Kyushu. Este nome pode ser pouco ou mesmo nada familiar para os europeus, mas esta que é a terceira maior ilha do Japão é conhecida como uma espécie de Silicon Valley, já que contribui de forma significativa para a economia do país ao impor-se como um importante pólo industrial, não só no sector automóvel, mas também no domínio da electrónica, abrigando desde fábricas de semicondutores (chips) da TSMC a empresas como a Sony. E vai ser aí, nessa ilha, que a Toyota vai responder à ofensiva chinesa erguendo uma nova fábrica para a produção de baterias para veículos eléctricos.

Segundo avança o Nikkei, embora o construtor nipónico tenha tardado a abraçar a transição para veículos exclusivamente a bateria, a realidade é que considera que esta tecnologia veio para ficar e não está na disposição de ficar para trás. Pelo contrário, a Toyota traçou metas ambiciosas, considerando que espera comercializar 3,5 milhões de veículos eléctricos por ano até 2030, embora em 2023 tenha transaccionado apenas 104.000. Sucede que em “casa”, a ameaça chinesa é cada vez mais preocupante, com marcas como a BYD a conseguirem fazer o que até há bem pouco tempo era considerado impensável. Tradicionalmente feudo dos fabricantes de automóveis locais, o Japão é um território onde os construtores estrangeiros dificilmente penetram, excepção feita para as marcas europeias ditas premium, da Audi à Mercedes. Acontece que o incremento da oferta de veículos eléctricos mais acessíveis, por parte dos chineses, tem sido bem-recebido pelos japoneses. Prova disso é que, no primeiro semestre do ano, a BYD conseguiu um crescimento nas vendas de 184% face ao período homólogo do ano anterior, contribuindo largamente para que 10% dos veículos importados para o Japão sejam provenientes da China, segundo dados avançados pela Associação de Importadores de Automóveis do Japão.

Ora, como se espera que os fabricantes de automóveis chineses continuem a reforçar a sua oferta com modelos mais baratos, a Toyota gizou um plano para conter essa ofensiva e fazer frente a uma concorrência com preços mais competitivos. Isso passa por investir em baterias, o componente-chave que é determinante para propor veículos mais acessíveis. Daí que dos 32 mil milhões de dólares que a marca anunciou que vai investir até ao final da década, grande parte se destine à produção de acumuladores.

Não foi anunciado quanto é que a Toyota vai investir na futura fábrica de acumuladores em Kyushu, nem quando arranca a empreitada. Sabe-se, isso sim, que a localização já estará definida e que estarão a ser negociadas ajudas estatais à construção. Segundo o Nikkei, a nova instalação industrial vai localizar-se num parque industrial a 40 km da fábrica Miyata da Toyota, onde são produzidos cerca de 430 mil Lexus/ano, 90% dos quais expedidos para outros mercados asiáticos. A nova fábrica visará assegurar as necessidades de suprimento das duas marcas do grupo (Lexus e Toyota) e, simultaneamente, reduzir ao máximo os custos operacionais, já que grande parte das baterias da nova fábrica será enviada para Miyata, poupando-se tempo e dinheiro. Recorde-se que a Toyota já possui fábricas de baterias em Aichi, Hyogo e Shizuoka, estando a investir numa outra unidade em Himeji, aqui numa joint-venture com a Panasonic.

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