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BE defende integração da caixa de previdência de advogados na Segurança Social

O BE vai entregar no parlamento três projetos de lei relativos a advogados e solicitadores por considerar o atual regime "injusto e excessivo". Em reação, a CPAS fala em declarações "falsas".

A coordenadora Nacional do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, fala aos jornalistas para apresentar as conclusões da reunião da Mesa Nacional Bloco de Esquerda, em Lisboa 23 de junho de 2024. ANTÓNIO COTRIM/LUSA
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Mortágua defendeu que há "muitos interesses poderosos que se mexem para evitar a integração da Segurança Social"

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Mortágua defendeu que há "muitos interesses poderosos que se mexem para evitar a integração da Segurança Social"

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

A coordenadora do BE defendeu esta quinta-feira a integração da caixa de previdência dos advogados e solicitadores (CPAS) na Segurança Social , considerando que o atual regime é “injusto e excessivo face à realidade de muitos advogados”. A CPAS fala em declarações “falsas” e esclarece que “pugna pelos direitos e pela proteção dos seus beneficiários”.

A líder dos bloquistas, Mariana Mortágua, reuniu esta quinta-feira com a bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida Pinheiro, e à saída desse encontro, em declarações aos jornalistas, explicou que a atual CPAS “garante menos direitos do que a Segurança Social” enquanto tem “um regime contributivo mais injusto” e, por isso, deve “caminhar para a sua integração na Segurança Social”, como aconteceu já no passado com outros setores.

“A Constituição e a nossa sociedade dizem-nos que deve haver um regime único de segurança social e, por isso, foram sendo integrados ao longo do tempo várias caixas profissionais que vinham do passado: os bancários, a Portugal Telecom. A Ordem dos Advogados tem esta circunstância estranha, permanece uma caixa à parte”, frisou.

Mortágua sublinhou que esta é uma posição em que os bloquistas surgem alinhados com a Ordem dos Advogados e defendeu que há “muitos interesses poderosos que se mexem para evitar a integração da Segurança Social”, porque “privilegiam advogados e sociedades com mais poder e prejudicam a maior parte dos advogados”.

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O partido vai entregar no parlamento três projetos de lei, entre os quais, propõem que haja a possibilidade destes profissionais escolherem o destino das suas contribuições entre a atual CPAS e a Segurança Social e uma aproximação dos direitos dos advogados aos reconhecidos a todos os trabalhadores em situação de doença, luto ou parentalidade.

Num destes projetos de lei, o Bloco vai propor também que a Segurança Social perca a competência de instaurar processos de execução por dívidas à CPAS.

Mariana Mortágua explicou que, atualmente, a Segurança Social cobra dívidas à CPAS, mesmo que os profissionais não possam ter acesso aos benefícios da Segurança Social.

“Um advogado que tem dívidas à CPAS — há muitos que têm porque as contribuições são excessivas e injustas — por ter dívidas à CPAS (…) não pode, por exemplo, aceder à reforma, não pode aceder a nenhum benefício da própria CPAS, portanto temos muitos advogados numa situação, na prática, de prisão”, acrescentou.

O partido apresentou também dois projetos de resolução que recomendam ao Governo a revisão da tabela de honorários dos serviços prestados por advogados no sistema de acessos ao direito e aos tribunais.

Numa nota enviada ao Observador, em reação às declarações de Mariana Mortágua, a CPAS esclarece que “pugna pelos direitos e pela proteção dos seus beneficiários, sendo essa a sua natureza e o seu fim”, e apresenta valores concretos como, por exemplo, que “pagou mais de 7.400 pagamentos de pensões de reforma, invalidez e sobrevivência no ano de 2023, perfazendo um custo total de 116 milhões de euros”.

Por outro lado, afirma, por exemplo, que “oferece ainda aos seus beneficiários, com situação contributiva regularizada, o Seguro de Acidentes Pessoais e Doença — Seguro de Proteção de Rendimentos, o Seguro de Assistência Médica Permanente – CPAS Virtual Care e o Seguro de Acidentes Pessoais”.

Desta forma, a direção da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores diz que “não é verdade que os seus beneficiários não tenham acesso a proteção e apoio”.”Aliás, essas declarações apenas prejudicam os beneficiários, que podem ser levados a acreditar nas mesmas e, assim, deixarem de solicitar o devido apoio à CPAS em situação de necessidade”, lê-se na nota.

A bastonária da Ordem dos Advogados explicou após a reunião com os bloquistas que estas questões foram já discutidas com a ministra da Justiça e afirmou que compreende “que o Governo tomou posse há pouco tempo” e que “o importante é ter o empenho do parlamento, Ordem dos Advogados, CPAS e também do Governo para resolver esta situação o quanto antes”.

No passado dia 8 de julho, a Ordem dos Advogados lançou uma campanha de sensibilização com o nome “A Falta de Previdência tem Rosto”, disponível na plataforma de vídeos Youtube, com testemunhos de profissionais sobre as dificuldades pessoais e profissionais que enfrentam ou enfrentaram com o atual regime contributivo para a Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores.

Em novembro de 2023, o Governo então liderado por António Costa assinou um despacho para a constituição de uma comissão de avaliação da eventual integração da caixa de previdência de advogados e solicitadores (CPAS) no regime geral da Segurança Social.

Sobre esta matéria, a bastonária explicou esta quinta-feira que vai ser formada “uma nova comissão para estudar este assunto, com prazos, o que é de salutar”.

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