Pouco ou nada correu bem ao FC Porto na temporada passada. Excluindo a conquista da Taça de Portugal, naquela que foi a grande explosão de alegria do clube ao longo de um ano inteiro, os dragões falharam a Supertaça, falharam a Taça da Liga, falharam o Campeonato e até falharam o apuramento para a Liga dos Campeões, já que não foram além do terceiro lugar da classificação.

O verão viu sair Sérgio Conceição e viu ficar Vítor Bruno, com o antigo adjunto a tornar-se treinador principal na primeira época da era de André Villas-Boas. Este sábado, no Dragão e contra o Gil Vicente, o FC Porto dava o pontapé de saída no Campeonato, mas também dava o pontapé de saída de um futuro que já é presente: com novo presidente, novo treinador e até novo capitão, já que Diogo Costa assumiu a braçadeira na sequência da saída (e final da carreira) de Pepe.

Ficha de jogo

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FC Porto-Gil Vicente, 3-0

1.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Cláudio Pereira (AF Aveiro)

FC Porto: Diogo Costa, Zé Pedro, Otávio, Martim Fernandes, Stephen Eustáquio (Vasco Sousa, 61′), Nico González (André Franco, 83′), Alan Varela, Gonçalo Borges (Pepê, 61′), Iván Jaime (Evanilson, 83′), Danny Namaso (Fran Navarro, 76′), Galeno

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Grujic, João Mário, David Carmo

Treinador: Vítor Bruno

Gil Vicente: Andrew, Zé Carlos, Gbane, Jonathan Buatu, Sandro Cruz, Maxime Dominguez (Josué, 75′), Fujimoto (Depú, 66′), Gbane, Touré (Mutombo, 75′), Aguirre (Sithole, 66′), Félix Correia (João Pinto, 90+2′)

Suplentes não utilizados: Brian, Diego Collado, Gui Beleza, Felipe

Treinador: Carlos Cunha

Golos: Galeno (gp, 30′), Iván Jaime (59′), Danny Namaso (gp, 70′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Sandro Cruz (55′ e 77′), a Josué (87′); cartão vermelho por acumulação a Sandro Cruz (77′)

E o futuro que já é presente até começou bem. Vítor Bruno estreou-se com uma reviravolta épica contra o Sporting, na Supertaça Cândido de Oliveira, mas rejeitava a “euforia” depois do troféu conquistado. “A semana foi preparada dentro daquilo que é a normalidade aqui dentro. Vai ser um jogo difícil. A semana foi totalmente canalizada para aquilo que é o Gil Vicente e a perceber aquilo que nos espera. A nossa equipa está mergulhada naquilo que é nosso, no treino, nos valores FC Porto. Temos de olhar para nós, para dentro, olhar para o jogo com as lentes certas para trilharmos o caminho que queremos e no final estarmos felizes. Queremos começar bem, dar alegria aos adeptos que encheram os estádio e nos vão empurrar. Temos o dever de retribuir dentro de campo”, explicou o treinador dos dragões.

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Assim, Vítor Bruno fazia poucas alterações em relação ao onze que surgiu perante o Sporting, na Supertaça, mas lançava Iván Jaime, que entrou muito bem contra os leões e acabou por marcar o golo decisivo. Martim Fernandes mantinha-se na direita da defesa, enquanto que Galeno aparecia na esquerda, enquanto uma espécie de lateral, sendo que Pepê e Evanilson já surgiam no banco. Do outro lado, depois da saída de Tozé Marreco e a contratação de Bruno Pinheiro, o interino Carlos Cunha colocava Félix Correia, Jorge Aguirre e Touré no trio ofensivo.

O jogo teve o primeiro momento alto logo ao minuto 3, quando o Dragão se levantou para homenagear Pepe, capitão que terminou a carreira esta quinta-feira. O FC Porto tinha o claro controlo das ocorrências, entre posse de bola e posicionamento no relvado, mas demorou a causar perigo e chegou mesmo ao fim do quarto de hora inicial sem qualquer remate realizado.

O primeiro lance de perigo surgiu já depois dos 20 minutos, quando Zé Carlos evitou o cabeceamento de Galeno ao segundo poste após cruzamento de Martim Fernandes na direita (22′), e o momento provou o que ia sendo evidente: o jovem lateral era o melhor elemento dos dragões, provocando muitos desequilíbrios no corredor no momento em que dava a largura a Gonçalo Borges e explorava espaços interiores.

Nico González ficou perto de inaugurar o marcador logo depois, com um cabeceamento por cima após cruzamento de Gonçalo Borges (23′), e Galeno rematou cruzado e por cima da baliza (24′) antes de o FC Porto conseguir mesmo marcar. Jonathan Buatu tocou com a mão na bola na área depois de um remate de Nico, Cláudio Pereira foi analisar as imagens do VAR e assinalou grande penalidade, com Galeno a converter e a assinar o primeiro golo dos dragões no Campeonato (30′).

Iván Jaime ainda poderia ter aumentado a vantagem logo depois, com um remate contra um adversário já na grande área (34′), mas já pouco aconteceu até ao intervalo. No fim da primeira parte, o FC Porto estava a vencer o Gil Vicente pela margem mínima e ia demonstrando pouca capacidade para capitalizar a fragilidade contrária, já que os gilistas se mostravam demasiado curtos e pobres para conseguirem chegar com perigo à baliza de Diogo Costa.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o Gil Vicente entrou melhor, com Maxime Dominguez a ter desde logo um remate rasteiro de fora de área que Diogo Costa encaixou (47′). Nico González teve uma boa oportunidade para aumentar a vantagem do FC Porto, com um remate ao lado numa situação em que estava praticamente sozinho (50′), mas o segundo golo dos dragões ficou adiado até surgir quem mais precisava dele.

À chegada à hora de jogo, depois de uma recuperação de bola em zona adiantada, Gonçalo Borges apareceu na esquerda e cruzou para a grande área, onde Iván Jaime apareceu a atirar para bater Andrew e voltar a marcar depois do golo decisivo na Supertaça (59′). Vítor Bruno mexeu logo depois, lançando Pepê e Vasco Sousa nos lugares de Gonçalo Borges e Stephen Eustáquio, e Carlos Cunha respondeu com Depú e Sithole.

O xeque-mate apareceu a cerca de 20 minutos do fim, quando Andrew fez falta sobre Nico na área do Gil Vicente e Danny Namaso, novamente de grande penalidade, aumentou a vantagem (70′). Vítor Bruno ainda tirou o avançado inglês para lançar Fran Navarro, que se reencontrou com a antiga equipa, e os gilistas terminaram mesmo a partida com menos um elemento depois da expulsão de Sandro Cruz, que viu dois cartões amarelos.

Já pouco aconteceu até ao fim e o FC Porto conseguiu mesmo arrancar o Campeonato da melhor maneira, com uma vitória clara e indiscutível contra o Gil Vicente no Dragão. E com mais um golo de Iván Jaime, o exilado que foi afastado por Sérgio Conceição na reta final da temporada passada e que parece ter voltado a casa para liderar a revolução de um clube que procura um futuro que já é presente.