A Polícia de Segurança Pública realizou esta segunda-feira uma mega-operação em Lisboa para prevenção de crimes — como furtos, roubos e outros contra o património e tráfico de droga. As diligências aconteceram esta tarde na zona da Mouraria.

Além disso, esta operação conjunta da Divisão de Investigação Criminal e da 1.ª Divisão da PSP teve também como objetivo identificar algumas pessoas, para verificar se existem mandados judiciais pendentes ou que estejam em situação ilegal em território nacional. Ao que o Observador apurou, esta primeira parte da investigação terminou a meio da tarde, havendo ainda uma outra operação no final do dia desta segunda-feira.

Esta operação especial de prevenção relacionada com crimes de tráfico de droga e contra o património acontecem dias depois de o Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior ter organizado uma “sessão pública de denúncia” para alertar para a “degradação” da situação de segurança na zona devido a“assaltos, vandalismo, ocupações, tráfico e consumo à vista de todos, tentativas de violação, agressões, homicídios”.

Ao Observador, porém, a Direção Nacional da PSP afasta qualquer relação entre os dois episódios, lembrando a regularidade com que ações do género são feitas: “Fazemos com frequência operações deste género naquela zona”. A mesma fonte adianta ainda que o objetivo destas ações é o de contribuir para “o sentimento de segurança de quem ali vive e de quem visita aqueles locais”.

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Na nota publicada nas redes sociais da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior era referido haver já “ruas controladas por grupos criminosos, invasões dos domicílios, ocupações, vandalismo, ajuntamentos violentos, assédio, ameaças, medo”.

Em plena luz do dia, há cada vez mais pessoas a consumir drogas, a prostituir-se, defecar e a vandalizar propriedades na freguesia de Santa Maria Maior, denunciaram depois os moradores na referida sessão pública.

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O Observador já tinha questionado o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, a força policial responsável pelo policiamento da cidade de Lisboa, sobre as denúncias apresentadas pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior e também sobre o diagnóstico que faz da situação de segurança que se vive naquela zona da cidade — e a polícia avisou que uma boa parte das queixas recebidas dizem respeito a um “sentimento de insegurança subjetivo”.

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A ação da força policial surge também depois de o presidente da Câmara, Carlos Moedas, ter dito que a insegurança aumentou na cidade. O autarca reagia desta forma às queixas relatadas por dezenas de moradores da freguesia de Santa Maria Maior, durante uma sessão promovida pela junta, na quinta-feira no Hotel Mundial, no Martim Moniz.

Em entrevista recente ao Observador, a ministra da Administração Interna já tinha revelado que haveria um reforço do policiamento em algumas zonas, preferindo, no entanto, falar no aumento do sentimento de insegurança e não da insegurança.

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“Uma das medidas é exatamente haver mais patrulhamento na cidade. Estão identificados os chamados ‘pontos negros’ e é preciso fazer mais patrulhamento. E isto é um trabalho que é cruzado com outro tipo de áreas, porque eles também têm a divisão de informações. É um trabalho depois operacional que é feito nos comandos e eles sabem fazer a tal análise, no sentido de fazer deslocar as equipas”, começou por explicar Margarida Blasco ao Observador, adiantando que apesar de se percecionar uma “maior insegurança”, “Portugal continua a ser um país muito seguro”.

Sobre a situação na capital e as declarações públicas do presidente da autarquia, Carlos Moedas, a ministra da Administração Interna limitou-se a sublinhar que “se as pessoas começarem a ver que há mais polícias” terão outro sentimento de segurança: “E o engenheiro Carlos Moedas também tem a Polícia Municipal que também anda na rua […]. Mesmo que ela não seja visível, porque muitas vezes trabalham à civil. Queria deixar uma mensagem no sentido de as pessoas poderem confiar na polícia. Estamos com um conjunto de medidas muito mais acessíveis, muito mais próximas das pessoas e, neste momento, em que chegam as férias e em que há mais turismo, também temos polícia especializada…”