Esta quarta-feira, em Varsóvia, jogava-se a Supertaça Europeia. Real Madrid e Atalanta discutiam o primeiro troféu internacional da temporada, depois de terem conquistado Liga dos Campeões e Liga Europa, e procuravam arrancar a época da melhor maneira. Ainda assim, para o resto do mundo, existia outro evento a acontecer esta quarta-feira em Varsóvia: a estreia de Kylian Mbappé pelos merengues.

Cerca de um mês depois de ser apresentado em pleno Santiago Bernabéu, o avançado francês era titular na Supertaça Europeia e cumpria os primeiros minutos enquanto jogador merengue — após anos de incerteza, de rumores e notícias, de pormenores infundados e a desilusão de 2021. Mas Carlo Ancelotti, fazendo uso da experiência que faz dele um dos treinadores mais bem sucedidos atualmente no ativo, apressou-se a esvaziar o mediatismo de Mbappé em comparação com o restante plantel.

Ficha de jogo

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Real Madrid-Atalanta, 2-0

Supertaça Europeia

Estádio Nacional Kazimierz Górski, em Varsóvia (Polónia)

Árbitro: Sandro Schärer (Suíça)

Real Madrid: Courtois, Dani Carvajal (Lucas Vázquez, 88′), Éder Militão, Rüdiger, Ferland Mendy, Tchouaméni, Fede Valverde, Jude Bellingham (Dani Ceballos, 88′), Rodrygo (Luka Modric, 76′), Kylian Mbappé (Brahim Díaz, 83′), Vinícius Júnior (Arda Güler, 88′)

Suplentes não utilizados: Lunin, Fran González, Jesús Vallejo, Jacobo Ramón, Fran García, Endrick

Treinador: Carlo Ancelotti

Atalanta: Juan Musso, Berat Djimsiti, Isak Hien (Marco Palestra, 90′), Kolasinac (Mitchel Bakker, 71′), Zappacosta (Ben Godfrey, 63′), Marten de Roon, Éderson, Matteo Ruggeri, Mario Pasalic (Alberto Manzoni, 90′), De Ketelaere (Mateo Retegui, 63′), Ademola Lookman

Suplentes não utilizados: Marco Carnesecchi, Francesco Rossi, Federico Cassa, Pietro Comi, Pietro Tornaghi, Giovanni Vavassori, Ibrahim Sulemana

Treinador: Gian Piero Gasperini

Golos: Fede Valverde (59′), Kylian Mbappé (68′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Éderson (9′), a Jude Bellingham (35′), a Vinícius (42′), a Djimsiti (64′)

“O Kylian chegou bem, como todos os outros que não tiveram muito tempo para treinar. Estamos bem. Ele também, chegou em boa forma, está a adaptar-se bem. Obviamente que todos os que aqui estão podem jogar. Treinou bem, está focado, mostrou uma qualidade extraordinária. Há uma atmosfera muito saudável no balneário. Não há príncipes nem reis, há jogadores com qualidades diferentes, jogadores que usam as suas qualidades para o bem da equipa”, disse o treinador italiano na antevisão da partida.

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Era neste contexto que o Real Madrid, já sem o reformado Toni Kroos e o lesionado Eduardo Camavinga, enfrentava a Atalanta. Mbappé juntava-se a Rodrygo e Vinícius, com Valverde e Bellingham a serem também titulares e Endrick a aparecer já no banco, e Gian Piero Gasperini apostava em Lookman, De Ketelaere e Pasalic nos italianos que no final de maio surpreenderam o Bayer Leverkusen na final da Liga Europa.

O jogo começou morno, com o Real Madrid a ter mais bola e a inserir-se muito no meio-campo adversário, mas a Atalanta demonstrava boa capacidade de estancar as investidas merengues e uma agressividade positiva que não permitia grandes espaços. Mbappé teve o primeiro lance de perigo à passagem do quarto de hora inicial, com um remate rasteiro que foi contra um adversário (15′), e Valverde ia mesmo sendo o elemento mais inconformado da equipa de Carlo Ancelotti, com vários lances de desequilíbrio a partir da direita.

A Atalanta respondeu à superioridade do Real Madrid a partir dos 20 minutos, subindo as linhas e aproveitando alguma incapacidade de Jude Bellingham na hora de ajudar nas dobras a Mendy na esquerda da defesa. Éder Militão ficou muito perto de fazer autogolo, ao desviar um cruzamento de De Roon em direção a trave da baliza de Courtois (25′), e Lookman desperdiçou uma jogada em que seguia isolado na sequência de um mau passe de Tchouaméni (35′).

O jogo foi decorrendo sem grandes pontos de interesse até ao intervalo, numa espécie de ritmo de partida de preparação de pré-época um bocadinho mais intenso, e a grande oportunidade da primeira parte surgiu já mesmo nos descontos, com Rodrygo a acertar na trave depois de ficar isolado na sequência de vários ressaltos na área (45+1′). Ao intervalo, porém, Real Madrid e Atalanta estavam ainda empatados sem golos na Supertaça Europeia.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo, mas depressa se percebeu que a atitude da segunda parte era outra. Mbappé conseguiu fazer o seu movimento-tipo logo nos instantes iniciais, arrancando na esquerda para depois puxar para dentro e rematar (47′), e Pasalic obrigou Courtois a uma enorme defesa logo depois, ao cabecear na sequência de um cruzamento de De Roon (48′).

Adivinhava-se o golo e o Real Madrid não permitiu que a sensação fosse apenas uma sensação durante muito tempo. À passagem da hora de jogo, Vinícius recebeu na área e descaído na esquerda e cruzou rasteiro para dentro, onde Valverde só preciso de encostar para a baliza deserta (59′). Gasperini reagiu com uma dupla substituição, lançando Retegui e Ben Godfrey, mas os merengues iam insistindo e poderiam ter dilatado a vantagem logo depois por intermédio de Vinícius (62′) e Bellingham (66′).

Até que conseguiu mesmo. Já dentro dos últimos 25 minutos de jogo, depois de um primeiro cruzamento inconsequente, Bellingham insistiu na esquerda e cruzou rasteiro para a área, onde Mbappé surgiu — depois de um movimento perfeito sem bola — a rematar de primeira para se estrear a marcar pelo Real Madrid (68′). Pouco depois, Carlo Ancelotti fez a primeira substituição e trocou Rodrygo por Luka Modric.

Já nada mudou até ao fim, com Mbappé, Vinícius, Bellingham e Carvajal a saírem até ao apito final, e o Real Madrid venceu a Atalanta e conquistou a Supertaça Europeia pela sexta vez, a quinta nas últimas 11 edições. Carlo Ancelotti lembrou que não existem reis nem príncipes nos merengues, mas é claro e notório que a era dos galácticos está de volta — e que a aura é Real.