O nanossatélite português ISTSat-1, no espaço há duas semanas, está funcional, mas poderá estar a ter problemas de transmissão, devido à baixa potência dos sinais recebidos em terra, admitiu esta quinta-feira o Instituto Superior Técnico (IST), que o construiu.
“A baixa potência dos sinais recebidos sugere que pode haver problemas com a transmissão do satélite“, afirmou, citado em comunicado do IST, João Paulo Monteiro, engenheiro de sistemas do ISTSat-1, acrescentando que a equipa técnica “está agora focada em encontrar soluções para melhorar a receção do sinal”, através da “instalação de antenas com mais ganho” na estação de rastreio de satélites do IST, em Oeiras, e da criação de “algoritmos de correção de erros na descodificação”.
Apesar disto, o ISTSat-1 “está estável e a funcionar como o esperado”: as suas antenas abriram corretamente, os painéis solares funcionam, a bateria está carregada e a temperatura dos vários componentes, apesar de baixa (cerca de 4ºC), “está de acordo com as previsões”.
O ISTSat-1, o primeiro nanossatélite construído por uma instituição universitária portuguesa, foi enviado em 9 de julho para o espaço a bordo do novo foguetão europeu Ariane 6, tendo emitido os primeiros sinais para a Terra horas depois de colocado em órbita.
Posicionado a 580 quilómetros da Terra, acima da Estação Espacial Internacional, a “casa” e laboratório dos astronautas, o ISTSat-1, construído por estudantes e professores do IST, servirá para testar um novo descodificador de mensagens enviadas por aviões que permitirá a sua deteção em zonas remotas e aferir a viabilidade do uso de nanossatélites na receção de sinais sobre o estado de aeronaves, como velocidade e altitude, para efeitos de segurança aérea.
Recebidas primeiras imagens do nanossatélite português Aeros MH-1
Espera-se que o nanossatélite envie os primeiros dados até cerca de um mês depois do início das operações.
O ISTSat-1, um cubo que custou cerca de 270 mil euros, é terceiro satélite português a ser lançado para o espaço, depois do nanossatélite Aeros MH-1, em março, e do microssatélite PoSAT-1, em 1993, que envolveram o contributo de empresas.
O nanossatélite do Técnico, lançado ao abrigo de um programa da Agência Espacial Europeia (ESA) destinado a instituições universitárias, ficará em órbita entre cinco e 15 anos antes de reentrar na atmosfera, mas a sua missão terá uma duração menor.
Junto com o ISTSat-1 foram enviados outros pequenos satélites e equipamentos científicos de instituições, empresas e agências espaciais estrangeiras.