apresentada.
Montenegro avisa todos (incluindo Marcelo) que fica mesmo com chumbo do OE
Rui Tavares, pelo Livre, afirmou que esta reunião debruçou-se sobre a incerteza e a “regressão no espaço público, em termo de discurso público, de determinados valores” que são caros a ambos os partidos.
Sublinhou também a discussão sobre a qualidade de vida dos portugueses que, disse, estão “sob muita pressão ao nível local”, dando como exemplo o concelho de Lisboa, como um caso de “negligência muito grave” em matéria de habitação e mobilidade.
O porta-voz do Livre reiterou ainda a abertura do partido a um acordo alargado à esquerda para as próximas autárquicas, sublinhando que o PAN, mesmo dizendo que “não é de esquerda nem de direita”, faz parte do diálogo pela convergência em matéria de ecologia e bem-estar animal.
O encontro desta terça-feira entre o PAN e o Livre foi o segundo de quatro reuniões do partido de Rui Tavares com os partidos de esquerda, faltando ainda reunir com o PCP — que se realizará na próxima segunda-feira, dia 15 — e o PS cuja data está por acordar.
Após o encontro com o Bloco de Esquerda, Livre e bloquistas mostraram-se abertos a convergências à esquerda nas eleições autárquicas do próximo ano, incluindo em Lisboa, para derrotar o atual executivo PSD/CDS-PP liderado por Carlos Moedas.
Do lado do PCP, que ainda não reuniu com o Livre, foi já fechada a porta de qualquer convergência autárquica com o PS.