O diretor do museu que acolhe a maior exposição da artista Joana Vasconcelos na Alemanha, Thorsten Sadowsky, admite que a mostra tem representado um “desafio logístico” que está a entusiasmar o público.

O Museu de Arte e História Cultural do Castelo de Gottorf exibe, até 03 de novembro, “Joana Vasconcelos. O Castelo das Valquírias”, a maior exposição individual, até hoje, das obras da artista portuguesa na Alemanha.

“A reação à nossa exposição tem sido muito positiva. O nosso público está extremamente entusiasmado e o ‘feedback’ dos ‘media’ tem sido muito bom e muito mais forte do que estamos habituados”, apontou o diretor Científico da Fundação dos Museus do Estado de Schleswig-Holstein Schloss Gottorf.

“O facto de uma artista com uma autoimagem decididamente feminista ser apresentada no Castelo de Gottorf também está a ser reconhecido. Isto nunca tinha acontecido aqui nesta forma. E Joana Vasconcelos teve uma atuação incrivelmente simpática e convincente na inauguração. Com esta exposição, Joana Vasconcelos conseguiu criar um castelo feminista, por assim dizer, e provou, mais uma vez, ser uma embaixadora da arte em Portugal”, acrescentou.

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Thorsten Sadowsky sublinhou o orgulho em poder oferecer uma exposição “com este destaque” no ano do 50.º aniversário da Revolução dos Cravos em Portugal.

“Recebemos muitos comentários entusiásticos e muitos convidados viajaram de longe para ver a exposição. A reputação internacional da artista garante que o esplendor barroco do Castelo de Gottorf seja revivido. A colaboração de Joana Vasconcelos com marcas de estilistas como Dior e Max Mara ou a loja de mobiliário Roche Bobois fascina um público interessado em arte e moda”, destacou.

A exposição “mostra as diversas facetas da obra artística de Vasconcelos”, cujo trabalho é “informado pela apreciação do artesanato tradicional português e das técnicas artesanais, que ela coloca em novos contextos, reinterpreta e apresenta ao mundo”.

O diretor do museu realçou ainda que têm surgido várias perguntas do público à artista.

“Como Joana Vasconcelos faz uma referência muito forte à herança cultural de Portugal no seu trabalho artístico, incluindo o passado colonial, surgem muitas questões no contexto do atual debate pós-colonial. Foram os portugueses que trouxeram o chá para a Europa e Catarina de Bragança que introduziu a cultura do chá na corte de Carlos II de Inglaterra. Ou ainda a tradição distintiva da joalharia de filigrana em Portugal, que também se inspirou em influências do Extremo Oriente”, exemplificou.

“As referências do trabalho da artista ao barroco e ao esplêndido estilo arquitetónico manuelino, com os seus diversos ornamentos marítimos, conduzem sempre a discussões interessantes com o público. A migração de formas, símbolos e ideias é um tema recorrente, assim como as muitas ligações entre Portugal e a Alemanha”, sustenta.

Para acompanhar a exposição, os visitantes podem contar com várias atividades paralelas. Além das tradicionais visitas guiadas, há concertos, leituras, noites de cinema e novas ofertas, como ioga no museu, um encontro de tricô e remendos.

No ateliê prático da exposição, os visitantes podem também conhecer o trabalho de Joana Vasconcelos, tocar em peças originais da Valquíria numa ‘estação de toque’, desenhar a sua própria Valquíria no âmbito de um concurso e fazer croché.

Thorsten Sadowsky realça a colaboração de confiança e eficaz que permitiu dar vida a uma exposição que esteve a ser planeada durante dois anos.

“A exposição constituiu um desafio logístico, uma vez que a complexidade e a dimensão das obras implicaram que a sua instalação exigisse um planeamento muito preciso e uma tecnologia de transporte especial, tendo sido necessário coordenar várias equipas. A equipa de instalação do ateliê da artista é muito profissional e experiente e trabalhou muito bem com a nossa equipa de instalação e outros parceiros durante cerca de duas semanas”, conclui.

“Joana Vasconcelos. O Castelo das Valquírias” pode ser visitada até 03 de novembro no Castelo de Gottorf.