Ver cães a surfar parece uma coisa de filme, mas não é.  Há 19 anos que existe um Campeonato Mundial de Surf Canino e a edição de 2024 trouxe várias medalhas a uma cadela labrador do Brasil. Foi neste sábado na praia da Linda Mar, perto de São Francisco, na Califórnia, que dezenas de cães tentaram apanhar as melhores ondas.

Cacau, a labrador que viajou 16 mil quilómetros, desde o Brasil, arrecadou quatro medalhas de ouro e uma de bronze, deixando o seu tutor, Ivan Moreira em euforia. Uma alegria difícil de medir, como se pode ler nas mensagens que publicou na sua rede social Instagram.

O concurso canino, tal como o de humanos, está dividido por categorias ou neste caso, por tamanhos – pequeno, médio, grande e muito grande.

Quanto aos júris da competição, estes não se derretem com a fofura e ternura expressada pelos animais e seguem rigorosos critérios para as classificações. Em cada eliminatória os cães —sozinhos e apenas empurrados pelos tutores ou em cima da prancha com o tutor — têm dez minutos para apanhar o máximo de ondas que conseguirem e cada animal pode ganhar até dez pontos de cada júri.

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Avaliados pela duração da prova — incluindo se chegam de prancha até à costa — pela técnica, pela confiança e pelo tamanho e força da onda os três patudos com maior pontuação em cada categoria eliminatória recebem o 1º, 2º e 3º lugar. Os dois competidores com maior pontuação de cada categoria competem contra os competidores com maior pontuação das outras eliminatórias pelos prémios do Top All-Around Surfing Championship. 

A segurança é uma prioridade para a organização, por isso, nenhum animal entra no mar sem a prancha que deve ser de espuma e um colete salva-vidas especial para cães. E, uma grande diferença em relação aos surfistas humanos: não estão presos à prancha por nenhuma correia. Pois, se caírem, conseguem nadar para se salvarem.

Sorte diferente têm os cães que foram assistir, ao lado de mais de sete mil pessoas: para garantir que não se entusiasmam e saltam também para a água, estão seguros por uma coleira — muitas vezes extremamente criativas.

São muitos os que se questionam se os animais conseguem surfar e a resposta é sim. Um tutor de um cão em competição explicou que “os cães são puxados nas suas pranchas até à linha de surf e, depois de um empurrão, voltam a apanhar uma onda o mais longe possível, muitos deles a ladrar alegremente”, lê-se numa entrevista dada à CBS News.

Um outro tutor explicou como é que percebeu que a sua pitbull terrior de 13 anos se queria tornar surfista. “Peguei na prancha de surf e ela começou a chorar como se quisesse ir. Desde então, tem sido do género: Muito bem, tu és a surfista da família”.

Este campeonato não é só diversão e um momento de ternura entre os tutores e os seus cães, tem também uma vertente de solidariedade.

A prova serve para angariar dinheiro para as instituições que acolhem os cães abandonados e para sensibilizar para a adoção consciente de forma a que muitos dos pequenos (e grandes) patudos não tenham de voltar a estes sítios depois de já terem uma família.