O presidente da Câmara de Pinhel, no distrito da Guarda, pediu esta terça-feira a substituição da administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda por incapacidade de resolver os problemas e por pôr em causa a fixação de profissionais.

“A senhora ministra tem hoje a responsabilidade de mudar a administração da ULS que está em gestão há dois anos. É preciso que a senhora ministra assuma a responsabilidade e mude a gestão da ULS da Guarda. Caso não o faça, está a contribuir para um mau serviço ao distrito da Guarda”, apontou à agência Lusa o presidente da Câmara Municipal de Pinhel, Rui Ventura, eleito pelo PSD.

O autarca considerou que os atuais dirigentes não têm capacidade para resolver os problemas e com isso estão a colocar em causa a fixação de profissionais de saúde no Centro de Saúde de Pinhel e também no distrito da Guarda.

Na segunda-feira, a Câmara Municipal de Pinhel entregou dez ventoinhas no Centro de Saúde local para minimizar os efeitos do calor causados pela falta de climatização do edifício.

“Estamos a falar do arrefecimento e do aquecimento do edifício. Uma situação que põe em causa os utentes e a qualidade de trabalho dos que ali trabalham. Ainda na semana passada desmaiou uma médica e dois utentes”, denunciou Rui Ventura.

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No final de julho, a população manifestou-se à porta do Centro de Saúde de Pinhel e reivindicou à ULS da Guarda a realização de obras no edifício, denunciando a falta de condições para utentes e para profissionais de saúde.

“Entregámos dez ventoinhas, não é o ideal, mas a Câmara também não pode colocar a funcionar o ar condicionado. Emprestámos 10 ventoinhas para minimizar o problema que existe e que é da irresponsabilidade da ULS da Guarda”, salientou Rui Ventura à Lusa.

O autarca ressalvou que a Câmara Municipal não pode dar resposta ao problema porque o edifício não é da sua responsabilidade e acusou a ULS de dar “desculpas esfarrapadas” com o argumento de que está previsto um investimento de 600 mil euros no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“Temos conseguido atrair médicos e profissionais e hoje o que acontece é que as pessoas ficam reticentes em ir para Pinhel por tudo aquilo que são as dificuldades da capacidade do edifício para dar condições às pessoas que lá trabalham”, apontou.

Para Rui Ventura, a ULS tem de assumir responsabilidades, explicar porque é que desde 2012 o Centro de Pinhel não tem o problema da climatização resolvido, nem ar condicionado nem aquecimento.

“Isto é que a ULS tem de explicar. Se não tem capacidade para resolver isto, não tem capacidade para resolver nada”, sustentou o autarca de Pinhel.

No dia em que a população se manifestou, a ULS confirmou num comunicado enviado à Lusa o investimento ao abrigo do PRR “para a correção dos problemas” no Centro de Saúde de Pinhel e assegurou que “brevemente as obras” iriam arrancar.

A ULS dizia compreender que nesta altura todos os colaboradores e utentes estão sujeitos a maiores amplitudes térmicas e apelava “a um maior espírito de resiliência sabendo que brevemente as condições irão melhorar substancialmente”.

O Conselho de Administração da ULS, liderado por João Barranca, terminou o mandato em dezembro de 2022, mantendo-se em gestão sem que sejam ainda conhecidos os sucessores.

A ULS da Guarda inclui os hospitais da Guarda e de Seia e assegura os cuidados de saúde em 13 dos 14 concelhos do distrito da Guarda, num total de 140 mil habitantes.