“Completamente Passado!”
Este filme escrito e realizado por Gilles Legardinier com base no seu livro, pode ser definido como a comédia feel good das comédias feel good. John Malkovich interpreta um homem de negócios inglês e viúvo, que vai trabalhar como mordomo na mansão onde conheceu a sua mulher francesa, para estar perto das recordações desse tempo, mas não é pago porque a dona (Fanny Ardant), também ela viúva, está à beira da ruína e pondera vender a propriedade. Ver este filme previsível da primeira à última imagem, e impossivelmente otimista, é como repousar a cabeça numa almofada de penas de tecido fino, fofíssima e perfumada. Chamemos-lhe cinema cor-de-rosa.
“A Minha Avó Trelótótó”
A avó de Catarina Ruivo tinha decerto muito importância para a neta, para esta lhe dedicar um documentário de três horas que a evoca e celebra, o que só lhe fica bem. Só que para nós, espectadores comuns, a vida dela não tem nada de particularmente extraordinário ou aliciante, nem justifica um filme de tal duração, ainda por cima composto em boa parte por cartas lidas em off acompanhadas por fotografias, imagens alusivas e home movies. Seria talvez como objecto para ser visto em privado por familiares e amigos, que A Minha Avó Trelotótó deveria ter ficado. Ou então, como um documentário muito, muito mais curto do que este interminável equívoco.
“Memória”
O realizador mexicano Michel Franco, autor de Nova Ordem (2020), sobre um golpe de Estado no México, e de Crepúsculo (2021), com Tim Roth, foi agora a Nova Iorque filmar Memória, com Jessica Chastain e Peter Sarsgaard, tendo este ganho a Taça Volpi de Melhor Actor no Festival de Veneza. A fita conta a história do encontro improvável entre duas pessoas com problemas, Sylvia (Chastain), uma mãe solteira com uma filha adolescente, e alcoólica em recuperação, e Saul (Sarsgaard), que sofre de demência e vive com o irmão, que é o seu cuidador. Memória foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.