A Feira do Livro do Porto, que arrancou esta sexta-feira, é uma “lufada de ar fresco” para o ano dos livreiros que confessam que sem eventos do género seria “muito complicado” manterem as portas abertas.

Com vistas para o rio Douro e rodeada pelos habituais animais que se passeiam nos Jardins do Palácio de Cristal, a 11ª edição daquela “festa dos livros” homenageia Eugénio de Andrade e promete 17 dias de conversas, sessões especiais de poesia e humor, concertos, cinema, atividades para toda a família e livros, muitos livros.

Por entre os 130 stands e as 115 editoras que se fazem ali representar, há de tudo, desde turistas e curiosos aos habituais ocupantes dos bancos à sombra que observam os patos, galinhas, galos, pintainhos, pavões e, claro, o rio Douro lá ao fundo, mas há sobretudo amantes de livros de todas as idades.

“É uma paixão que se apanha. Começa-se a ler e depois não se para”, confessou à Lusa Matilde Silva, 12 anos e com uma saca cheia de sonhos em forma de livros.

Outra confissão da jovem foi a predileção pelo livro físico: “Prefiro] em papel. Só o cheiro a livro já desperta algo”.

Para aquela jovem, que arrastou o pai para estas andanças e que explicou que ele “não tem opção”, a Feira do Livro é um sítio especial: “Adoro a Feira do Livro, é onde posso comprar livros que às vezes não encontro nas livrarias, bibliotecas municipais ou mesmo até no Continente”.

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Do lado de dentro dos stands, agradecem: “As pessoas vêm para comprar, para serem surpreendidas, outras vêm à procura de alguma coisa, também para passear, mas vêm essencialmente pelos livros e para irem para casa com livros”, descreveu à Lusa Cátia Monteiro, da livraria Flama.

“Está a correr muito bem, a Feira tem corrido sempre muito bem e acreditamos que este ano não será exceção. As pessoas sentem que este é um momento especial no ano”, disse.

Também o é para quem vende livros: “É um momento alto, a feira é fundamental para as livrarias, não tem comparação com o dia-a-dia da livraria em termos de público, de vendas, é uma outra dimensão”.

Paula Cantara, da Livraria Alfarrabista Varadero, concorda e considera que a Feira do Livro do Porto “é essencial” para quem tem livrarias: “É uma lufada de ar fresco, se não tivermos as feiras é muito complicado mantermos as livrarias abertas”.

Pelas bancas desta alfarrabista há de tudo, desde “livros mais corriqueiros”, a cinco ou sete euros, aqueles “mais especiais”, com destaque para edições autografadas pelo homenageado do evento, Eugénio de Andrade, e para “a joia” desta edição, um exemplar da primeira edição do Bâmbi, a 2.500 euros.

Se para quem compra e vende livros a Feira do Livro é “um momento”, também o é para quem os escreve, como é o caso de Rosa Santos, autora do livro infantil “A Poesia dança descalça”.

“Estes eventos fazem todo o sentido”, disse à Lusa.

Segundo esta autora, que é também professora, as crianças “aprendem a ler pelo exemplo. Muitos não leem em casa porque não têm livros, não criam esse hábito de ler e não desenvolvem a linguagem e a imaginação”.

E, disse, é por isso que “cada vez mais vale” escrever para crianças: “Elas precisam de ver livros que achem interessantes. Talvez seja preciso um apoio do Estado para ajudar a divulgação dos livros”.

Já agora, “a poesia dança descalça porque para sentir o mundo é preciso mesmo de andar descalços, tocar as coisas, conhecê-las e de tudo pode surgir poesia”.

A Feira do Livro do Porto está de portas abertas até dia 8 de setembro.