O Conselho Nacional da Juventude (CNJ) vai apresentar esta quarta-feira no Parlamento o documento “Estado da Nação Jovem”, elencando os principais problemas que afetam os jovens atualmente, como a educação, a saúde, o trabalho e a habitação.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do CNJ, André Cardoso, explicou que o texto apresentado na comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto serve para refletir sobre o “que foi o último ano em termos de política de juventude” e pretende que os jovens sejam vistos como prioritários “em termos de políticas públicas”.

No âmbito da educação, nós identificamos dois problemas estruturais. O abandono escolar no Ensino Superior, que aumentou no último ano, quer nas licenciaturas, quer nos cursos de curta duração, e ainda tocamos na existência de um sistema educativo desajustado e inadequado. É, portanto, uma reflexão do ensino que temos e do ensino que queremos, para se fazerem as reformas necessárias“, salientou.

Também na saúde “ainda há aspetos a melhorar”, segundo André Cardoso, como a criação de mecanismos de apoio psicológico através do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O responsável apontou para “dois temas cruciais” que afetam a vida dos jovens atualmente: o trabalho e a habitação.

Focamos nesta dificuldade que os jovens têm quando olhamos para os dados e vemos que perto de 80% dos jovens dos 20 aos 29 anos não conseguem sair da casa dos pais, porque, pura e simplesmente, não conseguem arrendar uma casa, não conseguem comprar uma casa, porque não há salários que correspondam às qualificações que têm”, afirmou

Defendeu por isso que é preciso “olhar para as políticas laborais e para as políticas de habitação de uma forma muito séria”.

André Cardoso, que saudou “os passos que foram dados” nas políticas da habitação, disse que “é preciso haver uma aposta constante no sentido de incrementar e aumentar a percentagem que atualmente está nos 2% do parque habitacional público”.

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O presidente do CNJ realçou que os jovens são os “que mais sofrem com o desemprego, com a baixa remuneração e com a precariedade”.

Se compararmos as taxas do desemprego jovem face às taxas de desemprego global, vemos que ainda somos a faixa etária mais discriminada neste sentido“, sublinhou.

De acordo com André Cardoso, mais de 50% dos jovens qualificados não consegue sequer ter remunerações acima dos 1.000 euros.

Nós perguntamos o que é que dá para fazer com 1.000 euros no nosso país“, observou.

À Lusa, o dirigente recordou que há partidos que já conhecem o documento, como PCP, PSD e Iniciativa Liberal, bem como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que recebeu, no Palácio de Belém, os representantes do CNJ na passada sexta-feira.